quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Perda - Zé Pedro (1956-2017)


Perda - Zé Pedro (1956-2017)

Boa viagem, Zé Pedro!

Ai contentores contentores...

A carga pronta metida nos contentores
Adeus aos meus amores que me vou
P'ra outro mundo
É uma escolha que se faz
O passado foi lá atrás

A carga pronta metida nos contentores
Adeus aos meus amores que me vou
P'ra outro mundo
Num voo nocturno num cargueiro espacial
Não voa nada mal isto onde vou
P'lo espaço fundo

Mudaram todas as cores
Rugem baixinho os motores
E numa força invencível
Deixo a cidade natal
Não voa nada mal
Não voa nada mal
Não voa nada mal
Não voa nada mal
Não voa nada mal

Pela certeza  dum bocado de treva
De novo Adão e Eva a renascer
No outro mundo
Voltar a zero num planeta distante
Memória de elefante talvez
O outro mundo.

É uma escolha que se faz
O passado foi lá atrás
E nasce de novo o dia
Nesta nave de Noé

Um pouco de fé
Um pouco de fé
Um pouco de fé
Um pouco de fé

Um pouco de fé
Um pouco de fé
Um pouco de fé
Um pouco de fé

Iluminação de Natal - Discriminação - Rua da Cadeia - Amarante

Iluminação de Natal - Rua da Cadeia - Amarante
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Iluminação de Natal - Discriminação - Rua da Cadeia - Amarante

A Rua da Cadeia continua a ser discriminada negativamente pela Câmara Municipal no que a iluminação de Natal diz respeito. Bem sei que do ano passado para este ano a primeira parte desta rua, chamada Teixeira de Vasconcelos, ganhou já adornos coloridos e luminosos, daqueles mais ou menos pirosos, mas a restante Rua da Cadeia, em Amarante, continua escura como breu.  
Assim sendo, o Município dá-nos, mais uma vez, a oportunidade de nos interrogarmos do porquê desta discriminação negativa sem que consigamos vislumbrar uma explicação plausível. Esta é uma das ruas mais importantes e antigas do velho burgo, para mim a mais bela, aqui vive gente dinâmica, há uma escola onde estudam centenas de crianças, a Associação de Comerciantes tem aqui a sua sede, há comerciantes corajosos que arriscam renovar e dinamizar esta rua que, vão ver!, não tarda nada vai deixar de ter este cariz meio desprezado e abandonado que durante anos a caracterizou cumprindo, assim, um dos objectivos maiores, um dos fundamentos da Festa Amarantina, a Festa que durante um sábado de Julho traveste a rua e a deixa completamente irreconhecível com exposições, concertos, teatro de rua, poesia aos molhos, casas abertas de par em par... mesmo as devolutas, mesmo as ruínas que por aqui ainda existem... mas por pouco tempo porque esta rua tornou-se um local bem apetecível para viver.
Mas, voltemos à iluminação de Natal e à oportunidade que a Câmara Municipal nos dá, por aqui, de tratarmos dos nossos próprios enfeites e iluminações de Natal que não serão estapafúrdios e que serão, asseguro-vos, discretos, breves apontamentos de luz quente rasgando as noites gélidas que por aqui já se fazem sentir.

Entretanto a iluminação particular da rua foi oficialmente inaugurada hoje, o que quer dizer que por aqui também já há luzinhas a apagar e a acender. Entretanto, outras luzinhas se juntarão. Porque nesta rua que é minha, mas que também é tua e que é de quem a conseguir apanhar, bem no coração desta cidade de Amarante, também habita Gente que é Gente Boa.
Senhores condóminos da rua... mãos à obra?

terça-feira, 28 de novembro de 2017

"A Jura Quebrada"

Cai Neve - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

"A Jura Quebrada"

O texto que hoje transcrevo retrata uma vida amarantina que já não existe e foi escrito pelo jornalista Costa Carvalho, amarantino dos sete costados que, apesar de calcorrear quotidianamente as ruas do Porto... mantém sempre este velho burgo -que é dele - no coração.
Muito obrigada, Costa Carvalho! Sei que o meu pai vai delirar ler este belíssimo texto/testemunho de uma Amarante que ficou retida para sempre na vossa memória.


