sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
Trabalho, Suor e Lágrimas
Trabalho, Suor e Lágrimas
Estou farta de pensar que pertenço a uma classe sui generis. Paciente, pacífica, empenhada, trabalhadora, que gosta daquilo que faz apesar de mal paga, que resiste a mudanças e mais mudanças nas regras e nos costumes, a mais das vezes para pior, que é quantas vezes amesquinhada pela tutela, e que permanece na profissão, num exercício próximo do masoquismo. Sim, eu sei, alguns de nós são uma balda. Não tenho estatísticas sobre o assunto, mas serão seguramente poucos, uma minoria muito minoritária. E sim, mesmo minoritários são demasiados. Não tenho estatísticas sobre o que afirmo, mas tenho a experiência de ter assistido todos estes anos que já levo de profissão, e que são já muitos, a muitas práticas e a muitas conversas entre professores de facto preocupados com a aprendizagem dos seus alunos, com o bem-estar dos seus alunos, com o apoio que dão aos seus alunos e quantas vezes aos pais dos seus alunos, e que se estende muito para além da sala de aula, agora também através do sms, desfazendo dúvidas antes dos testes ou durante a realização de um qualquer trabalho, "ouvindo-os" em desabafos, dando-lhes atenção, carinho e força para permanecerem na escola, para permanecerem por cá, aconselhando-os quando eles precisam, enfim, desempenhando um papel muitas vezes confessional e assistencial que nos leva a suspender o nosso trabalho de casa, seja ele de que tipo for, até para a escola, elaborando testes, fichas diversas, planificações, actas de reuniões, relatórios, justificações de negativas, na minha escola uma por cada negativa atribuída, etc, etc, etc, suspendendo até por vezes a própria família.
É neste grupo que eu me incluo e deve ser por isso que a minha filha desde pequenina, à costumeira pergunta "Que queres ser quando fores grande?" respondeu sempre "Professora nunca!" Também deve ser por pertencer a esta categoria de professores que por várias vezes ouvi a minha filha dizer-me em tom de desagrado "Não sei porque não levas o colchão para a escola!" tal a carga de reuniões que já tive de suportar.
Mas tudo isto se fez, de sorriso pronto para os nossos alunos. Até agora, em que não está a ser mais possível aguentar a revolta e o desagrado de me saber no topo da carreira aos 46 anos já que, por opção, nunca me candidatarei à carreira de Professor Titular. Não sou burocrata. Se fosse ter-me-ia filiado há muito num qualquer partido político e teria feito carreira à custa de um qualquer cartão, rosa ou laranja, ou mesmo de uma outra cor qualquer. Escolhi ser professora pelos meus alunos e não abdico deles. É por eles que trabalho e entro todos os dias na minha escola, no meu espaço sagrado que é a sala de aula. Foi por isso que, bem antes de toda esta macacada que me está a prejudicar o trabalho, iniciei um projecto pessoal, com o apoio da minha família e dos amigos que me aturam, e que pode ser visitado em
http://anabelapmatias.googlepages.com/home
Orgulho-me deste trabalho, feito com muito esforço e dedicação, à custa de horas e mais horas, e mais horas e mais horas, do meu tempo. Partilho-o. Porque ser professor também é isto. Sou uma entre muitos. Exausta. Exaustos.
Hoje não seria capaz de o iniciar e de o fazer. Não teria tempo.
E isso faz de mim uma professora indignada que participará, pela primeira vez, numa manifestação de rua, no próximo dia 8 de Março, em Lisboa.
Basta.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
Escapadela Azul - S. Gonçalo - Amarante - Portugal
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães
Escapadela Azul
Hoje fiz uma escapadela estratégica para o café. Manhã de sol radioso, céu azul, vesti uma roupinha leve a anunciar a Primavera, azul claro, claro!, cheiínha de flores para ver se me animo, ausentando-me por momentos do clima pessimista e de revolta que reina nas escolas, nos dias que vão correndo.
Compro a minha Visão e vou para a esplanada apanhar o sol da salamandra enquanto saboreio lentamente um maravilhoso café. Lá estão as pombas no Largo, a rodopiar, doidas, dando voltas e mais voltas pelo ar... xiiii, lembrei-me da minha ministra... xiiii, que eu não queria lembrar-me dela, logo hoje, numa manhã azul tão bonita. Afasto o pensamento. Volto a centrar-me no Largo, tão equilibrado, tão pacífico, tão inspirador... pelo contraste volto a lembrar-me da minha ministra... arre que isto não está a correr nada bem. Decido pegar na Visão. Observo a capa "Geração em saldo" é o grande tema, mas, lá está «Educação - a Revolta dos Profs»! Já chega. Fecho a revista, que ficará para depois, e vou passear para a beira-rio apreciando o tempo que anuncia já melhores dias, que anuncia tempos mais prazenteiros, que anuncia já a Primavera.
É o melhor do Inverno. Inevitável a Primavera seguinte.
Vida de professor também conhece Invernos. Invernos que anunciam inevitáveis Primaveras.
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães
Histórias do meu Umbigo I
(Cego é Aquele que Não Quer Ver)
Esta história passou-se há muitos anos, no Largo de S. Gonçalo, talvez pela década de 50, em pleno Salazarismo, e é-me contada desde que me lembro pelo meu pai.
Todos os anos, no dia 1 de Dezembro, aquando das comemorações da Restauração da Independência Nacional, ocorrida em 1640, havia aqui em Amarante um desfile assegurado pelos legionários, da Legião Portuguesa local. Lá vinham eles mais ou menos aprumados, mais ou menos bem ensaiados, rua abaixo mostrando-se ao povo.
Naquele ano faltaram muitos legionários e, à pressa, lá se foram angariar moços à Mocidade Portuguesa para integrarem e comporem o desfile que, sem quorum, estava em sérios riscos de não se efectuar. Um dos repescados foi o filho dum senhor que, exercendo a sua actividade profissional a limpar os sanitários públicos, situados no Largo de S. Gonçalo, era conhecido localmente como Marinho da Retretes. Sim, nós aqui em Amarante tínhamos alcunhas para tudo e todos, mas isso ficará para outro "post". Pois lá vinham eles, rua abaixo, numa figureta deprimente, diz o meu pai, uns de calças a regar por não lhes servirem, outros presos em camisas de sete varas, apertadinhas, apertadinhas, quando entram em S. Gonçalo. É onde se encontra o Marinho das Retretes que vendo o seu filho Belchior a desfilar em passo trocado exclama alto e bom som não deixando de demonstrar o orgulho sentido pelo filho "Vão todos com o passo trocado, só o meu Chió é que não!"
Pois vem esta história a propósito do meu governo. Mais concretamente a propósito do meu Primeiro-Ministro, da minha Ministra da Educação e Secretários de Estado respectivos e dos protestos que, um pouco por todo o país, eclodem de forma espontânea, mais ou menos organizada, ou até organizadíssima.
Os nosso governantes estão como o falecido Marinho das Retretes, de Amarante. Cegos.
(Cego é Aquele que Não Quer Ver)
Esta história passou-se há muitos anos, no Largo de S. Gonçalo, talvez pela década de 50, em pleno Salazarismo, e é-me contada desde que me lembro pelo meu pai.
Todos os anos, no dia 1 de Dezembro, aquando das comemorações da Restauração da Independência Nacional, ocorrida em 1640, havia aqui em Amarante um desfile assegurado pelos legionários, da Legião Portuguesa local. Lá vinham eles mais ou menos aprumados, mais ou menos bem ensaiados, rua abaixo mostrando-se ao povo.
Naquele ano faltaram muitos legionários e, à pressa, lá se foram angariar moços à Mocidade Portuguesa para integrarem e comporem o desfile que, sem quorum, estava em sérios riscos de não se efectuar. Um dos repescados foi o filho dum senhor que, exercendo a sua actividade profissional a limpar os sanitários públicos, situados no Largo de S. Gonçalo, era conhecido localmente como Marinho da Retretes. Sim, nós aqui em Amarante tínhamos alcunhas para tudo e todos, mas isso ficará para outro "post". Pois lá vinham eles, rua abaixo, numa figureta deprimente, diz o meu pai, uns de calças a regar por não lhes servirem, outros presos em camisas de sete varas, apertadinhas, apertadinhas, quando entram em S. Gonçalo. É onde se encontra o Marinho das Retretes que vendo o seu filho Belchior a desfilar em passo trocado exclama alto e bom som não deixando de demonstrar o orgulho sentido pelo filho "Vão todos com o passo trocado, só o meu Chió é que não!"
Pois vem esta história a propósito do meu governo. Mais concretamente a propósito do meu Primeiro-Ministro, da minha Ministra da Educação e Secretários de Estado respectivos e dos protestos que, um pouco por todo o país, eclodem de forma espontânea, mais ou menos organizada, ou até organizadíssima.
Os nosso governantes estão como o falecido Marinho das Retretes, de Amarante. Cegos.
Porque cego é aquele que não quer ver.
Porque cego é aquele que se recusa a ver.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Profs....a culpa é deles!
Texto de Ricardo Araújo Pereira
Neste momento, é óbvio para todos que a culpa do estado a que chegou o ensino é (sem querer apontar dedos) dos professores. Só pode ser deles, aliás. Os alunos estão lá a contragosto, por isso não contam. O ministério muda quase todos os anos, por isso conta ainda menos. Os únicos que se mantêm tempo suficiente no sistema são os professores. Pelo menos os que vão conseguindo escapar com vida. É evidente que a culpa é deles. E, ao contrário do que costuma acontecer nesta coluna, esta não é uma acusação gratuita. Há razões objectivas para que os culpados sejam os professores. Reparem: quando falamos de professores, estamos a falar de pessoas que escolheram uma profissão em que ganham mal, não sabem onde vão ser colocados no ano seguinte e todos os dias arriscam levar um banano de um aluno ou de qualquer um dos seus familiares. O que é que esta gente pode ensinar às nossas crianças? Se eles possuíssem algum tipo de sabedoria, tê-Ia-iam usado em proveito próprio. É sensato entregar a educação dos nossos filhos a pessoas com esta capacidade de discernimento? Parece-me claro que não. A menos que não se trate de falta de juízo mas sim de amor ao sofrimento. O que não posso dizer que me deixe mais tranquilo. Esta gente opta por passar a vida a andar de terra em terra, a fazer contas ao dinheiro e a ensinar o Teorema de Pitágoras a delinquentes que lhes querem bater. Sem nenhum desprimor para com as depravações sexuais -até porque sofro de quase todas -, não sei se o Ministério da Educação devia incentivar este contacto entre crianças e adultos masoquistas. Ser professor, hoje, não é uma vocação; é uma perversão. Antigamente, havia as escolas C+S; hoje, caminhamos para o modelo de escola S/M. Havia os professores sádicos, que espancavam alunos; agora há os professores masoquistas, que são espancados por eles. Tomando sempre novas qualidades, este mundo. Eu digo-vos que grupo de pessoas produzia excelentes professores: o povo cigano. Já estão habituados ao nomadismo e têm fama de se desenvencilhar bem das escaramuças. Queria ver quantos papás fanfarrões dos subúrbios iam pedir explicações a estes professores. Um cigano em cada escola, é a minha proposta. Já em relação a estes professores que têm sido agredidos, tenho menos esperança. Gente que ensina selvagens filhos de selvagens e, depois de ser agredida, não sabe guiar a polícia até à árvore em que os agressores vivem, claramente, não está preparada para o mundo.
