segunda-feira, 31 de março de 2008


Powerpoint
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Preparação de Aulas

Ontem foi dia de deixar verdadeiramente escandalizada a minha sogra, que foi professora em tempos que já lá vão, por causa da minha preparação de aulas.
E passo a explicar.
Ontem à tarde fui trabalhar para casa dela, enquanto lhe fazia (pouca) companhia, numa apresentação em powerpoint de que precisarei não tarda muito. Levava já todas as imagens digitalizadas numa pen-drive e a apresentação já alinhavada.
Iniciei o trabalho às 16:30 e larguei-o, sem interrupções, já passava das 20:00. E estou longe de ter a apresentação terminada que me vai dar para leccionar apenas uma aula de 90 minutos.
A minha sogra, que já me tem ouvido falar das apresentações que faço para as minhas aulas, ainda me foi perguntando já escandalizada "Como consegue estar tanto tempo seguido sentada? Tanto tempo para preparar uma aula?"
A verdade verdadinha é que nunca lhe passou pela cabeça que isto fosse assim. Mas é.
Fiz-lhe ver que o trabalho já ia adiantado quando me sentei. Fiz-lhe ver que o trabalho não está ainda terminado. Fiz-lhe ver que a minha velocidade a elaborar apresentações hoje em dia é muito superior à velocidade inicial de quando iniciei este trabalho de preparação das aulas desde o 7º ano de escolaridade ao 9º utilizando esta ferramenta de que gosto particularmente.
E foi assim que deixei a minha sogra verdadeiramente escandalizada com o tempo gasto na preparação duma mísera aula de 90 minutos.
"No tempo em que eu era professora não era nada disto".
Pois não.
E ainda vou ter de elaborar planos aula a aula?
E se não me chegar o tempo para preparar a aula propriamente dita? Chego à aula e dou aos meus alunos o Plano?
Dou-lhes o Plano?!

Nota - Durante a elaboração da próxima apresentação em powerpoint contabilizarei o tempo, imenso, que dura a realização da mesma e aqui darei conta do facto neste blogue.
Para que eu saiba.
Para que se saiba.


Pedido de Desculpa

Este anúncio, publicado no Jornal Público de 9 de Setembro de 2005, reza assim:

"Rogério Guimarães, cidadão eleitor nº..., da unidade de recenseamento de Caldas da Rainha, vem por este meio pedir desculpa a todos os democratas por ter contribuido com o seu voto para a eleição deste governo.

E a mim só me resta acrescentar...até eu pediria... se...
Educação Exemplar

Hoje recordei-me deste vídeo que já vi há muito no youtube e que, à época, decidi não colocar aqui no blogue devido à sua péssima qualidade de imagem e som.
Hoje decidi o contrário. Apesar da péssima qualidade do dito aqui o deixo como exemplo exemplar do que é ser uma verdadeira Ministra da Educação digna desse nome.
Sempre nos sai cada uma!!!!!

domingo, 30 de março de 2008

Avaliação dos Alunos


"Charco Sócrates" - Sahara - Marrocos
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Sócrates afinal também tem sentimentos!!!!!

E não é que tem mesmo????!!!!
E não é que eu vi com estes meus olhinhos, que graças aos óculos vêem bem, um Sócrates abandonar-se ao sentimento durante a entrega de um computador???!!!!
E não é que ele é capaz de se comover????!!!!
E não é que ele é uma pessoa "normal"???!!!!
Com um computador nas mãos chiuf...chiuf...chiuf... ai, ai, ai que eu vou verter uma lagrimita!!! Ai, ai, ai que eu não vou conseguir segurar-me!!!
Agarrem-me, ai que eu choro... chiuf...chiuf...chiuf... agarrem-me, ai que eu choro!!!!!

Arregaça as calças, Anabela Maria... arregaça as calças e tem cuidado com os "charcos".

Maldosa que estou só fiquei a pensar se não terá sido instrução do Paixão Martins... mas naaaaãoooo... decerto que não... aquela lagrimita pareceu-me tão verdadeira!!!!!
Aquela lagrimita pareceu-me tão verdadeira!!!!!!

Nota - Soube agora que o choro em banda desenhada se expressa por sniff. Como não gosto da palavra sniff por se poder confundir com outra coisa, como isto não é banda desenhada, e como estamos na sociedade das liberdades individuais (?), ficará mesmo chiuf.









Mercearia - Mustafá - Ouarzazate - Marrocos
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Mustafá

Conheço o Mustafá e a sua pequena mercearia há um bom par de anos. Pelo menos desde que necessitei de especiarias e produtos diversos para a Feira Medieval, organizada pelo grupo de História da E. B. 2/3 de Amarante, e lhe comprei especiarias a rodos, deixando-o verdadeiramente estupefacto e divertido com a situação.
Pois o Mustafá, passados todos estes anos, continua à frente dos destinos da sua pequena loja, que vende de tudo um pouco, e que é uma das lojas mais concorridas do género, de toda a Ouarzazate.
Desta vez não foi diferente e a clientela é mais do que muita.
Aguardo calmamente a minha vez de ser atendida enquanto o Mustafá me vai deitando olhares e sorrisos cúmplices. Pergunta-me pela familia, se está tudo bem com os amigos que me costumam acompanhar nestas andanças e sorri, sorri muito, de forma tímida e discreta.
E lá me atende, coisa pouca desta vez - canela em pó, canela em pau, hena para o cabelo das amigas que querem tapar as brancas com produtos de origem natural, açafrão...
Tratei mais uma vez de fotografar o interior desta mercearia que me continua a deixar fascinada. São sacos e sacos, perfeitamente alinhados e multicolores, que guardam pimenta verde, branca e preta, canela em pau e em pó, cominhos, cravinho-da-Índia, noz-moscada, gengibre, coríntias, café em grão, açafrão e outros produtos afins, alguns, confesso, completamente desconhecidos para mim.
Aproveito para encher o olhar, para reter os cheiros misturados de todos aqueles produtos que me enchem os olhos e me aquecem a alma.
Bons estes reencontros em terras distantes.
Obrigada, Mustafá.
A geração do ecrã

