Cravos de Abril - S. Gonçalo - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
Confesso que em tempos recentes, mas que já lá vão, programei, para este dia, juntar-me aos manifestantes na bela cidade do Porto para comemorar colectivamente tão importante data.
Mas eis que ontem troquei as voltas aos planos previamente feitos... não há como manter esta plasticidade mental de decidir uma outra coisa totalmente diferente da que se tinha anteriormente pensado para nos mantermos em forma, física e espiritualmente falando.
Vai daí hoje comemorei a data dentro do meu Tâmega, em passeio familiar de canoa que me levou de Amarante à vizinha cidade do Marco de Canaveses. O rio estava espectacular, feito de rápidos fantásticos e revoltosos pertinho do ponto de entrada, em plena Ilha dos Amores, rápidos mais suaves logo de seguida, e um Tâmega suave, tão baixinho que dá para sair em pleno meio do rio em muitos pontos daqui até ao Marco. Pelo caminho fomos brindados com o avistamento de uma garça que nem se mexeu à nossa passagem e um ou outro pato bravo que ora nadavam, ora esvoaçavam rente ao espelho de água numa cena digna de um National Geografic!
Ainda tivemos tempo de fazer uma incursão no rio Ovelha, quase até à grande cascata da Pontinha, água completamente transparente onde foi bom cair e refrescar as ideias neste dia de tempo magnífico, quase de Verão.... e pensar... 25 de Abril... Sempre!
Chegada a casa, recuei no tempo, ao ano de 2008, ano em que fui brindada com uma maravilhosa poesia de esperança, feita por um aluno meu à época, sobre este dia tão especial para todos os portugueses, quer o tenham vivido... quer não.
Não fora este dia e eu não teria a liberdade de escrever o que escrevo nestas páginas e por isso estarei sempre grata a quem empunhou as armas para derrubar um anacronismo.
Não fora este dia e eu não poderia, por certo, publicar a poesia fabulosa do meu Maracujá.
25 de Abril, Sempre!
Sentei-me no jardim, na terra aquecida pelo solarengo dia que se vivia.
Estava no meio das flores e do chilrear dos pássaros.
Gentilmente toquei as ásperas pedras quentes que estavam a meu lado.
Olhos do mundo.
Perto delas estava um cravo
Fraco e débil
Saudoso do lar
Uma qualquer espingarda de Abril
Uma qualquer arma da revolução...
A Liberdade
O espírito perdeu-se
ou Evoluiu
o cravo vermelho foi esquecido
Mas naquele dia e nos outros eu era livre
Mesmo se nem sempre o valorizámos
Contudo
o cravo de Portugal
ou Portugal num cravo
jaziam no chão...
Propósitos perdidos
Ideais corrompidos.
A Liberdade não era a mesma
Coisas que não deviam ser esquecidas estavam perdidas.
Olhei o Céu e as Árvores e pedi conselhos.
Então num virar da ampulheta
Olhei à minha volta e vi cravos vermelhos
Até onde o olhar alcançava
E quem sabe mais além
A Liberdade de Abril
do Abril da Liberdade
subsistia.
Estava de novo viva.
Empunhada pelos jovens.
Então peguei na mais bela das pedras que estava ao meu lado
E tentei vergá-la mas não fui capaz.
Era Portuguesa e livre.
Tal como eu
Tal como nós.
25 de Abril, Sempre!
Maracujá
Senti uma náusea e um vómito enorme, quando os deputados "entoaram" canções ligadas a Abril.
ResponderEliminarNhec!
Nem os ouvi, Hélio! Estou a ficar pelos cabelos com essa estirpe! :(
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