Texto de Ricardo Araújo Pereira
Neste momento, é óbvio para todos que a culpa do estado a que chegou o ensino é (sem querer apontar dedos) dos professores. Só pode ser deles, aliás. Os alunos estão lá a contragosto, por isso não contam. O ministério muda quase todos os anos, por isso conta ainda menos. Os únicos que se mantêm tempo suficiente no sistema são os professores. Pelo menos os que vão conseguindo escapar com vida. É evidente que a culpa é deles. E, ao contrário do que costuma acontecer nesta coluna, esta não é uma acusação gratuita. Há razões objectivas para que os culpados sejam os professores. Reparem: quando falamos de professores, estamos a falar de pessoas que escolheram uma profissão em que ganham mal, não sabem onde vão ser colocados no ano seguinte e todos os dias arriscam levar um banano de um aluno ou de qualquer um dos seus familiares. O que é que esta gente pode ensinar às nossas crianças? Se eles possuíssem algum tipo de sabedoria, tê-Ia-iam usado em proveito próprio. É sensato entregar a educação dos nossos filhos a pessoas com esta capacidade de discernimento? Parece-me claro que não. A menos que não se trate de falta de juízo mas sim de amor ao sofrimento. O que não posso dizer que me deixe mais tranquilo. Esta gente opta por passar a vida a andar de terra em terra, a fazer contas ao dinheiro e a ensinar o Teorema de Pitágoras a delinquentes que lhes querem bater. Sem nenhum desprimor para com as depravações sexuais -até porque sofro de quase todas -, não sei se o Ministério da Educação devia incentivar este contacto entre crianças e adultos masoquistas. Ser professor, hoje, não é uma vocação; é uma perversão. Antigamente, havia as escolas C+S; hoje, caminhamos para o modelo de escola S/M. Havia os professores sádicos, que espancavam alunos; agora há os professores masoquistas, que são espancados por eles. Tomando sempre novas qualidades, este mundo. Eu digo-vos que grupo de pessoas produzia excelentes professores: o povo cigano. Já estão habituados ao nomadismo e têm fama de se desenvencilhar bem das escaramuças. Queria ver quantos papás fanfarrões dos subúrbios iam pedir explicações a estes professores. Um cigano em cada escola, é a minha proposta. Já em relação a estes professores que têm sido agredidos, tenho menos esperança. Gente que ensina selvagens filhos de selvagens e, depois de ser agredida, não sabe guiar a polícia até à árvore em que os agressores vivem, claramente, não está preparada para o mundo.
in Opinião, Boca do Inferno, Revista Visão
Uma Adesão Importante
Estrutura esteve hoje reunida com líder do CDS
Associação Nacional de Professores junta-se à manifestação de 8 Março
27.02.2008 - 15h22 Lusa
O presidente da Associação Nacional de Professores (ANP), João Grancho, anunciou hoje que a estrutura vai participar na manifestação nacional de protesto contra a política educativa do Governo convocada pela Federação Nacional de Professores (Fenprof) para dia 8 de Março."A Associação Nacional de Professores, há 23 anos no sistema educativo, deliberou integrar a manifestação de 8 de Março quebrando um princípio que tinha por estar em causa o interesse do país", afirmou João Grancho, à saída de uma reunião com o líder do CDS-PP, Paulo Portas, a quem expôs as preocupações da ANP sobre a política da ministra Maria de Lurdes Rodrigues.João Grancho frisou que a associação tem por princípio manter-se afastada de organizações partidárias e manifestações sindicais, justificando a participação na "Marcha da Indignação" de 8 de Março por "estar em causa o interesse do país".O responsável afirmou que os "alunos estão já a ser prejudicados com este sistema de avaliação de desempenho dos professores" e exigiu uma revisão do processo, considerando que a ministra só não o faz porque "parece não querer perder a face". Em declarações aos jornalistas, Paulo Portas defendeu que o primeiro-ministro e a ministra da Educação devem "parar enquanto é tempo um processo que está errado" acusando o Governo de "fazer pressão sobre os professores" para que relaxem na avaliação dos seus alunos. Questionado sobre se a ministra da Educação deve ser substituída, Paulo Portas frisou que a política é que tem que ser revista. "São erros a mais, mas para mim é essencial virar esta página mas para isso é preciso que o Governo tenha capacidade para rectificar", disse. Paulo Portas defendeu que a avaliação dos professores é em tese uma necessidade. O líder do CDS-PP defendeu no entanto que a avaliação só pode começar quando começa o ano escolar e que os documentos oficiais devem estar publicados pelo menos com seis meses de antecedência. O CDS-PP apresentou ontem um projecto de lei para reforçar a autonomia das escolas e irá entregar um projecto de resolução com recomendações ao Governo sobre o sistema de avaliação dos professores.
Estrutura esteve hoje reunida com líder do CDS
Associação Nacional de Professores junta-se à manifestação de 8 Março
27.02.2008 - 15h22 Lusa
O presidente da Associação Nacional de Professores (ANP), João Grancho, anunciou hoje que a estrutura vai participar na manifestação nacional de protesto contra a política educativa do Governo convocada pela Federação Nacional de Professores (Fenprof) para dia 8 de Março."A Associação Nacional de Professores, há 23 anos no sistema educativo, deliberou integrar a manifestação de 8 de Março quebrando um princípio que tinha por estar em causa o interesse do país", afirmou João Grancho, à saída de uma reunião com o líder do CDS-PP, Paulo Portas, a quem expôs as preocupações da ANP sobre a política da ministra Maria de Lurdes Rodrigues.João Grancho frisou que a associação tem por princípio manter-se afastada de organizações partidárias e manifestações sindicais, justificando a participação na "Marcha da Indignação" de 8 de Março por "estar em causa o interesse do país".O responsável afirmou que os "alunos estão já a ser prejudicados com este sistema de avaliação de desempenho dos professores" e exigiu uma revisão do processo, considerando que a ministra só não o faz porque "parece não querer perder a face". Em declarações aos jornalistas, Paulo Portas defendeu que o primeiro-ministro e a ministra da Educação devem "parar enquanto é tempo um processo que está errado" acusando o Governo de "fazer pressão sobre os professores" para que relaxem na avaliação dos seus alunos. Questionado sobre se a ministra da Educação deve ser substituída, Paulo Portas frisou que a política é que tem que ser revista. "São erros a mais, mas para mim é essencial virar esta página mas para isso é preciso que o Governo tenha capacidade para rectificar", disse. Paulo Portas defendeu que a avaliação dos professores é em tese uma necessidade. O líder do CDS-PP defendeu no entanto que a avaliação só pode começar quando começa o ano escolar e que os documentos oficiais devem estar publicados pelo menos com seis meses de antecedência. O CDS-PP apresentou ontem um projecto de lei para reforçar a autonomia das escolas e irá entregar um projecto de resolução com recomendações ao Governo sobre o sistema de avaliação dos professores.
Trova do Tempo que Passa
Lisboa dia 8 de Março
A canção do momento, a letra do momento. Recebi-a por e-mail. Posto-a no meu blogue.
Dia 8 de Março diremos Não a estas políticas de deseducação.
Eu vou a Lisboa. E tu?
Trova do vento que passa
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
E o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Manuel Alegre
Lisboa dia 8 de Março
A canção do momento, a letra do momento. Recebi-a por e-mail. Posto-a no meu blogue.
Dia 8 de Março diremos Não a estas políticas de deseducação.
Eu vou a Lisboa. E tu?
Trova do vento que passa
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
E o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
Manuel Alegre
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
José Sócrates - Inqualificável
http://tsf.sapo.pt/online/common/include/streaming_audio.asp?audio=/2008/02/noticias/16/socrates2.asx
http://tsf.sapo.pt/online/common/include/streaming_audio.asp?audio=/2008/02/noticias/16/socrates2.asx
Ainda a Educação
EDUCAÇÃO
ANP pede audiência a Cavaco Silva
A Associação Nacional de Professores (ANP) manifestou-se, esta segunda-feira, apreensiva com «a crescente crispação» que se vive no sector da Educação e solicitou audiências com o Presidente da República e com todos os grupos parlamentares.
( 21:39 / 25 de Fevereiro 08 )
O presidente da ANP, João Grancho, justificou esta medida com «a crescente crispação que se sente e a completa insensibilidade do Ministério da Educação para abordar os problemas do sector de forma consistente, séria e aberta». «Esgotado o plano formal com o Governo, mais não há do que nos dirigirmos ao Presidente da República, que tem vindo a mostrar uma outra sensibilidade», afirmou João Grancho. De acordo com o responsável, a ANP decidiu ainda solicitar audiências com todos os partidos com assento na Assembleia da Repúlica, a quem «compete a fiscalização, acompanhamento e controlo da acção governativa», tendo em vista a agilização de mecanismos para que no último período as escolas não descambem para uma situação de caos. Segundo o presidente da ANP, o Governo deverá rever algumas das últimas decisões que tomou, nomeadamente a avaliação de desempenho, processo com o qual a associação afirma concordar em termos de substância mas não de implementação. No sábado, cerca de dois mil professores concentraram-se nas Caldas da Rainha, Leiria e Porto em protestos convocados por telemóvel, correio electrónico e blogues, numa iniciativa à margem das estruturas sindicais para contestar a política educativa do Governo. Já os sindicatos, organizam no dia 8 de Março, por iniciativa da Fenprof, uma manifestação nacional que designaram por «Marcha da Indignação», igualmente contra as políticas da equipa da ministra Maria de Lurdes Rodrigues e os «reiterados ataques à escola pública e aos professores».
EDUCAÇÃO
ANP pede audiência a Cavaco Silva
A Associação Nacional de Professores (ANP) manifestou-se, esta segunda-feira, apreensiva com «a crescente crispação» que se vive no sector da Educação e solicitou audiências com o Presidente da República e com todos os grupos parlamentares.
( 21:39 / 25 de Fevereiro 08 )
O presidente da ANP, João Grancho, justificou esta medida com «a crescente crispação que se sente e a completa insensibilidade do Ministério da Educação para abordar os problemas do sector de forma consistente, séria e aberta». «Esgotado o plano formal com o Governo, mais não há do que nos dirigirmos ao Presidente da República, que tem vindo a mostrar uma outra sensibilidade», afirmou João Grancho. De acordo com o responsável, a ANP decidiu ainda solicitar audiências com todos os partidos com assento na Assembleia da Repúlica, a quem «compete a fiscalização, acompanhamento e controlo da acção governativa», tendo em vista a agilização de mecanismos para que no último período as escolas não descambem para uma situação de caos. Segundo o presidente da ANP, o Governo deverá rever algumas das últimas decisões que tomou, nomeadamente a avaliação de desempenho, processo com o qual a associação afirma concordar em termos de substância mas não de implementação. No sábado, cerca de dois mil professores concentraram-se nas Caldas da Rainha, Leiria e Porto em protestos convocados por telemóvel, correio electrónico e blogues, numa iniciativa à margem das estruturas sindicais para contestar a política educativa do Governo. Já os sindicatos, organizam no dia 8 de Março, por iniciativa da Fenprof, uma manifestação nacional que designaram por «Marcha da Indignação», igualmente contra as políticas da equipa da ministra Maria de Lurdes Rodrigues e os «reiterados ataques à escola pública e aos professores».
Aulas de Substituição
"Todos os professores podem requerer pagamento, diz juiz
Um antigo juiz disse que todos os professores que fizeram aulas de substituição devem requerer o pagamento das mesmas como horas extraordinárias, porque, ultrapassadas as cinco sentenças favoráveis, as decisões assumem força de lei.
( 11:39 / 26 de Fevereiro 08 )
O antigo juiz Guilherme da Fonseca corroborou, esta terça-feira, a ideia de que ultrapassadas as cinco sentenças favoráveis aos docentes, as decisões assumem força de lei, logo a administração é obrigada a pagar horas extraordinárias a todos os professores. À TSF, este ex-juiz disse que «qualquer interessado, numa mesma situação dentro do mesmo regime, pode requerer à administração que lhe sejam estendidos os efeitos das sentenças, e a administração tem de cumprir o julgado». O esclarecimento surge na sequência de os tribunais terem decidido seis processos a favor dos professores nesta questão, o que faz com que o Ministério da Educação esteja obrigado a pagar as aulas de substituição como horas extraordinárias. De acordo com a lei, qualquer professor pode exigir «que lhe seja estendido os efeitos do julgamento» desses processos, «de forma imediata e sem ter de recorrer ao tribunal», adiantou o antigo juiz do Tribunal Constitucional. «Se após apresentado o requerimento, a administração não cumprir, passa a uma fase de execução de julgado nos tribunais», rematou. Entretanto, o secretário-geral da FENPROF poderá haver professores que podem não vir a ser abrangidos pelos efeitos destas decisões dos tribunais que se tornaram em força de lei. «As únicas pessoas que eventualmente não serão abrangidas por esta jurisprudência são aquelas que tendo ido para tribunal possam eventualmente ter perdido processos», o que também aconteceu nalguns casos, alertou. Para além disso, continuou Mário Nogueira, «todos os processos que existam e que ainda não tiveram uma decisão», bem como todos os professores que, sem terem ido a tribunal, fizeram horas extraordinárias, «só necessitam de apresentar um requerimento à escola e ela é obrigada a pagar essas horas». Se a escola não o fizer, o professor apenas necessita de apresentar «uma queixa em qualquer um dos tribunais que deu esta sentença e o próprio tribunal irá obrigar a escola a pagar aquilo que é um serviço devido aos professores», explicou. Também o secretário-geral da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) mostrou agrado pelas decisões dos tribunais e alertou à tutela para reconhecer que errou ao «não considerar as substituições como serviço extraordinário». «É importante que agora reconheça que fez uma leitura apressada e não sustentada daquilo que era o Estatuto da Carreira Docente», sublinhou João Dias da Silva. A TSF tem tentado, ao longo desta terça-feira, obter uma reacção do Ministério da Educação a este caso, mas até ao momento sem sucesso."
