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Domingo - Parte I - Perdidos em Cucujães
Combinámos com o
Helder Colmonero estar às 8 e 30 em frente a casa dele e desta vez cumprimos. Mesmo os atrasados crónicos estiveram a horas. E lá fomos seguindo o
Helder por Gaia, arrabaldes de Espinho, arrabaldes de
Stª Maria da Feira, e eis que nos perdemos numa terra chamada
Cucujães... Uma terra chamada
Cucujães não anuncia nada de bom e, de facto, está na continuidade dos arrabaldes de qualquer terra deste país, seja Amarante ou Vila Franca de Xira, ou seja, é uma espécie de espectáculo deprimente de "urbanismo português" onde o mau gosto e a
pimbalhada imperam. Há de tudo, desde leões, dragões, águias, bolas de futebol...e tudo o mais que os portugueses se lembram, a ladear os portões das entradas. Depois há os jardins com cestas floridas nas rampas, casais de patos com as suas crias e até a Branca de Neve e os Sete Anões!... e depois as casas, cada uma a mostrar que é melhor do que a do vizinho! E ali estávamos nós, perdidos em
Cucujães à custa do menino
Helder, que, habituado a viajar na sua potente mota BMW, com
GPS, sabe lá o caminho para Arouca!!! A mota só sabe o caminho para a Líbia ou para Moçambique, ou para qualquer outro destino mais complexo!!! Nós só nos ríamos. Encostámos para o
Helder examinar o mapa. A Paula Coutinho deita as mãos à cabeça e ri-se. Surge o Renato às gargalhadas "É o que dá pôr o pessoal de arquitectura e de letras a organizar isto!!" A partir dali resolveram perguntar a cada pessoa que encontravam à beira da estrada... e, finalmente, lá acertámos a rota... diretinhos a caminho de
Alvarenga!
Domingo - Parte II - A Máquina de Lavar
Depois de dois
briefings, e já equipados com fatos, capacetes e coletes, lá entrámos no Paiva para um primeiro contacto com a água, que por sinal estava excelente devido ao sol radioso com que fomos brindados logo pela manhã. E toca de atacar o Paiva. O rio Paiva tem características únicas para a prática de
rafting e de canoagem. A um rápido segue-se sempre uma piscina, nome para as águas tranquilas que se sucedem sempre às águas turbulentas do rio. E é um rio muito encaixado com encostas muito íngremes cobertas de vegetação, bem bonito de se ver.
Relembrei o cheiro do meu rio, o Tâmega, onde todos nós passámos a meninice e a adolescência, e onde todos nós aprendemos a nadar. Já não entrava nas águas de um rio há muitos, muitos anos, e deu para aplacar saudades do cheiro, dos rápidos, que também descíamos em miúdos, a nado e sem qualquer protecção, ou no barco de borracha do Zé Mário e do
Jó Castelo Branco.
Seguimos o troço do Paiva em que se disputam provas para o Campeonato da Europa e, como eles, também não fizemos um rápido de grau 6, extremamente perigoso. De resto fizemos os rápidos todos, até um rápido de grau 5 em que as embarcações desapareciam repentinamente à nossa frente! E nós atrás delas. Um espectáculo! E saltámos de uma pedra de 4 metros para as águas turbulentas do rio. Deu para matar saudades dos saltos e mergulhos do Penedo Grande, na Praia Aurora, agora em versão mais radical já que a entrada na água se fazia no meio de muita espuma branca resultante da oxigenação da água!!!
No penúltimo rápido fomos brindados com um extra. Depois de o transpormos, encostámos os barcos à margem e voltámos para trás, agora para o atacarmos dentro de água. O rápido tinha duas versões, a mais
soft e a mais radical e nós podíamos optar por qualquer uma delas. Quase toda a gente (ah,
destemidos!) optou pela radical e foi esta descida que me pôs com a
sensação de ter saído de uma máquina de lavar roupa!
Fizemos a primeira parte do rápido pela esquerda e na segunda parte atacámos as águas revoltas à direita. E fomos sugados pelo turbilhão... e desaparecemos andando às voltas debaixo de água até aparecermos bem mais abaixo, em águas rápidas, mas bem menos tumultuosas. Foi este senhor que deu cabo de mim. Fiquei exausta e com a
sensação de ter estado dentro da tal máquina de lavar roupa às voltas e mais voltas!
Devo acrescentar que a descida demorou cerca de quatro horas para fazer 4 Km pois sempre que o barco encalha é preciso desencalhá-lo, é preciso caminhar nas margens enquanto as embarcações se precipitam no tal rápido de grau 6 e apanhar os barcos na piscina seguinte, e é preciso remar e remar nos rápidos, para os fazermos em segurança, sempre a evitar esta ou aquela pedra.
E devo informar os meus leitores que o pessoal do Clube do Paiva (
hiperligação acima transcrita) é muito competente (obrigada Rafa, obrigada
Tó Mané!), e que fizemos tudo dentro da maior segurança... e que às 5 da tarde estávamos a atacar uns bem merecidos e maravilhosos bifes de carne
Arouquesa que caíram que nem ginjas!
Foi um Domingo excelentemente passado de convívio saudável entre amigos.
Para repetir, ainda com mais água!