in memoriam EDUARDO TEIXEIRA PINTO, companheiro de escola e da vida
A JURA QUEBRADA
Só tu, porém, o saberás,
Até que a morte
Ao apagar-te a conta de teus anos,
Deixe imortal esse menino que
Jogou e ganhou aos dados
Da vida que perdeu.
JORGE DE SENA
O vento andava muito lá por cima e as nuvens, para se aquecerem, encostavam-se umas às outras. O céu ficava, assim, da cor de pasta de alfaiate, mas não havia meio de chover. Só frio, muito frio, estalando seco nas carnes como chicote, ao escorrer de todos os montes com o pêlo eriçado que nem gato selvagem. O rexio era o pior de suportar. E até o Marão, besta rochosa desvirilizada pelo fogo que, ciclicamente, lhe rabiava pelo cerno , até o Marão, incapaz de se dar com o griso, botava nos ombros uma estola de arminho; o mesmíssimo arminho que ainda dava e sobrava para um regalo.
Primeiros a acordarem o dia, sem vergonha de se terem metido na cama com a noite, os meninos, passado o Largo de S. Pedro davam uma corrida, rua da cadeia acima, entrando no terreiro da escola fumegantes, coração desaustinado aos coices no peito. Com a respiração descompassada, sorvida como água em dia de muito calor, os meninos, descansando o queixo no gradeamento quase da altura deles, pareciam récuas com arreatas passadas às argolas, espinhaços aos estremeções e arrepelanços, porque as moscas do inverno, invisíveis mas com ferrão de aço frio, picavam ainda mais do que as varejeiras do estio na barbearia do sr. Luís Piné.
Sem caruma na cabeça, por causa do piolho branco, sem pêlo nem pano nas pernas, joelho a castanholar contra joelho, vergando pelas garulas como se estivessem a sofrer de fazer chichi, os meninos eram pinheiros sangrados pelo taró, lágrimas não choradas escorrendo com dor pelas gretas do cieiro. Então, se um conseguia dizer “o gajo ‘tá todo branco!”, os outros acordavam para o desejo de também verem o Marão coberto de neve.
E, no fundo do tacho que diziam ser a vila, a catraiada da escola sempre era o estrugido que dava o primeiro cheiro e sabor à comida sensaborona da pasmaceira diária. Os outros temperos estavam na serra e no rio, com a sua ponte de três arcos, água passando por baixo, menos naquela vez em que um fidalgo... Quem sabia da história era o Emídio Pisco! Falava numa moca de pregos e de não sei quem que se metera com a amiga do visconde. Tinha sido há muitos, muitos anos! Há um ror deles! - garantia o Emídio Pisco, jurando à ceguinho fosse ele em como tudo era verdade. “Qual galga, ó minha besta! Vale uma apostinha?” E contava mais: correu sangue como pipa aberta; tanto, que o Tâmega apanhara uma borracheira daquela coisa vermelha e, depois, atirou com tudo cá para fora. Parecia borras de vinho. E eram animais, troncos de árvores  e até gente!  as coisas que o rio tinha engolido em tamanha sangradura. A barriga do rio inchou muito e, de tão cheia, não conseguira passar por debaixo do arco maior; então, o Tâmega tivera de pular por cima da ponte.
Emídio Pisco levava a malta ao Arquinho e mostrava, nos muros e na paredes, os vomitados do rio. Com esta história do camandro, gahava a aposta a dois botões e o direito e chupar duas vezes uma das priscas baris, meio esfareladas e muito acastanhadas, que o Ricardo Branco guardava  e defendia à chancada  nos bolsos dos calções.
Na vila, só os meninos viviam; o resto existia mumificado. Aos 60 anos, quantos com a mesma cara, a mesma cor de cabelo de quando tinham 30? Eram muitos a ficar assim! Diziam às crianças que, uns, era por causa do frio; outros, porque se conservavam em aguardente como as cerejas. Os meninos ouviam e não comentavam. Para eles, a explicação estava no Largo de S. Gonçalo: também os reis da varanda do convento não mudavam. Todos, certamente  os reis e a gente crescida , eram feitos de pedra. Até o Lila-Pé-Oco, os Pastas, o Miki, a Nicó, o Ciranda mais o seu busto da República, o António Padreco e o facão com que atemorizava a ganapada, fazendo-a correr e gritar, à volta do edifício da escola. Não fosse aquele buraco... Tudo e todos loucuras petrificadas, sombras de corpos enterrados nos sarcófagos dos próprios esqueletos, carnes álgidas, almas gélidas, nostálgicas, saudosas do nada. À Varanda dos Reis com eles! “E também a cabeça da República!”  