Um antigo juiz disse que todos os professores que fizeram aulas de substituição devem requerer o pagamento das mesmas como horas extraordinárias, porque, ultrapassadas as cinco sentenças favoráveis, as decisões assumem força de lei.
( 11:39 / 26 de Fevereiro 08 )
O antigo juiz Guilherme da Fonseca corroborou, esta terça-feira, a ideia de que ultrapassadas as cinco sentenças favoráveis aos docentes, as decisões assumem força de lei, logo a administração é obrigada a pagar horas extraordinárias a todos os professores. À TSF, este ex-juiz disse que «qualquer interessado, numa mesma situação dentro do mesmo regime, pode requerer à administração que lhe sejam estendidos os efeitos das sentenças, e a administração tem de cumprir o julgado». O esclarecimento surge na sequência de os tribunais terem decidido seis processos a favor dos professores nesta questão, o que faz com que o Ministério da Educação esteja obrigado a pagar as aulas de substituição como horas extraordinárias. De acordo com a lei, qualquer professor pode exigir «que lhe seja estendido os efeitos do julgamento» desses processos, «de forma imediata e sem ter de recorrer ao tribunal», adiantou o antigo juiz do Tribunal Constitucional. «Se após apresentado o requerimento, a administração não cumprir, passa a uma fase de execução de julgado nos tribunais», rematou. Entretanto, o secretário-geral da FENPROF poderá haver professores que podem não vir a ser abrangidos pelos efeitos destas decisões dos tribunais que se tornaram em força de lei. «As únicas pessoas que eventualmente não serão abrangidas por esta jurisprudência são aquelas que tendo ido para tribunal possam eventualmente ter perdido processos», o que também aconteceu nalguns casos, alertou. Para além disso, continuou Mário Nogueira, «todos os processos que existam e que ainda não tiveram uma decisão», bem como todos os professores que, sem terem ido a tribunal, fizeram horas extraordinárias, «só necessitam de apresentar um requerimento à escola e ela é obrigada a pagar essas horas». Se a escola não o fizer, o professor apenas necessita de apresentar «uma queixa em qualquer um dos tribunais que deu esta sentença e o próprio tribunal irá obrigar a escola a pagar aquilo que é um serviço devido aos professores», explicou. Também o secretário-geral da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) mostrou agrado pelas decisões dos tribunais e alertou à tutela para reconhecer que errou ao «não considerar as substituições como serviço extraordinário». «É importante que agora reconheça que fez uma leitura apressada e não sustentada daquilo que era o Estatuto da Carreira Docente», sublinhou João Dias da Silva. A TSF tem tentado, ao longo desta terça-feira, obter uma reacção do Ministério da Educação a este caso, mas até ao momento sem sucesso."
In TSF Online
Para ouvir de viva voz, é favor clicar nas hiperligações.
http://tsf.sapo.pt/online/common/include/streaming_audio.asp?audio=/2008/02/noticias/26/jd_silva.asx
E sobre o processo de Avaliação de Desempenho, para ouvir e voltar a ouvir esta música para os meus ouvidos de professorzeca!!!
Prós e Contras
Dá gosto começar a ver os professores unidos na mesma luta contra a prepotência dos políticos que ocupam a 5 de Outubro. Foi preciso muita provocação e humilhação públicas para que finalmente os professores esquecessem as divergências que os dividem e se centrassem no que é importante. E o que é importante é não ceder perante o atabalhoamento de medidas pensadas em cima do joelho, impostas como panaceias não sei de quê e que estão a criar tantos conflitos, crispações e angústias nas escolas. Esta equipa que ocupa o Ministério da Educação é prepotente e comporta-se de forma autista, assobiando para o lado perante a exaustão, a indignação e o protesto crescentes no seio das escolas. Como ignorar os protestos, os movimentos espontâneos que vão surgindo um pouco por todo o lado, as queixas de milhares de professores que se organizam, que cerram fileiras junto das estruturas que os representam? Como ignorar que fomos chamados de professorzecos? Como ignorar e fazer tábua rasa da nossa experiência de muitos e muitos anos no terreno? Não que nos opunhamos à avaliação de desempenho. Concordamos com ela e exigimo-la. Mas não excessivamente burocratizada como está previsto neste modelo e não implementada de forma tão deprimentemente atabalhoada quanto esta. Em tantos anos de ensino nunca vi tal coisa e estou estupefacta perante tamanha estupidez, insensibilidade e falta de bom senso.
Uma palavra de apreço para Mário Nogueira que hoje esteve no seu melhor. Sem rodeios, que contra factos não há argumentos. E sim, por vezes a justiça lá vai funcionando neste país, dando-nos alegrias incomensuráveis face à degradação da vida económica e à desagregação da coesão social de um país que não quer, presumo eu, e se recusa, presumo eu, a mergulhar na lama. Grande lição, a de hoje. Humildade precisa-se.
Chegou o momento de dizer basta.
Dá gosto começar a ver os professores unidos na mesma luta contra a prepotência dos políticos que ocupam a 5 de Outubro. Foi preciso muita provocação e humilhação públicas para que finalmente os professores esquecessem as divergências que os dividem e se centrassem no que é importante. E o que é importante é não ceder perante o atabalhoamento de medidas pensadas em cima do joelho, impostas como panaceias não sei de quê e que estão a criar tantos conflitos, crispações e angústias nas escolas. Esta equipa que ocupa o Ministério da Educação é prepotente e comporta-se de forma autista, assobiando para o lado perante a exaustão, a indignação e o protesto crescentes no seio das escolas. Como ignorar os protestos, os movimentos espontâneos que vão surgindo um pouco por todo o lado, as queixas de milhares de professores que se organizam, que cerram fileiras junto das estruturas que os representam? Como ignorar que fomos chamados de professorzecos? Como ignorar e fazer tábua rasa da nossa experiência de muitos e muitos anos no terreno? Não que nos opunhamos à avaliação de desempenho. Concordamos com ela e exigimo-la. Mas não excessivamente burocratizada como está previsto neste modelo e não implementada de forma tão deprimentemente atabalhoada quanto esta. Em tantos anos de ensino nunca vi tal coisa e estou estupefacta perante tamanha estupidez, insensibilidade e falta de bom senso.
Uma palavra de apreço para Mário Nogueira que hoje esteve no seu melhor. Sem rodeios, que contra factos não há argumentos. E sim, por vezes a justiça lá vai funcionando neste país, dando-nos alegrias incomensuráveis face à degradação da vida económica e à desagregação da coesão social de um país que não quer, presumo eu, e se recusa, presumo eu, a mergulhar na lama. Grande lição, a de hoje. Humildade precisa-se.
Chegou o momento de dizer basta.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
Fronteiras
Fotografias de Eugénio Queiroz
Fronteiras
Pois hoje falarei deste tema, tão caro para mim, e que apenas foi aflorado neste blogue em postagens anteriores. Fronteiras. A magia das fronteiras terrestres, que se perdeu quase completamente por essa Europa fora, mas que persiste e se mantém em quase todos os países do globo fora deste nosso continente tão "clean".
Relembro um tempo em que passar a fronteira Portugal-Espanha ou vice-versa, era uma aventura. Relembro a minha viagem de lua-de-mel, eu e o A. à descoberta do Sul de Portugal e de Espanha, nas calmas, sem nadinha marcado, tenda e sacos-cama para o que desse e viesse, retorno ao país por Chaves e, surpresa das surpresas... a fronteira fechava às 24 horas!! E já passavam 5 minutos! Nada a fazer. Foi uma noite passada ali mesmo, dentro do carro, para terminar em beleza aquela viagem, antes do retorno ao ninho, que já não havia pachorra para voltar para trás à procura de alojamento, àquela hora tão tardia. Entretanto esta magia das fronteiras, da barreira que não se transpõe sempre que se quer, perdeu-se quase completamente, neste nosso velho continente, diluída algures na urgência de fazer crescer o tempo, diluída algures na urgência de nos facilitar a vida de europeus anafados.
Relembro um tempo em que passar a fronteira Portugal-Espanha ou vice-versa, era uma aventura. Relembro a minha viagem de lua-de-mel, eu e o A. à descoberta do Sul de Portugal e de Espanha, nas calmas, sem nadinha marcado, tenda e sacos-cama para o que desse e viesse, retorno ao país por Chaves e, surpresa das surpresas... a fronteira fechava às 24 horas!! E já passavam 5 minutos! Nada a fazer. Foi uma noite passada ali mesmo, dentro do carro, para terminar em beleza aquela viagem, antes do retorno ao ninho, que já não havia pachorra para voltar para trás à procura de alojamento, àquela hora tão tardia. Entretanto esta magia das fronteiras, da barreira que não se transpõe sempre que se quer, perdeu-se quase completamente, neste nosso velho continente, diluída algures na urgência de fazer crescer o tempo, diluída algures na urgência de nos facilitar a vida de europeus anafados.
Mas as fronteiras resistem. Tantas, espalhadas por esse mundo fora à espera de nós. E as fronteiras terrestres que resistem são locais propícios à acumulação de experiências, sensações, odores, cores, conversas, situações, quantas vezes inesquecíveis.
E é aqui que entra a fronteira de Marrocos. Por Ceuta, a minha preferida. O lugar está agora mais "civilizado" do que em 1990, aquando da minha primeira incursão a este país tão próximo e tão distante. Em 90, a fronteira era constituída por uns guichés mal atamancados, e umas tendas enormes, brancas, exóticas, que cobriam todo o recinto que mais parecia uma lixeira a céu aberto. Mas é que era lixo por tudo quanto era sítio, sacos plásticos a esvoaçar, papéis e charcos sei lá do quê, areia e pó pelo ar. A confusão era total com estrangeiros de jipe e motas por tudo quanto era lado a quererem entrar e os marroquinos a quererem dificultar. Assustadora. Devo dizer que a fronteira de Marrocos era deveras assustadora e qualquer pessoa mais sensível que aí chegasse daria certamente meia volta, desatando a fugir a sete pés para longe dali. Entretanto os anos passaram, o pessoal da fronteira foi acomodado em instalações condignas, informatizaram os serviços, a sujidade já não é o que era, mas o controlo pelos três postos manteve-se e a turistada não escapa. Gendermerie, polícia, alfandega, não necessariamente por esta ordem, fazendo-nos perder por vezes horas num país a fazer-se de difícil para os estrangeiros.
Numa das passagens por esta fronteira, algures em meados da década de 90, a coisa foi tão grave que passadas 4 ou 5 horas de termos chegado à fronteira e, finalmente, com todos os carimbos necessários em tudo o que era passaporte, impresso de pessoas e impresso de veículos, eis que vejo o Eugénio a aproximar-se, a elevar os braços ao ar e a lançar alto e bom som, num misto de prazer e alívio "Isto sim!! Isto é uma fronteira!!!
Sem dúvida. Uma fronteira a dar luta, que isto de invadir espaço alheio não deve ser feito à balda, e não deve ser totalmente facilitado.
A fronteira da Líbia também me traz boas recordações. Entrada do meu querido Abdol mini-bus adentro e uma pestilência de cheiro a suor que nos obrigou a olhar uns para os outros com ar de interrogação "Sobreviveremos a isto?"
Sobrevivemos. Encantados. E sobrevivemos à falta de telemóvel que se verificou mal atravessámos a linha que separa a Tunísia da Líbia.
É que foi mesmo instantâneo. Os nossos telemóveis perderam o pio em uníssono e a uma só voz.