Alice Vieira , Escritora

Desculpem se trago hoje à baila a história da professora agredida pela aluna, numa escola do Porto, um caso de que já toda a gente falou, mas estive longe da civilização por uns dias e, diante de tudo o que agora vi e ouvi (sim, também vi o vídeo), palavra que a única coisa que acho verdadeiramente espantosa é o espanto das pessoas.
Só quem não tem entrado numa escola nestes últimos anos, só quem não contacta com gente desta idade, só quem não anda nas ruas nem nos transportes públicos, só quem nunca viu os "Morangos com açúcar", só quem tem andado completamente cego (e surdo) de todo é que pode ter ficado surpreendido.
Se isto fosse o caso isolado de uma aluna que tivesse ultrapassado todos os limites e agredido uma professora pelo mais fútil dos motivos - bem estaríamos nós! Haveria um culpado, haveria um castigo, e o caso arrumava-se.
Mas casos destes existem pelas escolas do país inteiro. (Só mesmo a sr.ª ministra - que não entra numa escola sem avisar…- é que tem coragem de afirmar que não existe violência nas escolas…) Este caso só é mais importante do que outros porque apareceu em vídeo, e foi levado à televisão, e agora sim, agora sabemos finalmente que a violência existe!
O pior é que isto não tem apenas a ver com uma aluna, ou com uma professora, ou com uma escola, ou com um estrato social.Isto tem a ver com qualquer coisa de muito mais profundo e muito mais assustador. Isto tem a ver com a espécie de geração que estamos a criar.
Há anos que as nossas crianças não são educadas por pessoas. Há anos que as nossas crianças são educadas por ecrãs.E o vidro não cria empatia. A empatia só se cria se, diante dos nossos olhos, tivermos outros olhos, se tivermos um rosto humano.
E por isso as nossas crianças crescem sem emoções, crescem frias por dentro, sem um olhar para os outros que as rodeiam.
Durante anos, foram criadas na ilusão de que tudo lhes era permitido.
Durante anos, foram criadas na ilusão de que a vida era uma longa avenida de prazer, sem regras, sem leis, e que nada, absolutamente nada, dava trabalho.
E durante anos os pais e os professores foram deixando que isto acontecesse.
A aluna que agrediu esta professora (e onde estavam as auxiliares-não-sei-de-quê, que dantes se chamavam contínuas, que não deram por aquela barulheira e nem sequer se lembraram de abrir a porta da sala para ver o que se passava?) é a mesma que empurra um velho no autocarro, ou o insulta com palavrões de carroceiro (que me perdoem os carroceiros), ou espeta um gelado na cara de uma (outra) professora, e muitas outras coisas igualmente verdadeiras que se passam todos os dias.
A escola, hoje, serve para tudo menos para estudar.
A casa, hoje, serve para tudo menos para dar (as mínimas) noções de comportamento.
E eles vão continuando a viver, desumanizados, diante de um ecrã.
E nós deixamos.

sábado, 29 de março de 2008

Nem Anjos Inocentes, nem Geração Rasca

João Miguel Tavares Jornalista

Há um ano estava no centro comercial Colombo e a minha filha mais velha desatou numa gritaria desalmada, já nem sei porquê, uma daquelas birras olímpicas que antes de termos os nossos filhos acreditamos ingenuamente que só acontecem aos filhos (mal-educados) dos outros. Tentei fazer como os árbitros de futebol: isolar o jogador para o punir disciplinarmente. Puxei-a para um canto, encostei-a à parede e tentei acalmá-la. Só que ela continuava a espernear e a gritar pela mãe, como se eu fosse o Jack Bauer em plena sessão de tortura, procurando saber a todo o custo onde estava a ogiva nuclear. Então, uma senhora dos seus 60 anos aproximou-se esbaforida, a berrar "você é mau pai, você é mau pai", dizendo-me para largar a criancinha e deixá-la ir ter com a mãe, senão chamava a polícia. A sério.Entre pôr uma criança a trabalhar no campo aos seis anos e estar publicamente impedido de lhe estancar uma birra, é capaz de haver um meio-termo. E no entanto, cada vez parece mais difícil encontrá-lo. Veja-se o inacreditável vídeo do liceu do Porto. Tudo aquilo é impensável, claro, mas antes de voltarmos à velha conversa da geração rasca e às visões apocalípticas do mundo convém ver o que aquilo é: o registo de uma birra sem limites, aparentemente parecida com a da minha filha no Colombo. A diferença - e é uma grande diferença - é que na altura a minha filha tinha três anos. E a rapariga loucamente apaixonada pelo seu telemóvel tem 15. O problema da falta de autoridade dos professores é uma realidade preocupante, ninguém duvida disso, mas é em casa daquela miúda e na educação dos nossos filhos que em primeiro lugar devemos procurar as causas do seu comportamento.Doses cavalares de mimo, desaparecimentos de Maddies e problemas de consciência de pais ausentes compõem uma fórmula de tal forma explosiva que as criancinhas se transformam em flores de jarra às quais parece mal tocar até com um dedo. O meu pai contou-me no outro dia que em miúdo levou um tabefe porque ao cumprimentar um adulto o tratou por "você" em vez de "senhor". Não é a este tempo que queremos voltar. Mas é preciso encontrar o equilíbrio entre distribuir sopapos por faltas de cortesia e não poder puxar uma criança para um canto sem se ser ameaçado com a polícia. Já é hora de acabar com o mito do bom rebelde. As crianças não são seres angélicos que o mundo corrompe. São bicharocos nem sempre encantadores, muitas vezes cruéis, que têm de ser educados para a vida e para se comportarem devidamente em sociedade. Alguém se esqueceu de fazer esse trabalho com aquela miúda do Porto, dez anos atrás. Tão simples - ou tão complicado - quanto isso
Valores de Importação

Baptista-Bastos
escritor e jornalista
b.bastos@netcabo.pt

Parece que o vídeo da zaragata ocorrida entre uma aluna e uma professora do Liceu Carolina Michaëlis de Vasconcelos, no Porto, sobressaltou as serenas consciências e permitiu uma resoluta série de opiniões. Putativos culpados: a aluna, a professora, a escola, a ministra - e os pais. Não me atrevo a juízos definitivos. A vigilância hierarquizada, assim como a punição pelo método da pirâmide, correspondem, em última análise, a insidiosas extensões dos mecanismos de poder. O que está em causa, modestamente o creio, é a questão do "sistema", não as debilidades do "regime". Este possui os desvios e as turbulências comuns às suas estruturas e instituições. Aquele nunca cedeu ao seu radical objectivo. A verdade é que, um pouco por todo o mundo, a violência nos estabelecimentos de ensino é um dado adquirido. Os estudantes do Maio de 68 exigiam "Tudo, já!", e invocavam ser a última das gerações marcadas pela injustiça. Sacolejaram a velha doutrina. O festim durou um instante. E os seus líderes deram no que deram, com especial relevo para a teatralidade pungente de Cohn-Bendit. O mal-estar persiste porque se alterou alguma coisa a fim de tudo ficar na mesma. A fórmula de Lampedusa aplica-se, também, às situações a que temos assistido. Não há ausência de valores. Há, isso sim, outros valores de rápida importação, sobre os quais nenhuma reflexão tem sido feita. A nova ordem económica mundial modificou, substancialmente, o articulado no qual se estatuiu, durante décadas, a nossa existência comum. Tudo se tornou precário, instável e inquietante. Destruiu-se comportamentos consolidados, disposições familiares de séculos, mecanismos que garantiam equilíbrios sociais. No fundo, a "organização" não passava de uma dissimulada sanção normalizadora ou, se o quiserem, punitiva, por opressora. Acusam-se os pais e os professores de desatenção, negligência, falta de zelo; os alunos, de desobediência, insolência, má educação. E reclama-se a velha "autoridade". As fracções mais ténues de conduta não são analisadas à luz das novas regras - nas quais o "mercado" e a inobservância dos laços solidários desempenham poderosos papéis.Em todos os sectores funcionam aparelhos penais, num espaço que as sociedades deixaram vazio, por não esclarecerem a dimensão das novas regras. E estas foram estabelecidas pelo capitalismo moderno, rude e desenfreado por inexistência de alternativa credível.Vivemos num tempo evolutivo. A escola, a Igreja, a justiça, o amor, o conceito de família, a noção de comunidade, tal como no-lo foram inculcados, são sacudidos porque emergiram outras modalidades de poder. O caso do liceu do Porto é um dos sinais do tempo. Nem mais nem menos graves do que outros.
Excitações de Walter Lemos