gritava o Pacha. “É para já!” Um saltava para os ombros de outro mais alto e, no justo momento da vitória, surgia a temível bigodeira do Ciranda a cuspir palavrões e a atirar com achas de queimar. Pernas para que vos quero, a malta refugiava-se no terreiro da escola, fortim onde se defendiam as maiores gabarolices e onde também o Arturinho Pasta marcava encontros com S. Pedro e S. Paulo, enquanto o Ciranda, por não poder chegar a roupa ao pêlo do garotio, metia as galinhas em casa aos pontapés e à pedrada.
“Ó Ciranda, ó Ciranda, ó Ciranda, Cirandinha”  cantarolavam os malandretes.
“Umas bestas!”  trovejava, inesperadamente, o Arturinho Pasta. A malta encolhia-se toda, ia galgando muros, não fosse o diabo ser tendeiro, receosa do Arturinho, que já começara a apanhar calhaus do chão.
“Já disse: tu e ele soindes umas grandessíssimas bestas!”  estrondeava o louco, apedrejando as estátuas de S. Pedro e de S. Paulo.
“Até nustá c’os copos!”  desculpava o Alfredo Tiquetaque.
Pois claro! O Arturinho estava apenas com a sua doidice, com aquela sua cisma, coitadito! Cada doido com a sua mania. Não era o caso do Lila-Pé-Oco? “Ora ri-te, ri-te, home!” Lila olhava para a moeda de cobre na mão do pândego e repuxava as beiças até mostrar os caninos podres. “Q’até pareces um cabalo! Bai-te lá esfregar mai-lo teu riso!” Lila miscrava a moeda, esforçando-se por abrir a boca até às goelas. Mas o frio e aquela dor que não o deixava andar e lhe roía o pé esquerdo a pontos de ter ficado oco... O seu riso animalesco era choro de gente que não chegara a ser. Lila seria outro rei na varanda, mas sem coroa de glória. Encostava-se às grades que deitavam para o rio, procurando sítio onde o sol batesse mais forte; sol de inverno, sol forreta, sol que adormecia aos sol do seu próprio calor, tolhido de frio e de humidade.
Frio e humidade! Eis os recados do Marão que, havia milénios, o Tâmega estava encarregado de levar ao Douro, deixando-os ao sabor da corrente, em Entre-os-Rios. Lila-Pé-Oco precisava, mesmo assim, desse sol tíbio, avarento. Carregava nele as pilhas da sua existência sem sombra de dia e de noite, tal e qual o Marão quando coberto de neve. O Marão e as mortalhas das virgens pagadoras de promessas, descendo à vila no dia de S. Gonçalo, velas e braços e cabeças e pernas e troncos de cera nas mãos, cânticos de louvor nas gargantas trepando duas oitavas acima, para se ouvir bem até mais não a louvação de um santo milagreiro como não havia ouro igual. Pois no S. Gonçalo  quem não sabia? até mesmo as coisinhas eram boas; e não havia escândala no despreparo de se entrar na igreja do convento com o bacamarte do santo debaixo do braço.
Só o Carlinhos Padreca via malícia no caso, grudando com a baba o riso espasmódico, obsceno, nauseabundo. “Aboca, Carlinhos, aboca!”  provocavam os mais safardanas, levantado o pobre de espírito a apanhar no ar, como se ele fosse cão, as bolinhas do santo.
Todos loucos! “Até o senhor doutor Joaquim!”  garantia o Lila-Pé-Oco, rosto triste de perdigueiro meio encoberto pela pala ensebada do boné. Todos loucos, no fundo do tacho! Principalmente os doidos  e ele, Pascoaes  e os meninos da escola, administradores da fantasia, confidentes da imaginação, irmãos mais novos do Tâmega e do Marão, sobrinhos da boa vida, primos direitos da galderice, amantes da poesia sem letras nem palavras, genitores dos sonhos que procriam e alimentam utopias.
E quando ao cair das trindades a vila só pensava em escalfetas, os meninos aqueciam as mãos roxas de frio na luz das estrelas, e apontavam-nas e contavam-nas a ver quem ficava com mais cravos. E só a lua, madrinha de todos  sabença, senhora! parecia compreendê-los.
“Olha ela a rir p’ra gente!”  dizia baixinho o Zeca Pedro.
“ Ola que num é nada! É p´ra outra que está ali a boiar no rio” corrigia o Candidinho Oí -ó-ai.
Maravilhada, a malta arregalava os olhos com aquele milagre de haver duas luas. Então, coraçõeszinhos aos pulos, juravam que por nada deste mundo viriam a ser grandes.
“Juras?”
“Juro!”

