Mais do Mesmo - Professores. Polícias...Onde É que Eu Já Vi Isto?
Por acaso a ver o directo que me chega via TV da Assembleia da República, lembrei-me desta longínqua cena passada em 2013 e que foi relatada neste blogue.
Muitos de nós, Professores que lutavam contra a vergonhosa PACC, de notar que eu já estava vinculada e nem tinha nada a ver directamente com o assunto, chegados de todas as partes do país, penamos e voltamos a penar com uma entrada mais do que lentíssima na Assembleia da República, Casa da Democracia, que foi notícia à época.
Hoje, mais de dez anos passados, volta a ser notícia a demora da entrada mas desta vez de pessoas ligadas à segurança do país... o que é ainda mais preocupante. Mais preocupante também "ver" o silêncio das pessoas perante os microfones dos repórteres. Mais preocupante também a degradação de tudo o que se passa dentro do hemiciclo.
SEXTA-FEIRA, 6 DE DEZEMBRO DE 2013
Balanço de Uma Jornada de Luta
A chegada à Assembleia fez-se cedo, já que o almoço foi passado em claro e em claro ficou todo o dia. Que se lixe! Temos todos os outros dias para almoçar!
No espaço exterior esperava-nos um fortíssimo contingente policial, talvez à espera dos perigosos extremistas que chegavam de todo o país, de Norte a Sul, parabéns aos que enfrentaram uma longa viagem com procedência de Bragança! Há gente que luta e volta a lutar, sem desistir, sem vacilar, sem baixar os braços e é no meio destes que eu quero andar. Abomino cada vez mais os moinas e os traidores, os apáticos e os alheados, os que não mexem uma palha por coisa nenhuma na defesa de uma ideia, de um princípio, de um valor.
A fila, feita por quem queria entrar na Assembleia para assistir à discussão parlamentar sobre a PACC e outros assuntos de Educação, foi-se enchendo e enchendo e enchendo até ser uma coisa monumental.
O boicote de que fomos alvo, ontem, na entrada da Assembleia da República foi verdadeiramente vergonhoso. Nós, que tivemos o "privilégio de entrar depois de nos sujeitarmos a um processo de fiscalização e controlo demoradíssimo, em que até tivemos de dar o nome do pai e da mãe para registo, tivemos o desprazer de observar as galerias quase vazias, as superiores inteiramente vazias, quando centenas de professores desesperavam cá fora para entrar na "Casa do Povo", na Casa Deles, portanto!, que parece agora tomada por gente arrogante que se movimenta como sendo dona da pocilga em que parecem apostados em transformar o país.
Nós, que tivemos o "privilégio" de entrar, tivemos o desprazer de assistir a uma discussão surreal: o pê esse dê, que votou contra esta mesma prova quando estava na oposição ao tempo em que os socratinos desgovernavam o país e pariram o aborto, agora defende-a com unhas e dentes, socorrendo-se da muleta fornecida pela vergonhosa FNE; quanto ao pê esse, que a engendrou e pariu, e o que está mal aqui é o miolo da coisa e não os seus adereços, agora "defende com unhas e dentes" os professores e está contra a prova agora implementada.
Confuso? Sim, para quem não souber que lidamos com gente pouco escrupulosa, que se comporta de acordo com as suas conveniências e os interesses do partido que ali representa não representando povo algum.
Vergonha, foi o que eu senti ontem, assistindo ao nível do debate e ao nível da argumentação ali esgrimida. E não esquecerei, pê esse, que este caminho de desrespeito e de afrontamento a toda uma classe docente começou convosco, sendo agora aprofundado pelos cratinos pê esse dê no poder.
Espero que os professores não tenham memória curta.
Eu não tenho, garanto-vos! A luta continua!