RETRATO DA SEMANA
Um naco de prosa
Por António Barreto - Público

PARECE QUE A EDUCAÇÃO está em reforma.
Sempre esteve, aliás.
Vinte e tal ministros da educação e quase cem secretários de Estado, em pouco mais de trinta anos, estão aí para mostrar o enorme esforço despendido no sector.
Uma muito elevada percentagem do produto nacional é entregue ao departamento governamental responsável.
Este incansável ministério zela por nós, está atento aos menores sinais de mudança ou de necessidade, corrige infatigavelmente as regras e as normas.
Neste 5 de Outubro, dia da República, o Chefe de Estado e o presidente da Câmara de Lisboa não se esqueceram de considerar a educação a mais alta prioridade e a principal causa do nosso atraso.
Nesse mesmo dia, mão amiga fez-me chegar o último exemplo do esforço reformador que anima os nossos dirigentes.
Com a devida vénia ao signatário, o secretário de Estado Valter Lemos, transcrevo o seu despacho normativo, cuja leitura em voz alta recomendo vivamente:


O Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março, rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 44/2004, de 25 de Maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 24/2006, de 6 de Fevereiro, rectificado pela Declaração de Rectificação nº 23/2006, de 7 de Abril, e pelo Decreto-Lei n.º 272/2007, de 26 de Julho, assenta num princípio estruturante que se traduz na flexibilidade de escolha do percurso formativo do aluno e que se consubstancia na possibilidade de organizar de forma diversificada o percurso individual de formação em cada curso e na possibilidade de o aluno reorientar o próprio trajecto formativo entre os diferentes cursos de nível secundário.
Assim, o Despacho n.º 14387/2004 (2.ª Série), de 20 de Julho, veio estabelecer um conjunto de orientações sobre o processo de reorientação do percurso escolar do aluno, visando a mudança de curso entre os cursos criados ao abrigo do Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março, mediante recurso ao regime de permeabilidade ou ao regime de equivalência entre as disciplinas que integram os planos de estudos do curso de origem e as do curso de destino, prevendo que a atribuição de equivalências seria, posteriormente, objecto de regulamentação de acordo com tabela a aprovar por despacho ministerial.
Neste sentido, o Despacho n.º 22796/2005 (2.ª Série), de 4 de Novembro, veio concretizar a atribuição de equivalências entre disciplinas dos cursos científico-humanísticos, tecnológicos e artísticos especializados no domínio das artes visuais e dos audiovisuais, do ensino secundário em regime diurno, através da tabela constante do anexo a esse diploma, não tendo, no entanto, abrangido os restantes cursos criados ao abrigo do Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março.
A existência de constrangimentos na operacionalização do regime de permeabilidade estabelecido pelo Despacho n.º 14387/2004 (2.ª Série), de 20 de Julho, bem como os ajustamentos de natureza curricular efectuados nos cursos científico-humanísticos criados ao abrigo do Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março, implicaram a necessidade de se proceder ao reajuste do processo de reorientação do percurso escolar do aluno no âmbito dos cursos criados ao abrigo do mencionado Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março.
Desta forma, o presente diploma regulamenta o processo de reorientação do percurso formativo dos alunos entre os cursos científico-humanísticos, tecnológicos, artísticos especializados no domínio das artes visuais e dos audiovisuais, incluindo os do ensino recorrente, profissionais e ainda os cursos de educação e formação, quer os cursos conferentes de uma certificação de nível secundário de educação quer os que actualmente constituem uma via de acesso aos primeiros, criados ao abrigo do Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março, rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 44/2004, de 25 de Maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 24/2006, de 6 de Fevereiro, rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 23/2006, de 7 de Abril, e pelo Decreto-Lei n.º 272/2007, de 26 de Julho, e regulamentados, respectivamente, pelas Portarias n.º 550-D/2004, de 22 de Maio, alterada pela Portaria n.º 259/2006, de 14 de Março, n.º 550-A/2004, de 21 de Maio, com as alterações introduzidas pela Portaria n.º 260/2006, de 14 de Março, n.º 550-B/2004, de 21 de Maio, com as alterações introduzidas pela Portaria n.º 780/2006, de 9 de Agosto, n.º 550-E/2004, de 21 de Maio, com as alterações introduzidas pela Portaria n.º 781/2006, de 9 de Agosto, n.º 550-C/2004, de 21 de Maio, com as alterações introduzidas pela Portaria n.º 797/2006, de 10 de Agosto, e pelo Despacho Conjunto n.º 453/2004, de 27 de Julho, rectificado pela Rectificação n.º 1673/2004, de 7 de Setembro.
Assim, nos termos da alínea c) do artigo 4.º e do artigo 9.º do Decreto-Lei n.º 74/2004, de 26 de Março, rectificado pela Declaração de Rectificação n.º 44/2004, de 25 de Maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 24/2006, de 6 de Fevereiro, rectificado pela Declaração de Rectificação nº 23/2006, de 7 de Abril, e pelo Decreto-Lei n.º 272/2007, de 26 de Julho, determino:
...