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Orgulho Familiar/Orgulho Amarantino

Fotografia surripiada no artigo da Universidade Católica

Orgulho Familiar/Orgulho Amarantino

Fixe este nome - Catarina Vila Real.
Muitos parabéns, miúda! Nós, por aqui, estamos orgulhosos do teu trabalho.

Investigadora da ESB ganha prémio em Encontro Científico Internacional

domingo, 26 de novembro de 2017

Jardim Amarantino

Jardim Amarantino - S. Gonçalo - Amarante
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Jardim Amarantino

Envasado, é certo, mas não deixa de ser jardim.

Outono Amarantino com Dedicatória


Outono Amarantino - S. Gonçalo
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Outono Amarantino com Dedicatória

Até podia ser uma postagem de publicidade a umas botas femininas apropriadas para a época de Outono/Inverno que já começamos a viver... sim, eu sei, nem parece!... mas não, garanto-vos que a postagem é mesmo sobre o Outono Amarantino e sobre esta minha pegada expressa num solo que é meu... enquanto por aqui andar. E este Outono Amarantino expresso nestas minhas fotografias captadas ontem à beira Tâmega e que levam como bónus a minha pegada, igualmente Amarantina pois claro! tem dedicatória. E dedico-a ao Paulo Guinote que, sei-o bem, aprecia sobremaneira estas fotografias de pés. Bom... não tem deditos à vista porque essas fotos ainda vão ter de esperar... mas foi o que se conseguiu arranjar por aqui, numa manhã esplendorosa de sol a espantar a tão desejada chuva outonal.
Valeu, Guinote?

sábado, 25 de novembro de 2017

Meus senhores, respeito, que eu sou professora!


Meus senhores, respeito, que eu sou professora!

Hoje dou a palavra a uma Senhora Professora que muito respeito e admiro chamada Maria do Carmo Cruz que, através do post que com a sua licença transcrevo - e que retirei daqui - pronunciou-se por escrito sobre o profundo desrespeito e o enxovalho generalizado com que fomos brindados, toda uma classe profissional, principalmente desde a greve de professores, que teve ampla participação e que, talvez por isso, deixou certas pessoas... vá lá, vou ser simpática!... nervosas (?) ao ponto de perderem as estribeiras insultando-nos de forma vil, rasca, baixinha, rasteira.
Faço minhas as palavras da Professora Maria Do Carmo Cruz, com uma certeza - muito amaria ter escrito este post! Porque é meu também o seu grito - Meus senhores, respeito, que eu sou professora!
Obrigada, Maria do Carmo Cruz! Por tudo... incluindo a Amizade.

