Em dias de bonança ou de tormenta, a Terra nunca nos falha.
Em dias de bonança ou de tormenta, a Terra nunca nos falha.
Hoje o sol desta Primavera alvoreceu num rio de memórias dolorosas sem o encontro de afectos indispensáveis aos meus dias do mundo.
É domingo (18/4) neste Abril, e o coração da família e dos amigos, numa Amarante distraída e volúvel, soaram no repique dolente dos sinos na torre da igreja, em toque fúnebre numa fidelidade ancestral à lei da vida, por um dos seus mais comprometidos e singelos naturais.
A cidade encerrou a existência para os percursos terrenos de meu Pai e na profunda saudade da sua súbita e inesperada partida deixa na família um vazio lancinante de dor eterna numa ansiada espera impossível pela sua chegada a casa, na sua definitiva e inexorável ausência.
Homem de carácter estruturado numa formação humana modelar, simples e afectuoso nos gestos e modesto nas ambições pessoais, vivia numa dedicação esmerada a toda a família e tinha nos filhos (José Emanuel Queirós e Anabela Magalhaes), genros (Artur Magalhães e Flora Queirós), netas (Joana Magalhães, Cláudia Queirós e Inês Queirós) e bisnetos (Joãozinho e Francisquinho) as suas âncoras a quem todos os dias entregou seus mais puros afectos e dedicados amanhos.
Nestes dias de indescritível e profundo pesar partilhados em família, fico com uma gratidão profunda ao Ser que, com a minha Mãe, me proporcionou realizar este itinerário de transição na sua própria terra, onde aprendi a não recolher pedras e mágoas, e a semear as harmonias, o amor e a paz, enquanto a nossa interminável viagem decorre com novas chegadas e partidas profundamente tristes, angustiantes e indesejáveis.
Assim sejamos capazes de nos erguer das águas deste interminável oceano encapelado pela inesperada tempestade e seguir o seu exemplo agregador sem esperar tributos nem retribuições nestas nossas curtas deambulações peregrinas sobre a Terra.
José Emanuel Queirós