O que se segue é indiferente.
São onze páginas do mesmo teor.
Uma linguagem obscura e burocrática, ao serviço da megalomania centralizadora.
Uma obsessão normativa e regulamentadora, na origem de um afã legislativo doentio.
Notem-se as correcções, alterações e rectificações sucessivas.
Medite-se na forma mental, na ideologia e no pensamento que inspiram este despacho.
Será fácil compreender as razões pelas quais chegámos onde chegámos.
E também por que, assim, nunca sairemos de onde estamos.
Batemos no fundo

À letra, José Leite, Pereira, Director

Governantes, pais e professores saem muito mal do 'filme' da sala de aula do Carolina Michaelis. Um a aluna aos gritos, batendo na professora e tratando-a a por tu, uma turma inteira satisfeita e gozando com a desordem e com a incapacidade da professora - 'a velha' - , tudo isto é um retrato mau do estado a que deixamos chegar a situação. Os pais acomodam-se com o recibo da propina que pagam à escola, como se a sua responsabilidade acabasse aí. Os filhos são entregues à escola, onde entram e saem com ligeiras e rápidas passagens por casa, para comer e dormir. Casas onde não se discute problema nenhum e nada se questiona. Casas onde muitas vezes nem tempo há para se falar, conversar. Nas escolas, as regras são o que se sabe. Seriam assim tão maus os tempos em que os alunos se levantavam quando o professor entrava na sala? Seria assim tão penoso o silêncio que se fazia enquanto o professor falava? Seria assim tão pouco natural que um aluno fosse posto fora da aula se estivesse a perturbar os colegas e o professor? Seria assim tão fora do senso comum que um estudante que não tivesse aproveitamento fosse obrigado a repetir o ano? Porque mudaram as leis, porque deixámos as coisas cair neste 'deixa andar'? O 25 de Abril, que nos trouxe a liberdade, levou, nos tempos revolucionários, regras que eram boas mas que voaram com o lixo fascista. Os tempos revolucionários passaram, vieram tempos democráticos, ministros de todos os partidos e o edifício escolar nunca se compôs, nunca foi capaz de responder aos desafios da democracia. O filme vergonhoso do Carolina, que infelizmente não é nem caso isolado nem o mais grave, deve encher-nos a todos de tristeza. Pura e simplesmente somos uma sociedade que não sabe educar os seus filhos, que não tem nem valores nem referências para lhes dar. Batemos no fundo. E enquanto não conseguirmos restaurar a autoridade na escola, não sairemos da cepa torta.

Louçã vs Sócrates

A avaliação na Finlândia

Artigo de Paula Rauhala - Representante da Left Alliance no Conselho de Educação da Cidade de Helsínquia, Finlândia.

28-Mar-2008

Os directores das escolas são responsáveis pela avaliação da atmosfera de trabalho e aprendizagem nas escolas, avaliando-se colectivamente o trabalho dos professores no seu contributo para a "performance" da escola. A avaliação, sendo global, não atribui notas individuais aos professores. Por isso, a avaliação não afecta directamente os salários dos professores, dado que estes são pagos de acordo com os seus anos de trabalho.
Na Finlândia, a responsabilidade da avaliação do sistema educativo cabe aos municípios e aos directores de cada escola. Os municípios são responsáveis pela organização da educação básica na Finlândia, pela avaliação interna das escolas, e pela organização da avaliação externa, ao nível da OCDE e dos resultados do PISA. Os resultados da avaliação interna e externa são públicos, excepto os resultados individuais dos alunos.
Os directores das escolas são responsáveis pela avaliação da atmosfera de trabalho e aprendizagem nas escolas, avaliando-se colectivamente o trabalho dos professores no seu contributo para a "performance" da escola. A avaliação, sendo global, não atribui notas individuais aos professores. Por isso, a avaliação não afecta directamente os salários dos professores, dado que estes são pagos de acordo com os seus anos de trabalho. A avaliação serve essencialmente para desenvolver o ambiente de trabalho, de aprendizagem, e de cooperação, na escola. Quando estes factores progridem positivamente a escola pode receber verbas extraordinárias. O que significa que, obviamente, o director da escola, bem como todos os colegas, se interessam pelo desempenho de cada professor.
Os professores têm a responsabilidade e a liberdade para planear as aulas, escolhendo os seus próprios métodos, sempre a partir do projecto educativo da escola e do currículo nacional. A avaliação dos professores é baseada na auto-avaliação e no feedback. Os professores obtêm a informação para desenvolverem a sua auto-avaliação a partir dos alunos, dos seus pares, dos pais, do director da escola, e das inspecções municipais, nacionais e internacionais. A formação contínua é essencial para melhorar o desempenho profissional. A comunicação e a cooperação com os outros professores é igualmente essencial no processo de auto-avaliação.

Nota da autora:
A base do sistema de educação da Finlândia, a escola inclusiva (comprehensive school), foi criada nos anos 60. Foi uma criação da esquerda política, que teve a oposição dos partidos da direita. A Escola inclusiva corresponde à educação básica que dura nove anos (dos 7 aos 16 anos), para todas as crianças que vivem na Finlândia. A Escola inclusiva é totalmente gratuita: materiais diácticos, refeições, professores especiais e de recuperação, e cuidados médicos, tudo gratuito. Na Escola inclusiva não existem mecanismos de selecção. Todos os alunos aprendem em conjunto os mesmos conteúdos, independentemente do seu sucesso escolar. Não existem turmas de nível. Não existem exames de admissão ou outros requisitos, cada criança frequenta a escola mais próxima da sua residência. 99% dos alunos chega ao ensino secundário.

sexta-feira, 28 de março de 2008


Fronteira - Sahara - Marrocos
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Fronteira

Desta vez o guardia civil que nos inspeccionou à entrada da União Europeia ficou curioso com os nossos passaportes - Marrocos, milhentas entradas, Jordânia, Tunísia, Mauritânia, Líbia, um visto por utilizar para o Mali...olhou e voltou a olhar, folheou e voltou a folhear investigando tudo com muito cuidado... de repente fez-se luz naquela cara intrigada... "Ao disierto?" Si, respondi eu. Sim, de facto, sempre à procura da calmaria, do silêncio, da beleza espampanante do deserto.
Até logo Sahara.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Ordem de Marcha

Recebi hoje mesmo a minha ordem de marcha, que me levara a casa, impreterivelmente a tempo de participar, como dadora, na recolha de sangue que se realizara na escola E. B. 2/3 de Amarante, no proximo dia 29 de Março. Como habitualmente, terei assim oportunidade de praticar aquilo a que eu chamo de "Solidariedade para com Desconhecidos". Porque solidariedade é preciso. Até para com desconhecidos!

Nota - Os meus problemas com os acentos continuam por resolver. Nao faz mal, faz de conta que estou num teclado arabe!
E afinal em que ficamos?