MEUS SENHORES, RESPEITO, QUE EU SOU PROFESSORA!
Maria do Carmo Cruz


A semana passada os Professores fizeram greve, a que se seguiu uma verdadeira guerra aos docentes nos meios de comunicação social. As televisões foram buscar “comentadores especialistas em tudo”, os jornais publicaram cartas inflamadas contra “essa gente” cheia de mordomias que lhes educa e ensina os filhos, as redes sociais funcionaram mais uma vez como cano de esgoto para a raiva, despeito, inveja e outros atributos do género.
Houve quem se permitisse dizer que nós, Professores, éramos uns miseráveis. Outra figura, que bem precisava de se dar mais ao respeito, chamou-nos “uma raça” e destilou veneno no vocábulo.
Já propus, no Facebook, que nós, os Professores ofendidos, enchessem igualmente as redacções de jornais, revistas e canais de televisão de cartas em que expliquemos o que somos, o que fazemos, como vivemos. Ainda não obtive qualquer resposta ao meu desafio e, por isso, vou proclamar uma parte do que me vai na alma.
Meus senhores, mostrem respeito pelos Professores e estarão a preparar um futuro melhor para todos, pais e filhos. Respeitem os Professores porque eles estão mais tempo com os vossos filhos do que vós todos. Sei que não é por vossa culpa que tal acontece, mas também não é por culpa dos professores – é a sua tarefa, que uma enormíssima parte cumpre com dedicação, empenho e amor.
Todos sabemos que uma batata podre infecta todo um saco e por isso convém retirá-la de entre as outras para que não as estrague. Quero dizer com isto que sei, por experiência de vida, que há maus professores: absentistas, descuidados, mal informados, até alguns mal formados. O que há a fazer é limpar essas cáries do sistema, depois de devida e rapidamente verificadas e confirmadas, e seguir em frente. Educar é demasiado importante para deixar margens para o desleixo, a incúria, a ignorância.
Os vossos filhos chegam à escola cada vez mais impreparados socialmente. Não sabem estar, não sabem socializar, não têm noção de hierarquia e respeito. E isto acontece mesmo para aqueles que já vêm da creche e do infantário. Porque apesar da preparação e empenho das educadoras, é a vossa pressão para que eles sejam poupados a qualquer constrangimento necessário para seguir normas e regras sociais que os transforma em pequenos tiranos.
Temos também os tiranos pelo abandono. Deixados desde muito pequenos entregues a si próprios, agem como sobreviventes que precisam de se afirmar a todo o momento. Eles bem vêem que quem o não faz é engolido pela torrente.
Mas, meus senhores, NÓS AMAMOS OS VOSSOS FILHOS! Somos nós que os acolhemos, que lhes perguntamos por que estão tristes, por que são indisciplinados. Somos nós que os aconselhamos, que estamos alerta para as suas acções menos comuns, que lhes sorrimos e elogiamos quando eles vencem mais uma batalha em que nos empenhámos conjuntamente.
Para isso, estamos com eles na Escola, mas passamos horas em casa a preparar materiais e estratégias, a procurar metodologias, a ler especialistas para sermos bem-sucedidos a ajudá-los a aprender. Fazemos formações, estudamos continuamente, consultamos especialistas. Sofremos com os seus maus resultados, culpamo-nos por eles (e quanto mais empenhados somos, mais nos culpamos), alegramo-nos com as suas vitórias e êxitos. Por eles todos, apesar de as nossas turmas serem bem grandes! Enquanto as famílias têm um, dois filhos, nós temos dezenas deles. Pensem em quantas vezes suspiram para que as férias acabem para “se verem livres” deles em casa. Mas nós recebemo-los com alegria e com um sorriso.
Sempre? Não. Primeiro, porque não existe “sempre” nem “nunca”, mas instantes de agora que fazem a vida de cada um. Mas vós, pais, fazeis ideia de quantos de entre nós só vêem os seus filhos ao fim de semana porque, para os criar, têm que se deslocar centenas de quilómetros? Fazem ideia de quantas famílias se desfazem por estas separações forçadas e repetidas, ano a ano, muitas vezes sem esperança de uma solução próxima? São capazes de contabilizar a percentagem do seu vencimento “perdida” para o carro, combustível ou alojamento?
Quantos sectores da função pública andam todos os anos com o credo na boca porque não sabem onde serão colocados em Setembro ou mesmo sem terem a certeza de virem a ser colocados? Quantos Professores não “põem o pé em ramo verde” e andam a fazer a volta a Portugal, sem poderem criar raízes, sem aprofundarem relações que poderiam fazer a diferença nos resultados dos vossos filhos?
Tenho a certeza de que se lhes perguntarem a opinião que têm sobre os professores ficarão surpreendidos. Até os mais indisciplinados sabem quanto vale um Professor. Aprendam com eles e não tenham vergonha de nos respeitarem. Tenham vergonha, sim, de nos faltarem ao respeito, porque ser Professor não é tarefa para fracos e incompetentes! Nós temos que ensinar, sim, mas também educar, imaginar, magicar (no sentido real da palavra), ajudar, curar, orientar, inspirar e dar o exemplo.
A terminar, exijo um pedido de desculpas públicas a quem nos enxovalhou publicamente também. Não conhece os Professores ou foi um infeliz que só conheceu ovelhas ranhosas do sistema. Lamentamos, mas continuamos a exigir respeito.

Outono Amarantino

Outono Amarantino - Amarante - Portugal
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Outono Amarantino

"O único remédio é amar. Amar as coisas e amar as pessoas, amar as cores, as mutações da hora, o ciclo das estações, amar o tempo de ser, de lembrar, de colher."