E eis que chego à inacreditável fronteira da Mauritânia depois de percorrer uma belíssima estrada alcatroada que ainda no início de dois mil era uma pista manhosa por onde só se circulava em comboio militar, por causa das minas e dos ataques da Frente Polisário. Passado o controlo de Marrocos de Guerguerard, que fecha seguindo os horários de uma qualquer repartição pública marroquina, e que portanto também fecha para almoço, eis-nos chegados a uma terra de ninguém. Voltamos à pista, à que restou do alcatroamento, por meia dúzia de quilómetros que permanecem como recordação das privações para se alcançar um dos países mais pobres do mundo - a Mauritânia. Os barracos abaixo de manhosos onde polícia, gendermerie, e alfândega fazem o controlo são inacreditáveis de maus. A linha divisória faz-se com um pequeno montículo de areia que percorre o deserto com um rolito, baixo, de arame farpado. Absolutamente proibido sair da pista pois a terra em disputa, o deserto, está ali minado e não faltam avisos a relembrar os mais descuidados. É uma fronteira inacreditável e é uma experiência única para mim, debaixo de um sol impiedoso, às apalpadelas pista adentro, seguindo os trilhos, seguindo os outros, os da Expedição Braga-Luanda, que afinal acabam por se enganar no trajecto levando-nos por uma pista sem saída. Pás de probléme. Afinal estamos em África onde tudo tem solução.
As fotografias que ilustram este post foram tiradas à socapa, na zona de fronteira entre Marrocos e a Mauritânia, onde é proibidíssimo fotografar, vá-se lá saber porquê. São o testemunho das dificuldades da entrada em novos caminhos, em novos caminhos quantas vezes completamente desconhecidos e percorridos às apalpadelas.
É por isso que isto de fronteiras lembra-me muros, nós, laços e lacinhos. E avaliação de desempenho de professores.
domingo, 24 de fevereiro de 2008
É a cultura, estúpido!
O "post" de hoje é uma reflexão sobre um artigo, saído na Visão, de 14 de Fevereiro de 2008, na secção Sociedade, e intitulado "É a cultura, estúpido!"
Pois o dito artigo, da autoria de Cesaltina Pinto, dá conta da deslocação do major Valentim Loureiro e do vereador do Ambiente Joaquim Castro Neves, ao Pavilhão Multiusos de Gondomar, onde ambos assistiram ao I Salão Erótico do Porto. O assunto não me interessa particularmente. Nem que se tenha realizado o tal de Salão Erótico do Porto, nem que o major e o vereador o tenham visitado. O que me espanta é a publicação deste artigo numa revista como a Visão, mais parecendo que terei comprado, por engano, o 24 Horas, mais dado à notícia de fait-divers, à notícia bombástica e escandalosa ou mesmo pseudo bombástica/escandalosa. O que me espanta é a construção da notícia, é a linguagem utilizada pela jornalista, que escreve pérolas como «Tudo indica que o objectivo principal de Valentim Loureiro e Castro Neves - dois dos arguidos do Apito Dourado - fosse, antes, o de apreciar a qualidade da "fruta", termo consagrado nas escutas telefónicas para denominar as meninas responsáveis pelo entretenimento dos árbitros. Por isso, o major não hesitou em beliscar o mamilo de uma das artistas e recorrer a um privado para avaliar de perto o show lésbico. Tudo "sem complexos", já que, para Valentim, tudo isto é "cultura sexy", como referiu ao Jornal de Notícias.»
Pode até ser um defeito meu. Posso até estar demodé. Posso até estar a ficar obsoleta por não conseguir, de facto, acompanhar toda esta "cultura" a que o major chama de "cultura sexy". É que para mim isto é tudo menos cultura sexy. É que para mim, pelo contrário, cultura sexy, ou cultura de outro tipo qualquer, terá sempre a ver com respeito pelo outro, com dignidade da pessoa humana. E daqui recuso-me a sair. A cultura a que o major se refere como "cultura sexy" transborda de cultura rasca, transborda de cultura não acima do nível da sarjeta.
É o caso deste artigo, disfarçado de notícia, disfarçado de artigo pseudo-engraçadinho com que nos tentam abastardar.
Só me apetece dizer
"Não, não é a cultura, estúpido!"
Nota - Este post sairá sem a costumeira fotografia. Neste caso por respeito às meninas do show lésbico.
O "post" de hoje é uma reflexão sobre um artigo, saído na Visão, de 14 de Fevereiro de 2008, na secção Sociedade, e intitulado "É a cultura, estúpido!"
Pois o dito artigo, da autoria de Cesaltina Pinto, dá conta da deslocação do major Valentim Loureiro e do vereador do Ambiente Joaquim Castro Neves, ao Pavilhão Multiusos de Gondomar, onde ambos assistiram ao I Salão Erótico do Porto. O assunto não me interessa particularmente. Nem que se tenha realizado o tal de Salão Erótico do Porto, nem que o major e o vereador o tenham visitado. O que me espanta é a publicação deste artigo numa revista como a Visão, mais parecendo que terei comprado, por engano, o 24 Horas, mais dado à notícia de fait-divers, à notícia bombástica e escandalosa ou mesmo pseudo bombástica/escandalosa. O que me espanta é a construção da notícia, é a linguagem utilizada pela jornalista, que escreve pérolas como «Tudo indica que o objectivo principal de Valentim Loureiro e Castro Neves - dois dos arguidos do Apito Dourado - fosse, antes, o de apreciar a qualidade da "fruta", termo consagrado nas escutas telefónicas para denominar as meninas responsáveis pelo entretenimento dos árbitros. Por isso, o major não hesitou em beliscar o mamilo de uma das artistas e recorrer a um privado para avaliar de perto o show lésbico. Tudo "sem complexos", já que, para Valentim, tudo isto é "cultura sexy", como referiu ao Jornal de Notícias.»
Pode até ser um defeito meu. Posso até estar demodé. Posso até estar a ficar obsoleta por não conseguir, de facto, acompanhar toda esta "cultura" a que o major chama de "cultura sexy". É que para mim isto é tudo menos cultura sexy. É que para mim, pelo contrário, cultura sexy, ou cultura de outro tipo qualquer, terá sempre a ver com respeito pelo outro, com dignidade da pessoa humana. E daqui recuso-me a sair. A cultura a que o major se refere como "cultura sexy" transborda de cultura rasca, transborda de cultura não acima do nível da sarjeta.
É o caso deste artigo, disfarçado de notícia, disfarçado de artigo pseudo-engraçadinho com que nos tentam abastardar.
Só me apetece dizer
"Não, não é a cultura, estúpido!"
Nota - Este post sairá sem a costumeira fotografia. Neste caso por respeito às meninas do show lésbico.
sábado, 23 de fevereiro de 2008
Amnistia Internacional - Consciência Social
Hoje volto aos "spots" publicitários, de que tanto gosto, desta vez para partilhar dois excelentes anúncios da Amnistia Internacional. Porque é preciso acordar consciências, porque é preciso formar pessoas capazes de pensar sobre o que nos rodeia, capazes de criticar, de estarem atentas à mentira, à hipocrisia, à propaganda mais ou menos subtil que por aí abunda, capazes de seleccionar o seu percurso, capazes de, optando, tanto quanto possível livremente, afirmarem, "não, eu não vou por aí", apesar de ser o caminho imposto pelo poder dominante, apesar de ser o caminho seguido pela maioria. A História está cheia destes Homens e Mulheres que ergueram a sua voz, tantas e tantas vezes em circunstâncias tão adversas, e que mudaram o rumo dos acontecimentos, porque lutavam por ideais, por causas em que acreditavam. E muitos pagaram com a vida, deixando atrás de si um mundo diferente, um mundo mais respirável, um mundo melhor.
Para o poder fazer, é preciso instrução. Instrução. Instrução. Para o poder fazer é preciso cultura. Cultura. Cultura. E desculpem a insistência, mas só assim poderemos resistir à manipulação e à formatação diárias, constantes, sem tréguas, das nossas sociedades actuais.
Já o afirmei, de múltiplas maneiras, nos textos que vou deixando neste blogue.
Cada um de nós é único e irrepetível.
Cada um de nós pode, e deve, fazer a diferença.
Hoje volto aos "spots" publicitários, de que tanto gosto, desta vez para partilhar dois excelentes anúncios da Amnistia Internacional. Porque é preciso acordar consciências, porque é preciso formar pessoas capazes de pensar sobre o que nos rodeia, capazes de criticar, de estarem atentas à mentira, à hipocrisia, à propaganda mais ou menos subtil que por aí abunda, capazes de seleccionar o seu percurso, capazes de, optando, tanto quanto possível livremente, afirmarem, "não, eu não vou por aí", apesar de ser o caminho imposto pelo poder dominante, apesar de ser o caminho seguido pela maioria. A História está cheia destes Homens e Mulheres que ergueram a sua voz, tantas e tantas vezes em circunstâncias tão adversas, e que mudaram o rumo dos acontecimentos, porque lutavam por ideais, por causas em que acreditavam. E muitos pagaram com a vida, deixando atrás de si um mundo diferente, um mundo mais respirável, um mundo melhor.
Para o poder fazer, é preciso instrução. Instrução. Instrução. Para o poder fazer é preciso cultura. Cultura. Cultura. E desculpem a insistência, mas só assim poderemos resistir à manipulação e à formatação diárias, constantes, sem tréguas, das nossas sociedades actuais.
Já o afirmei, de múltiplas maneiras, nos textos que vou deixando neste blogue.
Cada um de nós é único e irrepetível.
Cada um de nós pode, e deve, fazer a diferença.
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
Óculo - Praia de Nouakchott - Mauritânia
Fotografia de Artur Matias de Magalhães
A Palavra aos Reitores do Estado Novo
As Opiniões/Conclusões que a Ministra da Educação Não Leu.
Ou Leu??!!
Aqui deixo, para consulta, um extracto do livro de João Barroso, onde é dada a palavra aos reitores do Estado Novo, sobre o modelo fascista de observação de aulas que é posto em prática aquando da ditadura, e que é criticado pelas próprias pessoas que fazem parte da engrenagem, que fazem parte do sistema implementado por Salazar. Preocupa-me sobremaneira a recuperação e a repetição de modelos já experimentados sem êxito. Preocupa-me que voltemos ao mesmo, ainda para mais pela mão de um governo dito de socialista. Preocupa-me a recuperação de modelos tentados e abandonados devido às suas graves lacunas e fracassos a que conduziram.
A fotografia que ilustra este "post" é, digamos, um óculo, disponível para quem anda com problemas de visão, e encontra-se à disposição de qualquer um que o queira experimentar.
Talvez consigam ler melhor... não?!
«- As Visitas a Aulas:
A assistência às aulas constitui uma das atribuições expressas do reitor e vice-reitor previstas no artigo 18, alínea r) e artigo 20 , alínea d) do Estatuto de 1947, bem como do director de ciclo, na nova versão do artigo 23 do Estatuto de 1947, aprovada pelo decreto 38 812 de 2 de Julho de 1952. Enquanto que no caso do reitor e vice-reitor a formulação legal estabelecia que deviam "assistir com frequência a aulas e sessões, bem como aos restantes trabalhos escolares, intervindo neles se necessário for", no caso do director do ciclo definia-se que ele devia "assistir frequentemente às aulas do ciclo, de forma a verificar a disciplina académica, o método seguido nas lições e a maneira como são cumpridas as instruções superiores."
Apesar da insistência da legislação nesta modalidade de coordenação baseada no controlo pessoal das "autoridades escolares" (relatório do Liceu de Braga, 1951-52), ela é objecto de alguma controvérsia e mesmo crítica, por parte de vários reitores e directores de ciclo. (...)
A referência dos reitores às visitas às aulas era feita, nos relatórios, de três modos diferentes (...):
- De uma maneira vaga, assinalando só que a medida foi cumprida: "O reitor e o vice-reitor assistiram a aulas ou sessões quando lhes deixaram tempo livre as suas demais obrigações lectivas e administrativas". (Relatório do Liceu D. João de Castro, Lisboa, 1949-50).
- Contabilizando com pormenor o número de aulas assistidas: "Os directores de ciclo, como é fácil verificar pelos relatórios que escreveram e pelo que o reitor observou, esforçaram-se sempre por coordenar o ensino dentro de cada ciclo, por meio de visita a aulas, por meio do exame dos livros de ponto e dos cadernos diários e por meio, principalmente, dos conselhos de ciclo. O director do 1º ciclo fez 20 visitas a aulas e sessões; o director do 2º ciclo, 24 visitas; e o reitor 53 visitas." (Relatório do Liceu de Viana do Castelo, 1937-38).
- De maneira crítica: "Esse sistema das visitas às aulas, embora cumprido por ser regulamentar, é sempre feito com desprazer por quem tem de o realizar." (Relatório do Liceu Infanta Dona Maria, Coimbra, 1940-41). (...)