Educação

BE questiona Ministério sobre eventuais processos disciplinares a professores
A deputada do Bloco de Esquerda (BE) Ana Drago questionou hoje o Ministério da Educação sobre se admite vir a abrir processos disciplinares aos professores com funções de coordenação que não fizerem a avaliação de desempenho.
Numa pergunta escrita entregue na Assembleia da República, Ana Drago argumenta com as declarações contraditórias entre o secretário de Estado da Educação, Jorge Pedreira, sobre as «soluções flexíveis» na avaliação e a ministra Maria de Lurdes Rodrigues que recusou que uma escola «possa decidir não fazer a avaliação».
A deputada bloquista cita ainda um decreto regulamentar - decreto 2/2008 - ao determinar que «a não aplicação do sistema de avaliação de desempenho do pessoal docente por razões imputáveis aos avaliadores determina a cessação das respectivas funções, sem prejuízo de eventual procedimento disciplinar».
Face às sucessivas notícias, nos últimos dias, de escolas que decidiram suspender ou adiar a avaliação durante, Ana Drago questiona o que pretende fazer o ministério.
A parlamentar do BE quer saber se a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, dá garantias de que «nenhum professor será afastado das suas funções ou será alvo de um processo disciplinar pelo facto de a escola ter decidido suspender ou adiar a aplicação do modelo de avaliação».
A contestação à avaliação e ao Estatuto da Carreira Docente, aprovada pelo Governo, juntou cerca de 100 mil professores numa manifestação, em Lisboa, a 8 de Março, e em que foi exigida a demissão de Maria de Lurdes Rodrigues.
Lusa / SOL

terça-feira, 25 de março de 2008


Bicharada - Sahara - Marrocos
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Importa-se de repetir? I

Esticadinha ao sol, a ler a Visao da passada semana, deparei-me com uma pérola do pensamento democratico socialista à moda de Portugal. De Portugal dos Pequeninos, bem entendido! Com que entao o nosso Ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, sobre as criticas de Manuel Alegre, saiu-se com mais esta pérola de pensamento "So fazem falta os que estao de acordo."
Ora uma afirmaçao deste calibre poe uma pessoa a pensar... decerto tenho andado equivocada estes anos todos. Decerto tenho incorrido em lacunas graves junto dos meus alunos, a quem estimulo o espirito critico constantemente com pedidos de critica sobre o meu proprio trabalho e pedidos de sugestoes para melhorar ainda mais as minhas aulas! Decerto tenho incorrido em lacunas graves quando os alerto para a importancia da critica construtiva! Decerto tenho de fazer Mea Culpa, Mea Culpa... Decerto tenho de inverter a marcha, agora que se aproxima a passos largos a avaliaçao de desempenho do pessoal docente... decerto tenho vivido num pais imaginario...
Sera?
Importa-se de repetir?

Nota - Faz de conta que continuo nestes teclados malucos, sem acesso a acentos importantissimos sem os quais o texto sai de um modo perfeitamente esquisito!

domingo, 23 de março de 2008





Hammam - Ouarzazate e Essaouira - Marrocos
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Hammam

Hoje foi dia de entrar num hammam. Pela segunda vez na minha vida, entrei num hammam, num pais arabe.
Ja aqui afirmei por diversas vezes que nao sou muito dada a mordomias de saunas, massagens e afins... mas que diabo, em Roma sê romano! Habitual nos paises arabes, onde homens e mulheres o frequentam a torto e a direito, o hammam ainda é considerado um luxo nos nossos paises ocidentais "civilizados". Mas hoje eu estava mesmo a precisar de um tratamento relaxante como este, para continuar a expurgar de cima da minha pele o lado negro da Educaçao em Portugal. Vai dai fui ao hammam, do hotel Mercure, de Ouarzazate, um sitio lindo em marmore e tadelakt vermelho, cobertinho de vapor, onde me entreguei nas maos de uma berbere que me esfoliou, e a seguir me massajou, literalmente, da ponta dos cabelos à ponta dos dedos dos pés.
Ah, vida boa. Quase adormeci, de tao relaxante que foi. Pelo meio ainda me lembrei do meu amigo Renato e da ultima conversinha que, curiosamente, versou esta tematica de massagens, saunas, tratamentos de beleza e outras coisas que tal.
Aposto que ele teria adorado entregar-se nas maos daquela berbere!

sábado, 22 de março de 2008


Arrebatado - Sahara - Marrocos
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Arrebatado

E aqui vos deixo um outro texto, belíssimo, do meu aluno que decidiu quase sair do anonimato com o pseudonimo de Maracuja. Beijos grandes para este fruto delicioso.

O dia aproximava-se... E ali estava eu com ela... Envolvido pelo verde dos seus olhos, preso no loiro do seu cabelo, dependente do seu discurso, preso no tempo... Era um prisioneiro conformado. A imensidão do universo rodopiava à minha volta... Estavamos num mundo à parte...O tempo que estivemos juntos não pode ser contado... Apenas recordado... Os tempos imemoriais estavam perto e a alegria rondava-nos... A conversa estava viva e era nossa... De mais ninguém...Tudo estava bem... O fogo da vida estava vivo, aceso como nunca, de um laranja forte e pragmático... A noite era nossa... Conheci a sua alma e pensamento e eram os meus... Tocávamos na mesma tonalidade e a dança que daí advinha era bela, arrojada e divertida, uma dança de Primavera em que a fogueira era rei e todos os outros apenas os seus súbditos...Eu estava feliz...

Para a AA ou Tweety

Maracujá

Exercícios de Respiração - Faz de Conta












Faz de Conta - Marrocos
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Exercicios de Respiraçao - Faz de Conta

Faz de conta que ontem apanhei neve a rodos no Alto Atlas.
Faz de conta que pelo caminho apanhei 0 graus e um nevao.
Faz de conta que hoje estou ao sol, no sopé da grande duna de Merzouga a escrever este post.
Faz de conta que o grande lago de Merzouga esta espampanante, cheio de ervas tenrinhas onde pastam dromedarios loucos, onde nadam flamingos, patos bravos, garças e outros passaros que tais.
Faz de conta que o exercicio matinal deste escorpiao foi subir 152 metros de duna quase a pique, quase de gatas.
Faz de conta que cheguei la acima passado uma hora, estafada, e que me senti no topo do mundo.
Faz de conta que me sentei e olhei em redor e iniciei os meus exercicios de respiraçao.
Faz de conta que inspirei e aspirei o ar quente, caloroso, perfumado, hoje humido, do deserto.
Faz de conta que expirei o lado negro da Educaçao em Portugal.
Faz de conta que repeti o exercicio, vezes sem conta, em silencio, e que o repeti até me sentir em paz.
Faz de conta que continuo num teclado arabe.
E faz de conta que isto é uma grandessissima confusao.
Anabela Maria... sossega.

quinta-feira, 20 de março de 2008



Luto Interrompido - Chefchaouen - Marrocos
Fotografias de Artur Matias de Magalhães