Maria Eulália Macedo
In Histórias de Poucas Palavras

Professores - Calendário Negocial - JN

 

Professores - Calendário Negocial - JN

Aqui fica, depois de o fotografar um dia destes enquanto me punha ao corrente das notícias do dia..

Um Problemão Doce e Outro Salgado


Um Problemão Doce e Outro Salgado

O primeiro é um problemão doce que resulta do açúcar mais ou menos escondido, mais ou menos assumido, mais ou menos taxado nos alimentos que o apresentam em excesso... mas numa ambiguidade incompreensível que deixa de fora o leite achocolatado.
O outro é um problemão salgado, gravíssimo pelo seu consumo excessivo junto dos portugueses em geral e que, espantosamente!... ou talvez não!... foi chumbado na assembleia da república com os votos contra do PSD, CDS e CDU.
Ahhhh... tristeza!



Nota - Esteve muito bem André Silva, deputado do PAN.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Pode Uma Professora (Portuguesa) Ser Feliz?

Alunos em Acção - E B 2/3 de Amarante - Sala de TIC
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Pode Uma Professora (Portuguesa) Ser Feliz?

Não sendo tarefa nada fácil nos dias que correm, garanto a todos os meus leitores que é possível ser professora, portuguesa, feliz no ensino... e sim, até mesmo em Portugal!
A receita é "simples": ignoram-se, por um lado, os ataques orquestrados, cobardes, miseráveis, mesquinhos e indiscriminados a toda uma classe profissional que é fundamental para a educação, o progresso e o desenvolvimento de toda a população de um país... e desse país com ela; concentra-se, por outro lado, a energia positiva própria que se aponta e direcciona para os alunos, a sala de aula, o gosto que se tem pela profissão, que ainda não está esquecido, a preparação daquela específica aula... e elabora-se um quizizz - https://quizizz.com/admin/quiz/5a140912d41a5e100040e403 - através do qual se fazem umas rápidas revisões para o teste de avaliação... e sim, ainda há tempo para os alunos aprimorarem, com carinho, os seus portefólios digitais, construídos no Adobe Sparck e que já contêm tanto, mas tanto! trabalho realizado por cada um deles... e sim, fizeram já um curto vídeo relacionado com a matéria que estamos a abordar...e sim, estes impecáveis alunos, que mantêm na minha sala de aula um comportamento exemplar, estão a fazer uns maravilhosos prezi(s)... eh eh eh... também históricos... e sim, por último!, pode-se ser uma professora portuguesa feliz quando se tem uma maravilhosa Professora Ana Osório ao lado, que nos guia qual estrelinha luminosa sempre pronta a esclarecer qualquer dúvida, sempre pronta para dar aquele impulso que resulta de nos sabermos a caminhar amparados por excelentes pares... sabendo que há tantos, mas tantos!! ímpares à volta!
Energia negativa... xôooooooooooooooo!

Da Brutalidade... em Nome do Islão?


Da Brutalidade... em Nome do Islão?

A brutalidade oriunda de bestas que se dizem crentes no Islão e que dirigem preferencialmente o seu ataque contra outros crentes no Islão, contra vulgares muçulmanos... as principais vítimas dessas mesmas bestas.
Uma pessoa lê as notícias e não pode deixar de ficar esmagada com os números...

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

"Nós, os Professores"


"Nós, os Professores!

Hoje dou a palavra ao Professor Francisco Teixeira a quem agradeço desde já o artigo de opinião da sua autoria.
Vale a pena ler! Na íntegra!
E começa assim:

"Tem-se assistido nas últimas semanas, particularmente a partir da greve e manifestação de 15 de novembro, a um processo de autêntico bullying comunicacional contra os professores portugueses do ensino básico e secundário. O cenário é esmagador: não há personagem comunicacional de primeira ou terceira categorias (desde o habitual Miguel Sousa Tavares ao mais esdrúxulo psicólogo, jurista ou “comunicólogo”) que não tenha “molhado a sopa”. Mesmo os pivôs televisivos, regra geral circunspectos, sugerem orientações aos secretários de Estado, exigem firmeza, reclamam políticas, peroram sobre a carreira dos professores. O paroxismo foi atingido com José Miguel Júdice, ex-bastonário da Ordem dos Advogados e ex-libris do lumpem moral das grandes sociedades de advogados, quando chamou aos professores uma “raça”, inaugurando uma nova categoria de racismo ou fobia, digna do DSM: o racismo ou fobia profissionais. Disse Júdice que “os professores é uma raça [sic] muito excepcional... são pessoas diferentes do resto da humanidade”."