- Dos processos informais aos processos formalizados:
Outro elemento importante a reter da análise dos relatórios sobre a coordenação do ensino é a preferência que é dada pelos reitores em geral aos processos informais baseados nas trocas de impressões entre os professores, em particular nos intervalos das aulas. Esta modalidade que não era, como se compreende, prevista na legislação, é, em alguns casos, contraposta às visitas a aulas, como forma mais expedita para realizar o mesmo fim.
Dois exemplos (entre outros) ilustram claramente esta posição:
- "As visitas às aulas, em que se fundaram tantas esperanças e sobre as quais se construíram alguns castelos de fantasia, mais não são que uma mera ilusão como a experiência tem demonstrado, e a pouco ou nada de proveitoso tem conduzido; fazem-se as visitas, mas reconhece-se que melhores resultados se obtêm da troca diária, hora a hora, de impressões, em conversa, entre professores do mesmo ano, ou do reitor, ou do director de ciclo com eles." (Relatório do Liceu de Santarém, 1942-43).
- Ou, como afirma o reitor do Liceu de Leiria:
"Porém os factores mais salientes que têm tornado, neste liceu, a coordenação do ensino mais perfeita adentro de cada ano e ciclo, são a concentração quase sempre mantida em cada um deles e o contacto permanente dos professores entre si, durante os intervalos das aulas, nos quais, muitas vezes, os problemas de pedagogia e didáctica, ou ainda o aproveitamento dos alunos, são o principal assunto de conversa." (Relatório do Liceu de Leiria, 1940-41). (...)»
João Barroso, Os Liceus, Organização Pedagógica e Administração (1836-1960), I volume, Fundação Calouste Gulbenkian, Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica
Nota - O destacado a vermelho é da minha autoria e não corresponde a qualquer destaque na obra original.
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Fidelidade - Home - Akakus - Líbia
Fotografia de Artur Matias de Magalhães
Fidelidade
O post de hoje é inteiramente dedicado a este valor tão importante na minha vida. Motivada e inspirada por um comentário que me chegou ontem a este blogue e com o qual concordei inteiramente, fiquei a pensar no lugar que a fidelidade ocupa na minha existência. Já aqui falei da importância da fidelidade, mas apenas por linhas travessas, apenas enunciando e deixando percepcionar ao leitor mais atento, a importância que a fidelidade tem para mim. Nunca falei tão explícitamente da fidelidade como hoje falarei.
Dizia o meu comentador que a fidelidade é o Valor que se impõe por si. Ora só me resta concordar com esta linha de pensamento porque, de facto, a fidelidade sobrepõe-se a todos os outros valores que norteiam os nossos passos, nesta caminhada que poderá ser mais curta, mais longa, mais fácil, mais complicada, mais agitada, mais serena. Só serei verdadeiramente honesta, humana, recta, generosa, solidária, empenhada, criativa, dinâmica, coerente, compreensiva, lutadora se permanecer fiel a estes valores ao longo das etapas tão diferenciadas que constituíram, que constituem e constituirão a minha vida e que, constantemente, me deixam a pensar e a ponderar. Se enunciar como meus valores como a honestidade, o humanismo, a solidariedade, e a minha actuação não se mantiver fiel a estes valores, serei apenas uma reles caricatura de mim própria, sem substância, sem miolo, serei apenas uma caricatura oca da imagem que projectei para mim.
Ora eu sou o diabo de um escorpião que procura afincadamente segurar os valores que acolheu um dia como seus. Tenho plena consciência de que é um trabalho complicado, exigente e árduo, mas não é por isso que vou baixar os braços e que me vou deixar arrastar para a imbecilidade e o lodaçal, tantas vezes dominante, constante mesmo, e feito já norma, da nossa sociedade actual, de que eu sou tão crítica. O caminho está pejado de cascas de banana. Cabe-nos a nós andar atentos para não cair na esparrela.
Eu tento. A sério.
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
Boguinhas
Boguinhas I
Boguinhas foi o carinhoso nome com que baptizei o primeiro automóvel por mim comprado, talvez em milésima mão, que servia para me assegurar as deslocações semanais ao Porto, tendo por companhia a minha amiga, e também estudante da Faculdade de Letras, Rogéria.
Até ali as minhas idas ao Porto faziam-se apanhando boleias de gente conhecida, de familiares, e na sua falta, apanhando boleias com o Toninho Cabanelas, estrada nacional fora, durante duas horas de viagem até à Invicta. Sim, no meu tempo de estudante universitária ainda não existia auto-estrada Amarante-Porto e a viagem fazia-se por atalhos, evitando as horas de ponta que atirariam o tempo de viagem, facilmente, para além das duas horas costumeiras. Tenho de confessar que sinto saudades do meu Boguinhas, um Fiat 600 beige, lindo de morrer, que me proporcionou uma série de histórias/aventuras engraçadas que jamais se repetiram ou repetirão.
Recém encartada, pois tirei a carta de condução já após o nascimento da minha filha, e incentivada pela minha querida Rogéria que conduzia como uma profissional, toca de me aventurar a conduzir o boguinhas estrada fora até à Faculdade de Letras, no Campo Alegre. Com a Rogéria sempre atenta do meu lado, dando-me as instruções necessárias na aproximação a um cruzamento ou numa ou noutra situação mais complicada, que eu era uma verdadeira maçarica recém encartada. A chegada à faculdade ocorreu sem problemas de maior e, no fim das aulas, a Rogéria desafia-me a entrar Porto adentro para me habituar ao movimento. E assim foi, Baixa, aqui vamos nós, eis quando se põe o problema de estacionar o meu boguinhas. Onde? Onde? Decidimos estacionar na Praça dos Poveiros onde havia um parque recentemente melhorado com uma maquineta na entrada. Do meu boguinhas ia observando o que os condutores da frente iam fazendo. Pois, calcavam num botão. Pois, saía um papelito. A cancela abria e lá iam eles alegremente procurar um lugar para estacionar os seus bólides. Não era assim tão difícil. Preparada psicologicamente para não fazer figuretas tristes, ataquei a máquina. Abrandei e preparava-me para calcar no botão quando, espanto dos espantos, a "máquina" começa a falar comigo! Uma máquina falante, pensei. E eu sem perceber nada de nada!
Confesso que fiquei atrapalhada. Confesso que fui mesmo assaltada por pânico de maçarica. E agora, Rogéria? "A porcaria da máquina para aqui a falar e eu não percebo nada!! Faço o quê??? Faço o quê???!!" E a "máquina" continuava a sua lenga-lenga e nada de me abrir a cancela! Em pânico, olhei em redor. Nem sei como vi um polícia gesticulando freneticamente fazendo-me sinal da sua guarita para não entrar e avançar por fora do parque na sua direcção. O que fiz, preocupada. Muito preocupada. "Se calhar fiz alguma asneira e já fui apanhada" pensei. Mas afinal não. Era apenas um polícia simpático que queria que eu poupasse uns cobres, indicando-me um lugar fora do parque de estacionamento onde o meu carrito cabia justinho. Lá me ri, comentei a minha atrapalhação de não perceber o que a máquina/polícia me dizia e estacionei o carro direitinho suspirando de alívio por tão bizarra situação. Por momentos confesso que pensara que o futuro se tinha instalado na Praça dos Poveiros, naquela máquina falante. Ufa! Que susto! Ufa, que alívio! Afinal a máquina do Parque de Estacionamento dos Poveiros ainda não tinha essas competências.
Afinal as máquinas dos anos 80 não estavam assim tão espertas.
Ufa! Que alívio!
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
Bobby McFerrin - Thinkin` About Your Body
Robert McFerrin é um virtuoso vocalista capaz de nos deixar a todos de boca aberta com as suas habilidades vocais. Já postei neste blogue a sua música mais conhecida, de seu nome "Don`t Worry, Be Happy", um hino à resistência e optimismo que eu muito aprecio. Hoje deixo-o a sós em palco, a pensar na cara e no corpo de não sei quem. Delicioso. Surpreendente.
Robert McFerrin é um virtuoso vocalista capaz de nos deixar a todos de boca aberta com as suas habilidades vocais. Já postei neste blogue a sua música mais conhecida, de seu nome "Don`t Worry, Be Happy", um hino à resistência e optimismo que eu muito aprecio. Hoje deixo-o a sós em palco, a pensar na cara e no corpo de não sei quem. Delicioso. Surpreendente.
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
A Caminho de Professorzeca - Queima das Fitas - Porto
Fotografia de Não Sei Quem
Professorzecos
Pois foi assim, com este termo carinhoso, que a tutela se referiu a nós, professores, contestatários do tanto que vai mal no reino da educação. Nada de especial neste tratamento, até porque ele só revela que a tutela procura que haja coerência entre a sua actuação e a fundamentação teórica que lhe molda e condiciona os passos. Pensam, afirmam, actuam em conformidade. Está certo.
Não conseguem é fazer melhor do que isto.
E afinal, alguma novidade neste tratamento de professorzecos?
Não, de facto nenhuma, apesar dos sucessivos discursos de reformas travestidas de paixões. Paixões até assolapadas e mais do que assolapadas pela educação. Mas de facto, de facto, como foi que a tutela nos tratou durante anos a fio?
Vejamos o meu caso concreto.
Saída da faculdade, concorri aos famigerados mini-concursos, e obtive uma colocação em Paredes de Viadores que muito preocupou a minha mãe. Horário incompleto, nocturno, por vezes a sair perto da meia-noite, andando por montes e vales 60km, de segunda a sexta-feira, por estradas mal iluminadas e isoladas, num tempo sem telemóveis, conduzindo uma carcaça de Fiat 600 a cair aos pedaços, que não havia dinheiro para mais. Sorte!! Obrigada, Ministério da Educação! O tempo de serviço não me contará todo, mas paciência, pelo menos contará algum!!! O ordenado não o receberei todo, mas pelo menos receberei algum!! Obrigada, Ministério da Educação!!!
E eis que chega 31 de Agosto, tempo de despedimento. "Rua, e vamos lá a ver se te contratamos de novo". Assistência médica cessada, subsídio de desemprego nem vê-lo, aguardo calmamente por novos mini-concursos, uma palhaçada pegada com que o Ministério da Educação nos reduzia à nossa insignificância, nos remetia a todos à nossa condição de professorzecos, dando voltas ao quarteirão do Liceu D. Manuel, mendigando um qualquer horariozito num espectáculo deprimente de terceiro mundismo. Nem sei quantos anos andei nesta palhaçada, sucessivamente contratada, sucessivamente despedida, sem apelo nem agravo, mas foram muitos, demasiados, quase sempre aceitando horários incompletos, correspondendo a ordenados incompletos. A meio do meu percurso, por volta dos meus trinta anos, eis que me toca, finalmente, um horário completo na Escola Secundária do Marco de Canaveses. Tinha só um pequeno defeito. Tinha aulas de manhã, à tarde e à noite, e quatro níveis, nada que não conseguisse aguentar, apesar do cansaço de ter dias a entrar às nove menos quinze e sair pertinho da meia-noite. Nada que não conseguisse aguentar que isto de ser professorzeca exige malabarismos vários. Finalmente, quase aos 40 anos, consigo que o Ministério da Educação me faça o grande favor de me conceder uma vinculação à Função Pública. Obrigada!!! Obrigada!!! Finalmente alguma estabilidade profissional!!! Uf! Estava a ver que não conseguia!! Uf!! Ainda não é vínculo a uma escola, mas que diabo... Uf!!!
Reconheço a minha paciência e o meu masoquismo... tantos anos tratada como professorzeca e ainda tenho a lata de gostar disto!! Ainda tenho a lata de insistir!
É por estas e por outras que pelo facto da tutela me ter chamado de professorzeca isso não constituiu, para mim, novidade nem surpresa. Mais grave do que me chamarem de professorzeca foi o tratarem-me, anos a fio, abaixo de cão, justamente por quem me devia defender, apoiar, acarinhar e afinal se aproveitou do meu trabalho barato, descartável, se aproveitou do meu amor infinito pela sala de aula, pelo ensino.
Resta-me o sorriso final. Políticos leva-os o vento. Já ouvi o pregão das paixões, já senti sucessivas reformas e reformecas e eu continuo por cá. Resta-me o sorriso final. A tutela será outra, provavelmente até nem melhor... mas será outra, mais cedo ou mais tarde.
Políticos leva-os o vento. Nós permaneceremos por cá.
