Amarante, Princesa do Tâmega
Fotografia de Agostinho Mike
Ao fundo o muro que, se o estudo prévio de Souto Moura fosse avante, seria em parte demolido para ser recuado e reerguido mais atrás, criando assim dois muros e duas plataformas - a primeira já existente, a da Alameda Teixeira de Pascoaes, que se apresentaria aos nossos olhos diminuída e minguada como uma camisola de lã lavada em programa de água muito quente; a outra, à cota mais baixa do mercado, inundável pelo imprevisível Tâmega, qual eira sem eira nem beira!, retirando a Amarante esta bela patine e este encanto que só a passagem do tempo e a preservação da memória lhe dá.
Ora porra! Amarante precisa duma idiotice política deste calibre?
Não venho aqui armar ao pingarelho. E muito menos vender a pingona banha da cobra. O facto de ter nascido, vai para 85 anos, em S. Gonçalo de Amarante, não me confere nenhum estatuto especial. Há 67 que vivo fora da minha terra natal, mas em tempo algum dela me ausentei. E de todas as vezes que lá vou, a comoção é tão grande, tão avassaladora, que as lágrimas saltam-me dos olhos redondas como contas de rezar
ResponderEliminarÉ o meu espanto menineiro perante a mina inesgotável do ouro verde que na verdura dos meus primeiros anos me cegou, para eu melhor ver e sentir Amarante. No meu album de alma, creiam que há fotos ainda mais belas que a de Mike.
Uma só coisa peço: que haja gente atilada que trave os destampatórios não importa de que Atila.
Essa é a matriz de quem ama com paixão esta terra que nos viu nascer. Há 57 anos nasci eu, em S. Gonçalo, em casa de vistas fartas para o Tâmega. Ao invés, eu nunca daqui saí... acho que não teria conseguido, por certo fraqueza minha e, assim, aqui continuo, em casa com vistas para o rio e para o casario que eu amo. A ausencia dela, essa singularidade dolorosa, para quem a continuou a amar com paixão e a recorda com saudade, só lhe aumentou por certo a sensibilidade perante a especificidade desta terra que viu nascer grandes vultos nacionais que por aqui se moveram, pisando estas rudes calçadas, perante a especificidade deste casario, deste património que é único e irrepetível. O muro em que não se coíbem de pensar intervir faz parte desta nossa matriz identitária. Lutaremos com unhas e dentes para que este atentado jamais saia no papel. E o facto de já estar no papel é já suficientemente perturbador para quem é sensível a esta beleza surreal amarantina.
ResponderEliminarCosta Carvalho, faça um enorme favor a nós próprios - escreva um artigo de opinião sobre isto. Beijo enorme! Amarantino, sempre!