E continua assim.

Boas e Importantes Novas do Côa

Museu do Côa - Vila Nova de Foz Côa
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Boas e Importantes Novas do Côa

É certo que as gravuras não sabem nadar... iôooo. É igualmente certo que os vestígios da ocupação do Homem de Neandertal há algum tempo descobertos também não!
Parabéns a todos quantos continuam a lutar pelo Côa e por um património comum que é Património da humanidade. Talvez um dia a região possa ter uma afluência certinha de gente que, vinda de todos os cantos do planeta, aprecie esta catedral de arte ao ar livre que nos remete para os nossos primórdios. Quando assim for, quando o Côa for capaz de atrair um turismo cultural de gente interessada em compreender as nossas raízes comuns, a região e as suas resistentes gentes sairão vencedoras. E nós com elas.

Arqueólogos encontram vestígios do Homem de Neandertal no vale do Côa



quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Paradoxos Políticos Portugueses


Paradoxos Políticos Portugueses

Sem comentários porque me podiam sair algumas asneiras nortenhas.
Enganai-me, enganai-me que eu gosto!

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Professores - A Palavra ao João Paulo Silva


Professores - A Palavra ao João Paulo Silva

A quem agradeço os oportunos esclarecimentos já que a opinião pública anda a ser intoxicada até dizer chega!

Novas da Greve


Novas da Greve

Foi levantada a greve às actividades não lectivas que decorria desde o dia 6 de Novembro.
Assim sendo, termino a greve que estava a cumprir desde o passado dia 6.
E aguardo pelas novas... que, espero, sejam satisfatórias.

Fenprof levanta greve às actividades não lectivas

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

domingo, 19 de novembro de 2017

Orgulho Amarantino - Fernando Santos

Orgulho Amarantino - Fernando Santos
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Orgulho Amarantino - Fernando Santos

É um dos Amarantinos mais influentes do momento e a sua influência faz-se sentir no Porto, no Norte e nos seus arredores. A sua galeria fez, um dia destes, 25 anos. E este Amarantino, ao abrir a Galeria Fernando Santos, na rua Miguel Bombarda, no Porto, alterou radicalmente o rumo dessa rua, alterou radicalmente o rumo da própria cidade que nunca mais foi a mesma em termos de dinâmica ligada às artes e à cultura... tendo alterado, com isso, até a dinâmica mental da cidade.
No entanto, as raízes dele estão aqui mesmo nesta cidade bela em que habito, nas suas ruas e vielas, nos seus largos e praças, nos seus espaços públicos e privados... se estão!... ligado que está umbilicalmente ao seu querido pai e ao Museu Amadeo de Souza-Cardoso... e à Galeria S. Pedro, a primeira galeria de arte que abriu no centro histórico de Amarante, estávamos nós nos longínquos anos oitenta do século passado.
Gostaria de o ver, hoje, mais envolvido na dinâmica desta cidade que é o nosso berço comum, ajudando a projectá-la no País e no Mundo.
E, apoiando-me numa afirmação que o Fernando faz nesta entrevista à revista Visão, deixo aqui uma sugestão ao poder local... que seria, parece-me, uma grande obra.

E construirmos aqui mesmo em Amarante um museu recheado com uma colecção que seja, como sugere o Fernando, uma referência da arte portuguesa a partir do início do século?
Afinal o embrião... bem mais do que o embrião, para ser mais exacta!... já existe dentro das paredes do Museu Amadeo de Souza-Cardoso... certo Fernando?

Fernando Santos: A primeira galeria de Miguel Bombarda, no Porto, faz 25 anos

sábado, 18 de novembro de 2017

Evasão

Intromissões Azuis - Sul
Fotografias de Artur Matias de Magalhães

Evasão 

Porque há dias em que não se segura o pensamento... Sul... aí vou eu.





Declaração de Compromisso


Declaração de Compromisso

Aqui está ela. A procissão ainda agora está a sair... mas a procissão que não dê em atropelamentos... do tempo de serviço de cada um... sim?