Resistiremos.
domingo, 17 de fevereiro de 2008
Bobby McFerrin - Don`t Worry, Be Happy
Here's a little song I wrote
You might want to sing it note-for-note
Don't worry, be happy
In every life we have some trouble
But when you worry, you make it double
Don't worry, be happy
Don't worry, be happy now
Ooo-oo-hoo-hoo-oo hoo-hoo-oo-oo-oo-oo-ooo
Don't worry
Woo-oo-woo-oo-woo-oo-ooo
Be happy
Woo-oo-oo-oo-ooo
Don't worry, be happy
Ooo-oo-hoo-hoo-oo hoo-hoo-oo-oo-oo-oo-ooo
Don't worry
Woo-oo-woo-oo-oo-oo-ooo
Be happy
Woo-oo-woo-oo-ooo
Don't worry, be happy
Ain't got no place to lay your head
Somebody came and took your bed
Don't worry, be happy
The landlord say your rent is late
He may have to litigate
Don't worry, (ha-ha ha-ha ha-ha) be happy (look at me,
I'm happy)
Ooo-oo-hoo-hoo-oo oo-oo-oo-oo-oo-oo-ooo
Don't worry
Oo-oo-oo-oo-oo-oo-ooo
Be happy
Oo-oo-oo-oo-ooo
(Here, I'll give you my phone number.
When you're worried, call me. I'll make you
happy.)
Ooo-oo-hoo-hoo-oo oo-oo-oo-oo-oo-oo-ooo
Don't worry
Woo-oo-oo-oo-oo-oo-oo
Be happy
Woo-oo-oo-oo-ooo
Ain't got no cash, ain't got no style
Ain't got no gal to make you smile
But don't worry, be happy
`Cause when you're worried, your face will frown
And that will bring everybody down
So don't worry, be happy
Don't worry, be happy now
Ooo-oo-hoo-oo-oo oo-oo-oo-oo-oo-oo-ooo
Don't worry
Oo-oo-oo-oo-oo-oo-ooo
Be happy
Woo-oo-oo-oo-ooo
Don't worry, be happy
Ooo-oo-oo-oo-oo oo-oo-oo-oo-oo-oo-ooo
Don't worry
Woo-oo-oo-oo-oo-oo-oo
Be happy
Woo-oo-oo-oo-ooo
Don't worry, be happy
Ooo-oo-hoo-oo-oo oo-oo-oo-oo-oo-oo-ooo
Don't worry, don't worry
Oo-oo-oo-oo-oo-oo-ooo
Don't do it, be happy
Oo-oo-oo-oo-ooo
Put a smile on your face
Don't bring everybody down like this
Ooo-oo-hoo-hoo-oo oo-oo-oo-oo-oo-oo-ooo
Don't worry
Ooo-oo-oo-oo-oo-oo-oo
It will soon pass, whatever it is
Ooo-oo-oo-oo-ooo
Don't worry, be happy
Here's a little song I wrote
You might want to sing it note-for-note
Don't worry, be happy
In every life we have some trouble
But when you worry, you make it double
Don't worry, be happy
Don't worry, be happy now
Ooo-oo-hoo-hoo-oo hoo-hoo-oo-oo-oo-oo-ooo
Don't worry
Woo-oo-woo-oo-woo-oo-ooo
Be happy
Woo-oo-oo-oo-ooo
Don't worry, be happy
Ooo-oo-hoo-hoo-oo hoo-hoo-oo-oo-oo-oo-ooo
Don't worry
Woo-oo-woo-oo-oo-oo-ooo
Be happy
Woo-oo-woo-oo-ooo
Don't worry, be happy
Ain't got no place to lay your head
Somebody came and took your bed
Don't worry, be happy
The landlord say your rent is late
He may have to litigate
Don't worry, (ha-ha ha-ha ha-ha) be happy (look at me,
I'm happy)
Ooo-oo-hoo-hoo-oo oo-oo-oo-oo-oo-oo-ooo
Don't worry
Oo-oo-oo-oo-oo-oo-ooo
Be happy
Oo-oo-oo-oo-ooo
(Here, I'll give you my phone number.
When you're worried, call me. I'll make you
happy.)
Ooo-oo-hoo-hoo-oo oo-oo-oo-oo-oo-oo-ooo
Don't worry
Woo-oo-oo-oo-oo-oo-oo
Be happy
Woo-oo-oo-oo-ooo
Ain't got no cash, ain't got no style
Ain't got no gal to make you smile
But don't worry, be happy
`Cause when you're worried, your face will frown
And that will bring everybody down
So don't worry, be happy
Don't worry, be happy now
Ooo-oo-hoo-oo-oo oo-oo-oo-oo-oo-oo-ooo
Don't worry
Oo-oo-oo-oo-oo-oo-ooo
Be happy
Woo-oo-oo-oo-ooo
Don't worry, be happy
Ooo-oo-oo-oo-oo oo-oo-oo-oo-oo-oo-ooo
Don't worry
Woo-oo-oo-oo-oo-oo-oo
Be happy
Woo-oo-oo-oo-ooo
Don't worry, be happy
Ooo-oo-hoo-oo-oo oo-oo-oo-oo-oo-oo-ooo
Don't worry, don't worry
Oo-oo-oo-oo-oo-oo-ooo
Don't do it, be happy
Oo-oo-oo-oo-ooo
Put a smile on your face
Don't bring everybody down like this
Ooo-oo-hoo-hoo-oo oo-oo-oo-oo-oo-oo-ooo
Don't worry
Ooo-oo-oo-oo-oo-oo-oo
It will soon pass, whatever it is
Ooo-oo-oo-oo-ooo
Don't worry, be happy
sábado, 16 de fevereiro de 2008
Aniversário - S. Gonçalo - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
Aniversário
Hoje é dia de aniversário. O meu blogue, este blogue, faz hoje precisamente um ano de existência. Hoje fui confirmar a data da primeira postagem e surpresa... o meu palpite foi mesmo na mouche!!!
Relembro que o iniciei no âmbito de uma formação sobre Novas Tecnologias, orientada pelo Valente. Este, o segundo blogue aberto, o sobrevivente, foi precedido por uma experiência abortada que iniciei na formação sem ter a mínima ideia do que iria fazer com um blogue. Aliás, há um ano atrás nem era sequer frequentadora de blogues e estava completamente a leste deste mundo da blogosfera. Abri-o e escrevi a palavra olá. E mais nada. Não me saíu absolutamente mais nada. Já em casa tentei postar de novo... xiiii tinha-me esquecido da palavra passe. Vai daí abri o segundo que é este. Anotei tudo direitinho, código incluído, e atirei-me de cabeça para o precipício que é deparar-me com um espaço vazio, em branco/preto, que é preciso preencher todos os dias. Escrevi um texto sobre a morte da minha mãe que me andava a sufocar. Foi a minha primeira postagem. E depois andei a tactear. Depois de aprender a postar texto foi a vez de fazer experiências com as fotografias, ver tamanhos e formas. Seguiram-se as experiências com vídeos, o que também aprendi nas calmas, porque todos estes procedimentos no blogue têm uma característica comum que é a extrema facilidade com que se levam a bom porto. Introduzir hiperligações também não constituíu problema e o blogue foi crescendo e amadurecendo, espero eu, até hoje, dia em que ele completa um ano de idade e está na postagem 520. Já o interrompi, resultado duma crise existencial, que às vezes também tenho, mas não gosto mesmo de coisas interrompidas e vai daí retomei-o pouco tempo depois. Postar faz hoje parte das minhas rotinas diárias, como ir à escola, ir ao café ou sentar-me à mesa para comer. E descobri que postar nunca constituíu, para mim, um problema assim tão grande neste ano de escrita. E descobri também, quase a brincar, que era capaz de escrever, eu que nunca tinha escrito absolutamente nada em 45 anos de vida, e que nem durante a adolescência tive a pachorra de manter o costumeiro diário que toda a rapariga deveria ter naquele tempo.
Dúvidas sobre o blogue tenho muitas, sobre a qualidade dos textos escritos, sobre a pertinência dos temas abordados. Sei que me esforço por escrever um português escorreito e correcto, sem erros ortográficos nem faltas de acentos, mas a cada passo escapam-me gatinhos que numa posterior leitura descubro a miar aqui e ali. Mas também sei que se não faço melhor é porque não consigo, porque sei que cuido da imagem e da estética do dito, que procuro que seja sóbria e discreta, que cuido das mensagens escritas o melhor que posso e sei, e aceito isto como um facto.
Há textos de que gosto particularmente e outros nem tanto. Há textos que me continuam a provocar gargalhadas tal e qual como quando os escrevi. E outros que me fazem ficar com os olhos rasos de água. Afinal, este blogue é como a vida. Afinal este blogue é também ele a minha vida. Não toda, nem de longe nem de perto, mas muito do que eu sou está aqui e nem poderia ser doutra forma.
É que
"O meu blogue sou eu... mas eu não sou o meu blogue..."
Formação Contínua
A formação contínua é extremamente importante para um cada vez melhor desempenho profissional e ela será tanto mais importante quanto as novidades surgirem em maior quantidade, qualidade, e num cada vez menor espaço de tempo. A vida de um professor não foge a esta regra básica da necessidade imperiosa de fazer formação de forma sistemática para ajustar procedimentos, contactar com outras realidades, pensar novas formas de actuar, até de trocar experiências com outros colegas que vivem outras realidades. Por isso ontem foi dia de frequentar um workshop de História centrado na problemática da avaliação de competências, organizado pela Porto Editora, e orientado pela formadora Cristina Maia. Foi dia de sair das aulas a correr, almoçar engolindo a comida quase sem tempo para a mastigar e marchar para a Escola de Telões onde fui recebida pelo meu caríssimo colega de grupo, Jorge Silva, que me serviu de cicerone pela escola, ainda nova, que eu desconhecia.
Quanto à formação quero registar que valeu a pena até alterar a aula do meu CEF de Carpintaria para poder estar presente neste workshop com um carácter tão prático e donde saímos todos mais enriquecidos. Gosto particularmente deste tipo de formação onde não se perde tempo com subterfúgios e conversas quantas vezes de treta e se vai directo ao assunto sem rodeios. Gosto particularmente da formação que tem consequências na nossa vida profissional porque nos enriquece de facto, porque nos faz trilhar novos caminhos, tentar novas abordagens.
Foi o caso desta. Resta-me agradecer à Porto Editora e à minha colega Cristina Maia.
Foi o caso desta. Resta-me agradecer à Porto Editora e à minha colega Cristina Maia.
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
Pizinho - Amarante
Fotografia de Não Sei Quem
Aniversário - Pizinho Descascado
Hoje é dia de aniversário para um dos meus muitos cunhados com quem tenho a sensação de privar há vinte mil anos. De feitio aparentemente difícil, brusco, sério, muito reservado e circunspecto, muitas vezes aparentando estar zangado com o mundo, é capaz de pôr a fugir a sete pés qualquer um que dele se aproxime só com um olhar! Cultiva e volta a cultivar o seu Jardim da Oliveiras onde se passeiam, "Que remédio!", as suas três flores mais preciosas, de seu nome Pedro, Vera filha e Vera mãe, que ele cultiva com enorme dedicação e carinho apesar do feitio aparentemente muiiito difícil. Corta e apára a relva uma e outra vez, sem descuidos nem desleixos, e o mesmo faz com as suas flores que assim crescem aconchegadas.
Hoje é dia de aniversário para um dos meus muitos cunhados com quem tenho a sensação de privar há vinte mil anos. De feitio aparentemente difícil, brusco, sério, muito reservado e circunspecto, muitas vezes aparentando estar zangado com o mundo, é capaz de pôr a fugir a sete pés qualquer um que dele se aproxime só com um olhar! Cultiva e volta a cultivar o seu Jardim da Oliveiras onde se passeiam, "Que remédio!", as suas três flores mais preciosas, de seu nome Pedro, Vera filha e Vera mãe, que ele cultiva com enorme dedicação e carinho apesar do feitio aparentemente muiiito difícil. Corta e apára a relva uma e outra vez, sem descuidos nem desleixos, e o mesmo faz com as suas flores que assim crescem aconchegadas.
Ah, e quase me esquecia dos dois grandes defeitos intrínsecos a este indivíduo - coitado, é benfiquista e, coitado, é loiro!!!
Pois este indivíduo, depois de descascado, revela-se um indivíduo tímido, correcto, leal, honesto, pacato, desejando que não o chateiem porque ele também nunca chateará ninguém, duma verticalidade a toda a prova, e com um sentido de humor francamente extraordinário, explodindo frequentemente numa gargalhada perante as palermices que me vão saíndo diariamente boca fora. Diz-me frequentemente a rir "Estás cada vez pior! Deve ser da idade!"