Luto Interrompido

Interrompi o luto. Já nao aguentava mais depois de uma semana inteirinha de preto vestida até aos interiores.
O Renato com o seu sentido de humor de sempre comentou comigo no café "As professoras portuguesas nunca se vestiram tao bem". Concordei. E concordo. De facto o preto é uma cor muito discreta e é uma das minhas preferidas a par do azul e do branco em seus multiplos cambiantes. O preto é mesmo aquela cor sobre a qual digo muitas vezes "Com preto nunca me comprometo".
Mas o problema nao esta na cor em si e per si. O problema esta no luto em que mergulhamos interiormente e inteiramente associado a um descontentamento e desilusao crescentes.
Sim a avaliaçao de desempenho era necessaria e é necessaria desde que justa e exequivel. Coisa que esta avaliaçao nao é. Esta cheia de escolhos desde a nascença e é praticamente um nado morto nesta altura do campeonato em que para o ministério tudo vale. Avaliaçao a sério; a brincar; faz de conta que ha avaliaçao desde que se possa dizer que os professores foram avaliados. Nao gosto destes jogos de faz de conta. Faz de conta que os melhores ascenderam à titularidade. Faz de conta que as escolas tem todas "as condiçoes de conforto" para procederem à avaliaçao de professores. Faz de conta que o processo nasceu todo direitinho desde o inicio. Faz de conta que estamos no inicio de um ano lectivo. Faz de conta que temos todas as condiçoes nas escolas para exercermos com qualidade o nosso trabalho. Faz de conta que os programas a leccionar estao ajustados à carga horaria de cada disciplina. Faz de conta que o estatuto do aluno agora suspenso - e para quando morto - esta de acordo com as exigencias que se colocarao a esses mesmos alunos. Faz de conta... a lista seria infindavel... a tutela esta farta de meter agua!
Mas por agora abandonei a tristeza e visto-me de azul com a certeza de que "jamé" chegarei a titular. E por uma razao muito simples. Recuso o presente envenenado da tutela que me afastaria pela certa da sala de aula e do contacto com os alunos.

PS: Faz de conta que este "post" esta escrito quase sem acentos porque estou num teclado arabe.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Miss PowerPoint


Flamingos em Liberdade - Sahara Ocidental
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Miss PowerPoint!!!

Já há algum tempo que este post se insinuou, germinando, nos meus pobres neurónios - Miss PowerPoint!!!
E, para quem não sabe, convém esclarecer que a Miss PowerPoint sou euzinha. Sou euzinha!!!

Mas passo a explicar.

Iniciei o meu projecto de elaboração de apresentações em PowerPoint no já longínquo ano de 2005 - olho agora para trás como quem olha para uma miragem - por sugestão de um aluno do 9.º ano de escolaridade. Como achei que o dito aluno estava cheio de razão, arregacei as mangas e atirei-me ao trabalho de cabeça, tronco e membros.
Pedi autorização aos autores dos manuais escolares das várias editoras e só a ASA se dignou responder-me nas pessoas do Dr. Aníbal Barreira, de quem fui aluna na faculdade, e do Dr. Mendes Moreira. Chaguei e continuo a chagar os meus amigos e familiares com pedidos de fotografias disto ou daquilo e eu própria desatei a fotografar a torto e a direito para que o meu trabalho resultasse o mais original possível. E até desenhei, esperando cativar alunos desinteressados, desmotivados, para quem muitas vezes a Escola pouco ou nada diz e, ao mesmo tempo, esperando manter cativos alunos interessados e motivados, que dispõem de tudo no aconchego dos seus lares, de todos os estímulos intelectuais, de todo o acompanhamento, de toda a atenção e carinho.

O trabalho foi, e continua a ser, imenso. Isolado. Persistente. Metódico. Perfeccionista. Por vezes até incompreendido por parte dos meus colegas. Não deixo de anotar os risos, não deixo de anotar as bocas... sim, por vezes até carinhosas, que eu sei muito bem distingui-las, algumas vezes amparando o meu trabalho. Mas, por sentir na pele os resultados destas aulas em PowerPoint em atenção redobrada por parte dos alunos, em entusiasmo, em interesse, em felicidade, que se traduzem em resultados mais elevados, faço a apologia destas práticas em conversas que vou tendo com este ou com aquele pela ESA. Ou mesmo fora dela... confesso que sem grande êxito.
E até já me prontifiquei a ajudar quem não domina esta ferramenta... sem grande êxito.
Talvez o defeito seja meu e eu não me saiba explicar lá assim muito bem.
Por isso, aqui faço, mais uma vez, a apologia do uso do PowerPoint. Agora por escrito. Não para ir para as aulas ler os diapositivos que, felizmente, todos os meus alunos adquiriram já esta competência... mas para trocarmos e partilharmos saberes, para interagirmos num toma lá dá cá mais proveitoso.
A esmagadora maioria das aulas decorre de forma prazenteira para mim e para os meus alunos pois o clima criado dentro da sala de aula é gratificante. E este bom ambiente criado reflecte-se, inevitavelmente, nos resultados.
Em Julho do ano passado, pude finalmente iniciar a publicação das minhas apresentações numa página web, disponibilizando-as, assim, aos meus alunos. Aos meus alunos e não só, que eu sei que alunos de outras escolas também vão fazendo as suas incursões pelo meu sítio, o que me deixa muito satisfeita. E cumpri com o prometido... desde o 7.º ano que lhes andava a prometer a dita página... e tive reacções deveras curiosas que me deixaram muito feliz...
Entretanto, o trabalho, nos dias que passam e com o clima criado na Educação, parece-me cada vez mais pesado. São muitas horas passadas na Escola e muitas, muitas horas passadas aqui, agarradinha ao PC, esperando ver a luz ao fundo do túnel, no final do ano lectivo, porque me sinto exausta e desconsiderada.
Os próximos anos serão dedicados à reformulação de todo o trabalho desenvolvido e que ainda não está todo publicado porque o dia não se faz de 24 horas de trabalho.
Hoje não recomeçaria do zero caminhando à velocidade a que pude caminhar no passado. O Ministério da Educação não me deixaria e impossibilitaria este trabalho já feito durante estes quase três anos lectivos.

Mas agora voltando à Miss PowerPoint.
Não sei quem me baptizou de Miss PowerPoint. Sei apenas que este baptismo ocorreu entre pares. E também sei que assumo, sem problemas, o título. Porque me estou a marimbar para ele. E porque por trás dele está um imenso trabalho do qual me orgulho e pelo qual não sinto nem um pingo de vergonha, iniciado que foi num ano em que ainda nem se falava desta famigerada avaliação de desempenho, iniciado que foi apenas porque gosto de melhorar as minhas práticas e porque gosto de inovar, que eu sou uma prof (e não resisto - hooligan) do século XXI.

Vai daí, why not??
Miss PowerPoint?
Então, seja!!!!
Sou euzinha!
E aqui pode ser visto o meu trabalho. É favor clicar na hiperligação

Adenda - escrita no dia 15 de Novembro de 2010
A página nova, que substituirá a velha linkada acima, pode ser vista aqui.

terça-feira, 18 de março de 2008

Ana Drago - Modelo de Avaliação Imprestável


Com(n)tradição - Dackla - Sahara Ocidental
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

José Régio - Cântico Negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!
Plano de Recuperação

Alguém fez este Plano de Recuperação para uma aluna muito especial que, nos dias que correm, atormenta, qual mafarrico, a cabeça da quase totalidade dos professores portugueses. Desconheço a sua autoria, mas como estamos num momento de avaliação reconheço-lhe interesse. Pode servir, quiçá, de modelito para os inúmeros planos que temos de desenvolver entre as inúmeras papeladas em que andamos embrenhados, para não dizer completamente afogados. Omito só o nome da aluna por uma questão de pudor.
Dão-se alvíssaras a quem adivinhar o nome da aluna!!!!