Declaração de Compromisso - SPN


Declaração de Compromisso - SPN

Por agora, é o que temos. Não é tudo... mas a verdade é que também não saímos de mãos vazias.
Porque uma negociação implica sempre que as partes se encontrem algures no meio (?) do caminho.

Sindicatos e Governo assinam declaração de compromisso


Car@ sóci@ do SPN,

Foi já depois das cinco da madrugada de hoje que,10 horas após o início da reunião das organizações sindicais com o Governo, foi assinada uma declaração de compromisso [disponível aqui: pág. 1 – pág. 2] que terá já reflexos no próximo Orçamento do Estado.

·         Recuperação do tempo de serviço ainda na actual legislatura;

·         Reposicionamento dos docentes vinculados desde 2011 retidos no 1.º escalão;

·         Garantia de respeito pelo actual ECD.

Declaração de Mário Nogueira, secretário-geral da FENPROF, sobre os compromissos assumidos pelo Governo com os sindicatos, após três rondas de reuniões negociais no ME (dias 14, 16 e 17/18 de Novembro), a última das quais de 10 horas.

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Portugal É Um País Generoso... Para Alguns...


Portugal É Um País Generoso... Para Alguns...

A fazer fé no que está escrito, o valor das "PENSÕES VITALÍCIAS" - o que é  isto?!!!! a pagar aos ex-políticos portugueses ficará pelos 8,4 milhões de euros, em 2018, distribuídos generosamente por 327 pessoas de extraordinário valor, para ser mais exacta e concreta distribuídas por 327 pessoas de valor estratosférico.

“Três contemplados foram acusados de crimes pela Justiça: José Sócrates, antigo primeiro-ministro, Domingos Duarte Lima, ex-deputado do PSD, e Miguel Macedo, ex-ministro da Administração Interna, estão a receber a pensão vitalícia atribuída aos políticos”

Que lindo, pá! Isto é o resultado desta gente legislar acautelando, muito bem!, os seus próprios interesses.

Pensões vitalícias dos ex-políticos vão custar mais de 7,2 milhões de euros em 2018

A Greve Continua - A Luta Continua

Sala dos Professores da E. B. 2/3 de Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

A Greve Continua - A Luta Continua

Hoje continuo em greve. Não ao trabalho lectivo do dia mas "apenas" ao trabalho que, sendo trabalho com alunos, está contabilizado no meu horário como sendo não lectivo, atirado para a componente estabelecimento.
Esta é uma greve que resultará de forma diferente de professor para professor. Há quem tenha zero horas deste tipo e não a possa fazer. Mas também há quem tenha várias horas semanais de trabalho com alunos que está a ser contabilizado como trabalho não lectivo. É o vulgar caso dos apoios... mas não só. Quem quiser aderir a esta greve deve procurar saber e confirmar quais são as horas, se as tem! que entram nesta categoria. Depois é simples, depois falta apenas cumprir a greve. Até 15 de Dezembro. A não ser que seja desconvocada.
Resumindo e concluindo - A greve continua! A luta continua!

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Jornalismo de Caca... Para Não Dizer de Merd@


Jornalismo de Caca... Para Não Dizer de Merd@

Mas quem exigiu pagamento retroativo do que nos roubaram durante dez anos?!
Assim sendo, a invenção do título que a seguir transcrevo tem origem onde? Em quem? E visa o quê?

Obrigada SIC Notícias! Que serviço excelente estais a prestar ao país!

Pagamento retroativo aos professores colocaria em causa o Orçamento

Greve - Manifestação - Agradecimentos

Professores em Luta - E. B: 2/3 de Amarante
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Greve - Manifestação - Agradecimentos

A todos os Professores que hoje pararam levantando os braços e elevando a voz em protesto e, com isso, fazem o país escutar as razões do seu protesto, os meus parabéns!
Aos meus queridos e intrépidos colegas que, hoje, apanharam a camioneta disponibilizada pela FENPROF pelas 6 da manhã com destino a Lisboa, deixo aqui a minha admiração. Lamentavelmente, hoje, por motivos de saúde, só não estou convosco fisicamente. Mas confesso-me tranquila por saber que estou tão bem representada.
Um agradecimento muiiiiito especial à enorme Elisabete Silva! Porque sem ela a minha Escola não seria, de todo!, a mesma.