Pois este indivíduo faz hoje 44 anitos. Vai pois na minha peugada, com a certeza, porém, de que nunca me conseguirá alcançar.
Hoje haverá bolo de anos e velinhas para apagar na casa do Jardim das Oliveiras e por isso deixo aqui registados os meus mais sinceros parabéns duma cunhada que estará sempre por aqui para as curvas e para o que ele precisar.
E quanto ao riso vou ver se to continuo a provocar por mais 44 anos!!!
Beijocas grandes.
Pois este indivíduo, depois de descascado, revela-se um indivíduo tímido, correcto, leal, honesto, pacato, desejando que não o chateiem porque ele também nunca chateará ninguém, duma verticalidade a toda a prova, e com um sentido de humor francamente extraordinário, explodindo frequentemente numa gargalhada perante as palermices que me vão saíndo diariamente boca fora. Diz-me frequentemente a rir "Estás cada vez pior! Deve ser da idade!"
Pois este indivíduo faz hoje 44 anitos. Vai pois na minha peugada, com a certeza, porém, de que nunca me conseguirá alcançar.
Hoje haverá bolo de anos e velinhas para apagar na casa do Jardim das Oliveiras e por isso deixo aqui registados os meus mais sinceros parabéns duma cunhada que estará sempre por aqui para as curvas e para o que ele precisar.
E quanto ao riso vou ver se to continuo a provocar por mais 44 anos!!!
Beijocas grandes.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Dia dos Namorados
Ainda vou a tempo. Não de tecer grandes considerações sobre este dia tão especial para quem continua a namorar, mas ainda vou a tempo de provar que continua a ser possível o namoro depois do casamento. Ainda vou a tempo de postar as minhas rosas vermelhas do dia dos namorados. Já me fartei de gargalhar. Rosas vermelhas... dia dos namorados... hum....
Fadinha do Lar
Fadinha do Lar - S. Gonçalo - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
Fadinha do Lar
E já lá vai mais de um mês que por aqui ando disfarçada de fadinha do lar. Todos os dias as mesmas coisas, sempre iguais, sempre imutáveis. Fazer camas, arrumar loiças, limpar pós, limpar quartos de banho, passar a rouparia a ferro, arrumar a rouparia passada a ferro, pôr roupa a lavar, pôr roupa a secar, regar plantas, limpar pátios, limpar chão... bolas, serviço deprimente este. Mas estou satisfeita comigo mesma. A aguentar estoicamente, e a minha casa continua sem se ressentir da baixa da verdadeira fadinha do lar. E continuo a conseguir conciliar todas as actividades em que estou envolvida. Continuo a ser fadinha do lar, mulher do meu homem, mãe da minha filha, amiga dos meus amigos, jardineira na Barca, que já comecei a escapulir-me para lá aproveitando estes dias soalheiros de Inverno, professora dos meus alunos, professora a braços com reformas complicadas e ambientes deprimentes, e continuo a preparar as minhas apresentações em PowerPoint, a elaborar nas calmas o meu portfólio digital, continuo a ter tempo de postar aqui mesmo na blogosfera e agora é também tempo de corrigir testes que estou a ficar encharcada neles.
É por isso que continuo a sentir que sou como os meus sapatinhos - Versátil!
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
Casca de Banana - S. Gonçalo - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
Cair na Esparrela ou Escorregar na Casca de Banana
Hoje foi dia de cair na esparrela montada, por acaso, pela minha turma de CEF, do curso de electricidade de 2º ano. Turma exclusivamente composta por rapazes, convém que esclareça.
A aula decorria dentro da normalidade e eis que batem à porta. Eram três meninas do 9º ano que me pediram autorização para entregar um inquérito, realizado no âmbito de Área de Projecto, que versava a temática da Higiene Oral. Os inquéritos lá foram prontamente preenchidos e depois das alunas saírem começam os meus alunos a questionar-me sobre a temática. E isto e aquilo, e sobre os hábitos de higiene oral que todos devemos ter, "E o uso do fio dental, professora, é importante?" "Sim, devem usar diariamente." E estavamos nós nisto, e eis que um dos meus rapazes me pergunta com o ar mais cândido e inocente do mundo "E a professora, usa fio dental?" "Sim, todos os dias."- respondi eu prontamente. Estava eu a acabar a resposta e a aperceber-me que já não ia a tempo de salvar a situação. Caí na esparrela. E foi a gargalhada geral. Fum, fum, fum, contorciam-se eles em risadas. Fum, fum, fum. Longe, longe do segundo sentido da coisa, caí que nem um patinho. Longe do segundo sentido da coisa escorreguei na casca da banana que eles me atiraram para os pés. E lá tive eu de fazer uso da minha capacidade de encaixe, já bem exercitada e oleada ao longo da minha vida profissional. E confesso que me foi impossível conter o riso e acabei também a gargalhar pois felizmente a brincadeira ficou por ali mesmo, pela demonstração da perspicácia e do sentido de humor por parte daqueles electricistas malandros.
Sem dúvida, rapazes malandros, os meus electricistas!
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
Fluxograma da Fé
Sem tempo para mais, porque hoje é dia de reunião de grupo e as reuniões do meu grupo têm obrigatoriamente prolongamento à volta de uma mesa, comendo um apetitoso jantar histórico para descontrair e despressurizar a moleirinha, posto somente um excelente fluxograma que me chegou via e-mail. Desconheço a autoria desta mensagem tão límpida e cristalina. Divulgo-a em jeito de provocação.
E mais não digo.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
Maria Salomé
Maria Salomé - Grande Erg Oriental - Líbia
Fotografia de Artur Matias de Magalhães
Maria Salomé
Hoje vou falar desta personagem, que conheci através do Artur, e que é mais uma farmacêutica da "praga" de farmacêuticos que me saiu na rifa, e que me tocou aturar ao longo da minha vida. Estou naturalmente a brincar, porque estes farmacêuticos são tudo menos pragas. São gente muito, muito interessante, e muito interessada, são gente extraordinariamente organizada e com uma capacidade de trabalho rara, que partilham a informação e o modus operandi de cada um, aprendendo e progredindo uns com os outros numa partilha de tudo que sempre me deixou fascinada e inspirada. São características comuns a todos eles que nem sei se lhes foram incutidas na faculdade se o que é que foi que aconteceu mas que também não vem agora para o caso.
Ora esta farmacêutica, de seu nome Maria Salomé, minha especialíssima amiga, por quem eu nutro uma profunda admiração, está hoje de parabéns e é só mais uma a virar cinquentona. Verdade verdadinha ninguém lhe dá a idade que já tem e parece antes uma ganapa pouco mais do que adolescente. Pudera, esta "enormíssima" mulher, cheia de garra e genica, sempre pronta a agarrar a vida pelos cornos e a toureá-la na arena, tem afinal um metro e cinquenta de altura e nem digo o seu peso para não escandalizar ninguém com o seu peso pluma, peso este que não a impediu de tirar até o brevet de piloto de aviação, e agora é vê-la pelos ares conduzindo a sua máquina voadora.
Pois esta minha amiga, que faz hoje cinquenta anos, tem uma característica muito especial, para além da beleza, da inteligência, da sagacidade, da capacidade de trabalho, da bondade, da solidariedade, da perspicácia, da organização, da lucidez, da perseverança e nem sei mais do quê, porque ela é tudo isto e muito mais, pois esta minha amiga, dizia eu, tem uma característica que me fascina desde sempre e que a distingue de todas nós. A Maria Salomé é naturalmente chique e tem não sei o quê que faz com que ela possa vestir um "trapinho" e ofusque em elegância todo o mulherio à sua volta. Será que a ajuda o facto de ela ser parecida com a Júlia Roberts? Não sei, mas sei que é assim. E foi vê-la na Líbia, em pleno deserto, a passar por todas as provações que o restante mulherio passou... todas nós feitas num trapo, a bem dizer feitas num oito, completamente esbodegadas, e a Maria Salomé com o seu naturalmente bom ar de sempre. Um enigma. Uma incógnita.
Pois eu gosto tanto desta personagem, que entrou na minha vida via Artur, que a convidei há vinte e quatro anos para ser a madrinha da minha filha Joana. E como ela a abençou bem...
Por isso obrigada, Maria Salomé, pelo raro privilégio que me concedes ao seres minha amiga. E parabéns, neste dia tão especial para ti. Venham mais cinquenta. Não tenho dúvidas que saberás dar conta deles.
E pronto, lá terei eu de me vestir de preto, que com preto não me comprometo, meiinha na perna, tailleur no corpo, sapatito de tacão alto no pé... que sacrifício... mas o que é que eu não faço por esta mulher?
Muitos parabéns!
domingo, 10 de fevereiro de 2008
Palhaçadas (e não me apetece dizer mais nada)
Educação: Escolas passam a definir prazos da avaliação de desempenho dos professores, mas processo mantém-se
10 de Fevereiro de 2008, 07:00
Lisboa, 10 Fev (Lusa) - "O Ministério da Educação decidiu alterar novamente os prazos para as escolas produzirem instrumentos de registo e para os professores definirem objectivos individuais para os anos lectivos de 2007 a 2009, no âmbito do processo de avaliação de desempenho.
Reconhecendo as dificuldades dos estabelecimentos de ensino no cumprimento daqueles prazos, o secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, afirmou sábado à Lusa que não faz sentido "comprometer todo o processo por causa dos prazos intermédios".
De acordo com estes prazos, as escolas tinham até 25 de Fevereiro para aprovar os instrumentos de registo e de medida, e os docentes até 10 de Março para estabelecer os seus objectivos individuais para os anos lectivos 2007/08 e 2008/09, já que a avaliação de desempenho realiza-se de dois em dois anos, segundo o Estatuto da Carreira Docente (ECD).
Depois de uma reunião entre a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, e os secretários de Estado Valter Lemos e Jorge Pedreira com o Conselho das Escolas, órgão consultivo do Ministério da Educação (ME), a tutela decidiu sábado que as escolas poderão fixar os seus próprios prazos.
"Mediante decisão fundamentada das direcções executivas, ouvidos os conselhos pedagógicos, fixar os seus próprios prazos para a realização daquela avaliação", referiu o Ministério da Educação.
"Desde que estes não ponham em causa o cumprimento das regras da avaliação, designadamente os direitos, os deveres e os períodos objecto de avaliação", acrescenta o ME, em comunicado divulgado sábado à noite.
A polémica em torno da avaliação de desempenho dos docentes começou a 10 de Janeiro, quando foi publicado o decreto regulamentar sobre esta matéria.
Este documento, estipulava que nos primeiros 20 dias úteis após a sua entrada em vigor as escolas deverão aprovar "os instrumentos de registo e os indicadores de medida" e passados dez dias os docentes deveriam definir os objectivos individuais.
No entanto, o mesmo diploma refere que aqueles instrumentos de registo, a aprovar pelos conselhos pedagógicos das escolas, terão em conta "as recomendações formuladas pelo conselho científico para a avaliação de professores".
O prazo terminava a 08 de Fevereiro, mas a 24 de Janeiro ainda não eram conhecidas as recomendações daquele órgão, que formalmente ainda não estava constituído.
A 24 de Janeiro, o Governo alterou pela primeira vez os prazos, decidindo que os mesmos começavam a contar a partir do momento em que fossem conhecidas as recomendações do Conselho Científico para a Avaliação de Professores (CCAP).
As recomendações acabaram por ser conhecidas no dia 25 à noite, definindo a tutela que os prazos começavam a contar a partir de 28 de Janeiro, segunda-feira.
No entanto, as recomendações "genéricas" do CCAP sobre os instrumentos da avaliação de desempenho só foram divulgadas porque o secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, emitiu um despacho em que delegou competências na presidente do CCAP, enquanto o órgão não fosse formalmente constituído.
Apesar de entretanto já ter sido divulgado o despacho que define a constituição do CCAP e o seu modo de funcionamento, ainda estão para ser divulgados os nomes das 20 personalidades que o integram, que se vão juntar a Conceição Castro Ramos, ex-inspectora geral da Educação, já designada presidente do CCAP.
A Federação Nacional do Ensino e Investigação (Fenei) entregou uma providência cautelar a pedir a suspensão do processo de avaliação de desempenho, tendo em conta um conjunto de "irregularidades e ilegalidades".
De acordo com a federação, a providência cautelar foi aceite sexta-feira pelo Tribunal Administrativo de Lisboa, tendo o Governo dez dias úteis para a contestar.