Plano de Recuperação

Nome: ........................................ Aluna nº 1, Turma 1
Enc. Educação: Ela própria
Morada: Avenida 5 de Outubro, nº 107, 1069-018 Lisboa

Dificuldades diagnosticadas

• Deficiente capacidade de relacionamento interpessoal (tem dificuldade em olhar as pessoas de frente, não respeita opiniões diferentes da sua, distorce a realidade à medida dos seus interesses);

• Falta de pré-requisitos (deveria saber algo sobre a escola e sobre o seu modo de funcionamento antes de começar a dizer que está tudo mal e produzir legislação em catadupa e antes de ser demonstrada a sua necessidade);

• Deficiente domínio da Língua Portuguesa (confunde a palavra “Professor” – nome comum concreto, com os adjectivos “malandro”, “incompetente”, “baldas”, “ocioso”, entre outros).

Propostas para a recuperação da aluna

• Frequentar workshops sobre relacionamento interpessoal – recomenda-se em particular o desenvolvimento das capacidades de ouvir os outros, pensar pela sua cabeça e só depois agir;

• Leccionar aulas numa escola do ensino público, preferencialmente a turmas de Cef`s ou profissionais, onde poderá demonstrar as suas brilhantes qualidades de condutora de jovens, professora, confidente, amiga e, por fim, mãe…

• Relacionar-se com membros dessa classe marginal que são os professores para estudar a origem das suas limitações e comportamentos desviantes, de modo a apresentar alternativas válidas para a sua integração como cidadãos de pleno direito, na sociedade.

O Director de Turma:

Tia Abuelita


M - Faculdade de Farmácia do Porto
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães


Tia Abuelita

Recebi ontem uma mensagem no meu telemóvel que me deixou a gargalhar. O meu sobrinho neto, sim, o tal que ainda está dentro da barriga da mãe M, foi ontem perscrutado, vigiado, monitorizado e resolveu enviar-me uma mensagem que desvendava o que já não podia ser escondido e que rezava assim:

"Tia abuelita, sou um menino!"

Ah, vida boa que se renova a cada geração que germina e se desenvolve cada vez mais a cada geração que passa...
Pois não é que o meu sobrinho-neto, ainda dentro da barriguita de sua mãe, já navega como peixinho na água nas novas tecnologias?!!!

segunda-feira, 17 de março de 2008


Hooligan em Repouso - Sahara - Marrocos
Fotografia de Joana Matias de Magalhães

Um Dia na Vida de Uma Hooligan II
Pois. É verdade. Continuo vestida de preto, continuo de cabelo bem curto, e continuo a comportar-me como uma verdadeira hooligan.
Vejamos o meu dia de hoje e vejamos se não é verdade o que anteriormente afirmo.
Hoje tive um dia inteiramente dedicado a reuniões de avaliação.
Acordei às sete e meia, para variar, ao toque do meu despertador. Continuo a ser uma hooligan sortuda. Moro a 5 minutos da escola onde trabalho.
Cheguei cedo, a tempo de tomar o meu costumeiro café.
A primeira reunião do dia iniciou-se pouco passava da hora marcada: 8:30.
A segunda reunião do dia decorreu de enfiada pois estava marcada às 10:30.
E eis que chega o intervalo de almoço. Como sou uma hooligan sortuda vim a casa almoçar. E sorte, ainda tenho pouco mais de uma hora que posso dispensar para o dito.
E alas que se faz tarde para a terceira reunião que está marcada para as 13:30.
Como sou uma hooligan sortuda ainda me sobrou tempo para lanchar qualquer coisita rápida e entrar logo, logo de seguida na minha quarta reunião de avaliação marcada para as 15:30.
E eis que saio de uma para entrar noutra. Desta vez a última, a começar às 18:30. Por vezes as reuniões atrasam-se e alongam-se para além das duas horas estipuladas superiormente porque é preciso tratar disto e daquilo e ninguém arreda pé do conselho de turma sem que tudo seja esclarecido, dissecado. Foi o caso desta última que acabou às 20 horas mais coisa menos coisa.
Foi um dia para esquecer. Foi uma verdadeira corrida contra o tempo.
E sou uma hooligan com sorte. Às 20:05 estava em casa. Exausta, mas já em casa, quase doze horas depois de ter saído pela manhã. Outros hooligans não tiveram a minha sorte e no começo e no fim do dia tiveram de fazer as deslocações do e para o Porto, Braga e Vila Real.
Naturalmente chegaram a casa feitos num oito mas o que é que se espera de verdadeiros hooligans senão isto?
Uf! Uf! Uf! Estou exausta. Depois de ter passado o fim-de-semana a preparar avaliações, relatórios de negativas, planos de acompanhamento, planos de recuperação, relatórios de visitas de estudo... uf!
Tirem-me deste filme que amanhã levanto-me de novo às sete e meia para nova reunião pelas 8:30.

A fotografia que ilustra este blogue sou eu, em comunhão íntima com as areias do deserto, tão calmas, tão pacíficas, tão quentes, tão sensuais. Por elas rastejo se necessário for e nelas descanso inteiramente abandonada.
Preciso urgentemente de calmaria.

domingo, 16 de março de 2008








S. Gonçalo - Amarante - Portugal
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Olhar de Pássaro II

A minha filha anda a queixar-se muito ultimamente. Que o meu blogue só trata de manifs, de coisas de professores, que só trata de política. É natural. É natural que o ambiente que se vive hoje em dia na Educação em Portugal se reflicta neste blogue. E a Joana continua com as suas críticas. Que o meu blogue está uma seca, que era muito engraçado e que agora está a perder a piada porque não me reflecte tanto enquanto pessoa, singular, que sou. Permito-me discordar. O meu lado combativo, corajoso, lutador, honesto, assumido, está por aqui espalhado aos molhos nos "posts" que vou fazendo. Mas também lhe reconheço uma certa razão, e dou a mão à palmatória, no sentido em que de facto está um pouco obsessivo na temática tratada e por isso prometo-lhe esforçar-me por diversificar os temas, sem descurar no entanto assuntos importantes que se repercutirão nas minhas práticas profissionais ao longo dos tempos.
Por isso aqui deixo este olhar de pássaro nas fotografias que captei na passada quinta-feira, das varandas e janelas do prédio do meu dentista que tem estas vistas privilegiadas sobre o meu umbigo, sobre S. Gonçalo, e sobre o meu rio, o Tâmega. De facto muitos de nós, amarantinos, temos a sorte de morarmos e trabalharmos em sítios onde a paisagem entra sem pedir licença... e que paisagem. Amarante continua bela, postada agora do lado oposto ao que já postei faz tempos neste blogue. Amarante continua bela, vista seja de que lado for, seja em que estação for, agora com um cheirinho já a Primavera que se sente no ar, no verde tenro que desponta nas árvores, nas flores que já dominam as paisagens, na passarada que chilreia pelo ar, no ar quente e ensolarado que nos vai aquecendo a alma.
Continua a ser lindo de se ver. Continua a ser lindo de se fotografar. E como eu estava a precisar de me ausentar, por momentos, do velório que paira na sala de professores da ESA. Foi parte da minha tarde de quinta-feira passada. Passada entre uma consulta no dentista, um safari fotográfico e uma reunião de grupo, que o trabalho na escola não nos dá tréguas.
Entrevista a Mário Nogueira

Para ler esta excelente entrevista de Mário Nogueira ao Correio da Manhã, e ficar esclarecido quanto à posição da Fenprof em toda esta trapalhada da Avaliação do Desempenho, clique na hiperligação:

http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=281805&idselect=229&idCanal=229&p=200

sábado, 15 de março de 2008


Quase Primavera - S. Gonçalo - Amarante - Portugal
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Quase Primavera

Hoje dei-me ao trabalho de ver o comiciozito do PS, no pavilhão do Académico, no Porto. E dei-me ao trabalho mais por curiosidade lateral. Confesso que estive indecisa em integrar a manif silenciosa de professores que se preparou via e-mail e sms. Mas pensei, decididamente não vou que é dar confiança a mais a estes socialistas que de socialistas só mantiveram o nome e não souberam guardar as práticas. Depois de integrar uma marcha esmagadora e monumental já não preciso de exorcizar mais o meu descontentamento em manifs que podem ser entendidas como uma provocação pelos socialistas e nós, professores, temos de manter o nosso perfil de gente muito paciente, pacífica, moderada, elegante, distinta, discreta que só se manifesta, não perdendo a compostura, quando está já pelos cabelos com a deriva da tutela.
Com sensação de enjoo ouvi o nosso primeiro a discursar e lá o ouvi a apregoar aos berros os muitos que estavam no pavilhão. E rectifica o jornalista que não eram assim tantos e que as pessoas estavam muito espalhadas pelo recinto havendo bastante espaço entre elas. De facto. As câmaras mostram as clareiras na "floresta profunda" socialista. Grandes em quantidade e em qualidade. Indisfarçáveis. Fiquei satisfeita. Agradou-me a punição e não deixei de sorrir.
Agora foi a vez de gargalhar com o comentário de Filipe Menezes que por uma vez esteve bem.
Comentou ele o facto do comício se ter realizado no dito pavilhão onde, segundo Menezes, não cabem mais do que três portugueses desnutridos por metro quadrado e que o próximo comício do PS se realizará em Coimbra. No Portugal dos Pequeninos!
Por uma vez Menezes acertou. Assim será. O poder é sempre efémero. Os políticos tendem a ficar ofuscados pela luz e a ignorar o que toda a gente sabe. O poder é sempre efémero. Quer seja em democracia, quer seja em ditadura.
O poder é sempre efémero... ah, sensação boa... está a chegar a Primavera!

PS - (sem ser PS) - Escrevo esta nota pitoresca no Domingo à noite, já depois de ouvir o professor na sua análise semanal na RTP1. Pois o professor Marcelo Rebelo de Sousa chamou ao comício do PS de comício pindérico. De facto. Foi um comício pindérico.
E afinal, em que ficamos?

Ministério admite avaliação diferente para cada professor

Jorge Pedreira prefere que exista alguma a nenhuma avaliação

Alexandra Inácio

Os sete mil professores que têm de ser classificados este ano lectivo podem negociar o seu modelo de avaliação com os Conselhos Executivos das suas escolas. O Ministério da Educação reforça a autonomia dos estabelecimentos e não vai dar indicações sobre um regime mínimo de análise comum. O secretário de Estado Adjunto da Educação reuniu-se, ontem, com a Fenprof e FNE. As negociações falharam com ambas as federações por culpa exclusiva dos sindicatos, afirmou Jorge Pedreira, considerando que "o Ministério fez tudo o que pode". Cada escola, consoante as condições de que dispõe para aplicar o decreto regulamentar nº2/2008, decidirá se avalia os professores de acordo com todos os parâmetros definidos na lei ou só alguns, como as fichas de auto-avaliação e "parâmetros de fácil registo" como a assiduidade. Os sindicatos recusaram a multiplicidade de modelos. Confrontado com a possibilidade de criação de desigualdades pelo facto de um professor ser sujeito a uma avaliação exaustiva e outro não, o secretário de Estado limitou-se a responder que a "desigualdade é o risco que existe de se dar a autonomia às escolas". No entanto, sublinhou, o Governo não deseja que docentes da mesma escola e nas mesmas condições (contratados ou em vias de progressão) sejam sujeitos a parâmetros distintos. Depois, argumentou, a possibilidade de acordos individuais de modelos pretende, precisamente, "acautelar os interesses e objectivos de cada docente avaliado".Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, acusou o Ministério de instalar "a balbúrdia" nas escolas e avisou de imediato Jorge Pedreira "se às escolas chegarem orientações diferentes das previstas na lei, isso será uma ilegalidade e a Fenprof avançará para os tribunais". Para a FNE, "é inaceitável" existirem regimes diferentes. Após quase quatro horas de reuniões, Jorge Pedreira acusou a Fenprof de se apresentar com um "ultimato" (a exigência de suspensão do processo até ao próximo ano lectivo) e a FNE de "não respeitar a autonomia das escolas". Greve ainda é hipótese. Sem parâmetros mínimos comuns definidos pela tutela, Jorge Pedreira considera que os modelos simplificados vão "reflectir a apreciação possível dos avaliadores. É melhor que haja uma avaliação, ainda que simplificada, do que não exista nada", defendeu o secretário de Estado. Só em situações limite, em que o professor avaliado não chegue a acordo com o Conselho Executivo é que a escola terá de informar o Ministério para que seja a tutela a resolver a situação. No próximo ano lectivo todos os professores serão avaliados pelo modelo integral, definido na lei. Inclusivamente os sete mil classificados até às férias de Verão. Mário Nogueira e a delegação da Fenprof demoraram 40 minutos no Ministério. Para o secretário-geral da Federação a reunião ficou "inquinada" logo no início. Na terça-feira, o Governo tinha manifestado abertura para só avaliar este ano lectivo os professores contratados. Ontem, Jorge Pedreira apresentou-se "amarrado" ao compromisso que a ministra acordou com o Conselho de Escolas, considerou Nogueira. "Neste momento, o ME tem duas saídas ou tem capacidade para aplicar o regime a todas as escolas ou não tem e então terá de suspender o processo este ano. Os professores não têm culpa da incompetência da equipa ministerial", argumentou, à saída do encontro aos jornalistas. A possibilidade de convocação de uma greve aos exames, por exemplo, ainda não foi equacionada pela Plataforma de sindicatos.
 
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