A estrutura sindical alega que o despacho de Jorge Pedreira é ilegal, argumentando que o decreto que regulamenta a avaliação de desempenho dos professores e o próprio Estatuto da Carreira Docente estipulam que as recomendações têm de ser produzidos pelo CAAP enquanto órgão, e não pela sua presidente, individualmente.
"A presidente do Conselho Cientifico para a Avaliação dos Professores exerce transitoriamente as funções que por força do artigo [...] são atribuídas ao conselho, até à sua efectiva constituição", lê-se no despacho assinado por Jorge Pedreira a 24 de Janeiro.
Numa altura em que os sindicatos de docentes pediram a suspensão do processo de avaliação de desempenho docente, afirmando que as escolas não conseguiriam cumprir os prazos dada a ausência das recomendações do CCAP, o Governo afirmou não ser obrigatório que os estabelecimentos de ensino seguissem as orientações daquele órgão.
"Os conselhos pedagógicos podem produzir os seus instrumentos sem essas recomendações. Não é obrigatório que as recomendações existam. O decreto regulamentar diz «tendo em conta as recomendações que forem formuladas». Se não forem formuladas...", afirmou o secretário de Estado Adjunto e da Educação.
O processo de avaliação de desempenho dos professores contratados tem de estar concluído até ao final deste ano lectivo e o dos restantes, a grande maioria, até ao final do ano lectivo 2008/09."
MLS.
Lusa/Fim
Educação: Escolas passam a definir prazos da avaliação de desempenho dos professores, mas processo mantém-se
10 de Fevereiro de 2008, 07:00
Lisboa, 10 Fev (Lusa) - "O Ministério da Educação decidiu alterar novamente os prazos para as escolas produzirem instrumentos de registo e para os professores definirem objectivos individuais para os anos lectivos de 2007 a 2009, no âmbito do processo de avaliação de desempenho.
Reconhecendo as dificuldades dos estabelecimentos de ensino no cumprimento daqueles prazos, o secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, afirmou sábado à Lusa que não faz sentido "comprometer todo o processo por causa dos prazos intermédios".
De acordo com estes prazos, as escolas tinham até 25 de Fevereiro para aprovar os instrumentos de registo e de medida, e os docentes até 10 de Março para estabelecer os seus objectivos individuais para os anos lectivos 2007/08 e 2008/09, já que a avaliação de desempenho realiza-se de dois em dois anos, segundo o Estatuto da Carreira Docente (ECD).
Depois de uma reunião entre a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, e os secretários de Estado Valter Lemos e Jorge Pedreira com o Conselho das Escolas, órgão consultivo do Ministério da Educação (ME), a tutela decidiu sábado que as escolas poderão fixar os seus próprios prazos.
"Mediante decisão fundamentada das direcções executivas, ouvidos os conselhos pedagógicos, fixar os seus próprios prazos para a realização daquela avaliação", referiu o Ministério da Educação.
"Desde que estes não ponham em causa o cumprimento das regras da avaliação, designadamente os direitos, os deveres e os períodos objecto de avaliação", acrescenta o ME, em comunicado divulgado sábado à noite.
A polémica em torno da avaliação de desempenho dos docentes começou a 10 de Janeiro, quando foi publicado o decreto regulamentar sobre esta matéria.
Este documento, estipulava que nos primeiros 20 dias úteis após a sua entrada em vigor as escolas deverão aprovar "os instrumentos de registo e os indicadores de medida" e passados dez dias os docentes deveriam definir os objectivos individuais.
No entanto, o mesmo diploma refere que aqueles instrumentos de registo, a aprovar pelos conselhos pedagógicos das escolas, terão em conta "as recomendações formuladas pelo conselho científico para a avaliação de professores".
O prazo terminava a 08 de Fevereiro, mas a 24 de Janeiro ainda não eram conhecidas as recomendações daquele órgão, que formalmente ainda não estava constituído.
A 24 de Janeiro, o Governo alterou pela primeira vez os prazos, decidindo que os mesmos começavam a contar a partir do momento em que fossem conhecidas as recomendações do Conselho Científico para a Avaliação de Professores (CCAP).
As recomendações acabaram por ser conhecidas no dia 25 à noite, definindo a tutela que os prazos começavam a contar a partir de 28 de Janeiro, segunda-feira.
No entanto, as recomendações "genéricas" do CCAP sobre os instrumentos da avaliação de desempenho só foram divulgadas porque o secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, emitiu um despacho em que delegou competências na presidente do CCAP, enquanto o órgão não fosse formalmente constituído.
Apesar de entretanto já ter sido divulgado o despacho que define a constituição do CCAP e o seu modo de funcionamento, ainda estão para ser divulgados os nomes das 20 personalidades que o integram, que se vão juntar a Conceição Castro Ramos, ex-inspectora geral da Educação, já designada presidente do CCAP.
A Federação Nacional do Ensino e Investigação (Fenei) entregou uma providência cautelar a pedir a suspensão do processo de avaliação de desempenho, tendo em conta um conjunto de "irregularidades e ilegalidades".
De acordo com a federação, a providência cautelar foi aceite sexta-feira pelo Tribunal Administrativo de Lisboa, tendo o Governo dez dias úteis para a contestar.
A estrutura sindical alega que o despacho de Jorge Pedreira é ilegal, argumentando que o decreto que regulamenta a avaliação de desempenho dos professores e o próprio Estatuto da Carreira Docente estipulam que as recomendações têm de ser produzidos pelo CAAP enquanto órgão, e não pela sua presidente, individualmente.
"A presidente do Conselho Cientifico para a Avaliação dos Professores exerce transitoriamente as funções que por força do artigo [...] são atribuídas ao conselho, até à sua efectiva constituição", lê-se no despacho assinado por Jorge Pedreira a 24 de Janeiro.
Numa altura em que os sindicatos de docentes pediram a suspensão do processo de avaliação de desempenho docente, afirmando que as escolas não conseguiriam cumprir os prazos dada a ausência das recomendações do CCAP, o Governo afirmou não ser obrigatório que os estabelecimentos de ensino seguissem as orientações daquele órgão.
"Os conselhos pedagógicos podem produzir os seus instrumentos sem essas recomendações. Não é obrigatório que as recomendações existam. O decreto regulamentar diz «tendo em conta as recomendações que forem formuladas». Se não forem formuladas...", afirmou o secretário de Estado Adjunto e da Educação.
O processo de avaliação de desempenho dos professores contratados tem de estar concluído até ao final deste ano lectivo e o dos restantes, a grande maioria, até ao final do ano lectivo 2008/09."
MLS.
Lusa/Fim
Epidemias I
Hoje vou falar de uma epidemia, surgida no século passado, e que corre o risco de se tornar uma verdadeira praga neste nosso século XXI. Trata-se de uma epidemia que ataca o ser humano de forma bastante selectiva, e que ataca predominantemente o género feminino. Os efeitos desta doença são mais visíveis no Hemisfério Norte, muito embora este fenómeno tenha também bastante penetração nalguns países do Hemisfério Sul, como por exemplo no Brasil ou na Argentina. Prevejo mesmo que a contaminação será global à medida que mais países entrarem na economia de mercado, à medida que mais países conseguirem dar um melhor nível de vida às suas populações. É que esta epidemia está relacionada com um certo poder e riqueza material dos povos e o mais das vezes relaciona-se com muita pobreza mental, já que esta doença grassa nas sociedades ditas desenvolvidas, onde o parecer é globalmente mais importante do que o ser.
Desconheço completamente o agente infeccioso, desconheço completamente as causas de tão peculiar doença e por isso vou presumir. Os meus leitores perdoar-me-ão. Presumo tratar-se de uma virose, uma virose que ataca as células cerebrais no seu conjunto provocando um curto-circuito cerebral e que tem como efeito colateral, sendo mesmo a única manifestação visível da doença, o surgimento de duas mamas de silicone. Ainda há bem pouco tempo foi notícia por todo o Portugal a infecção de uma nova mulher, jovem, de seu nome Floribella. Não há hipótese, quando os neurónios entram em curto-circuito... lá está, mamas de silicone. Que por sua vez provocam outro curto-circuito cerebral fazendo com que as mulheres apresentem comportamentos estranhos e comecem a pavonear e a ostentar umas coisas ridículas e inestéticas, a maioria das vezes mais parecidas com umas bolas, de maior ou menor tamanho, a maior parte das vezes de grande ou mesmo enorme tamanho, confundindo estas mulheres quantidade com qualidade.
Ontem foi dia de discutir estes assuntos tão elevados em casa da minha sogra provocando as gargalhadas de quem lá estava com as minhas palermices. E se o saquito de silicone sai do sítio? Poder-se-à ficar com umas mamas de lado? Ou até quem sabe uma no sítio e outra de lado, para ser mais original? E não devem se esquisitas ao tacto? Sim, devem ter uma consistência fora do vulgar. E quanto à temperatura? Arre que devem ser frias... pois se não têm irrigação sanguínea!
Fiquei a pensar. Tanta consequência por causa de uma virose que ataca os neurónios provocando-lhes um curto-circuito cerebral que por sua vez se reflecte nas mamas! Safa!! Epidemia perigosa esta, que ataca o mulherio a partir de tenra idade, e faz com que adolescentes de dez, doze, catorze anos peçam de prenda de anos aos pais a manifestação visível desta estranhíssima doença. Este mundo está um lugar estranho.
PS - Propositadamente este post ficará sem a correspondente postagem iconográfica. Não me faltariam fotografias na Net sobre tão peculiar fenómeno, mas por uma questão de respeito para com as infectadas o post ficará assim. Singelo.
Hoje vou falar de uma epidemia, surgida no século passado, e que corre o risco de se tornar uma verdadeira praga neste nosso século XXI. Trata-se de uma epidemia que ataca o ser humano de forma bastante selectiva, e que ataca predominantemente o género feminino. Os efeitos desta doença são mais visíveis no Hemisfério Norte, muito embora este fenómeno tenha também bastante penetração nalguns países do Hemisfério Sul, como por exemplo no Brasil ou na Argentina. Prevejo mesmo que a contaminação será global à medida que mais países entrarem na economia de mercado, à medida que mais países conseguirem dar um melhor nível de vida às suas populações. É que esta epidemia está relacionada com um certo poder e riqueza material dos povos e o mais das vezes relaciona-se com muita pobreza mental, já que esta doença grassa nas sociedades ditas desenvolvidas, onde o parecer é globalmente mais importante do que o ser.
Desconheço completamente o agente infeccioso, desconheço completamente as causas de tão peculiar doença e por isso vou presumir. Os meus leitores perdoar-me-ão. Presumo tratar-se de uma virose, uma virose que ataca as células cerebrais no seu conjunto provocando um curto-circuito cerebral e que tem como efeito colateral, sendo mesmo a única manifestação visível da doença, o surgimento de duas mamas de silicone. Ainda há bem pouco tempo foi notícia por todo o Portugal a infecção de uma nova mulher, jovem, de seu nome Floribella. Não há hipótese, quando os neurónios entram em curto-circuito... lá está, mamas de silicone. Que por sua vez provocam outro curto-circuito cerebral fazendo com que as mulheres apresentem comportamentos estranhos e comecem a pavonear e a ostentar umas coisas ridículas e inestéticas, a maioria das vezes mais parecidas com umas bolas, de maior ou menor tamanho, a maior parte das vezes de grande ou mesmo enorme tamanho, confundindo estas mulheres quantidade com qualidade.
Ontem foi dia de discutir estes assuntos tão elevados em casa da minha sogra provocando as gargalhadas de quem lá estava com as minhas palermices. E se o saquito de silicone sai do sítio? Poder-se-à ficar com umas mamas de lado? Ou até quem sabe uma no sítio e outra de lado, para ser mais original? E não devem se esquisitas ao tacto? Sim, devem ter uma consistência fora do vulgar. E quanto à temperatura? Arre que devem ser frias... pois se não têm irrigação sanguínea!
Fiquei a pensar. Tanta consequência por causa de uma virose que ataca os neurónios provocando-lhes um curto-circuito cerebral que por sua vez se reflecte nas mamas! Safa!! Epidemia perigosa esta, que ataca o mulherio a partir de tenra idade, e faz com que adolescentes de dez, doze, catorze anos peçam de prenda de anos aos pais a manifestação visível desta estranhíssima doença. Este mundo está um lugar estranho.
PS - Propositadamente este post ficará sem a correspondente postagem iconográfica. Não me faltariam fotografias na Net sobre tão peculiar fenómeno, mas por uma questão de respeito para com as infectadas o post ficará assim. Singelo.