segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Chuvita de Estrelas


Anoitecer - Barca - Serra da Aboboreira - Amarante- Portugal
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Chuvita de Estrelas

Lá fui assistir a mais uma impropriamente chamada "Chuva de Estrelas". É a segunda a que assisto, exactamente no mesmo sítio, ou seja, na Barca. E é a segunda vez que dou por mim a pensar que este fenómeno se deveria chamar de "Chuviscos de Estrelas" para que correspondesse mais fielmente ao fenómeno observado.
A coisa começou mal para mim nesta madrugada. Duas e meia arranquei eu para a Barca, mas eis que já me encontro a subir a Serra quando me ocorre um triste pensamento "Será que fechei mesmo a porta da garagem?" Não tenho este tipo de dúvidas frequentemente, mas quando tenho só há uma coisa a fazer - desfazê-las. E lá dou meia volta para chegar a casa e confirmar que, de facto, a porta estava fechada. Meia volta outra vez e de novo o mesmo percurso, desta vez até à Barca onde a Joana já dormia a sono solto. Três da manhã em ponto, investiguei o céu e vi imediatamente um meteoro. Explicado pelas poeiras cósmicas que são largadas pelos cometas este fenómeno impressionava sobremaneira os nossos antepassados, distantes que estavam da sua explicação científica. Lembro-me bem da minha avó Luzia me contar que, em miúda, viu as estrelas ficarem loucas no céu, num espectáculo que lhe pareceu aterrador!
Lá nos posicionámos na varanda, nuns pufs confortáveis que forneciam apoio e lá fomos perscrutando o céu mesmo por cima da nossa cabeça.
Recordei a "Chuva de Estrelas" de há uns anos, não me lembro quantos, quando combinamos e fomos em grupo para a Barca ver tão peculiar fenómeno: Paulo Fontoura, Paula Vaz, Cláudia Macário, Nininha Natal... e até o meu pai e a minha mãe, altas horas da madrugada, atacavam pão de cantos com manteiga que, pela madrugada dentro, nos pareceu delicioso. Sem pufs e sem casa, assistimos ao fenómeno em pleno Campo da Barca, num céu infinitamente mais bonito do que o de ontem, porque mais negro e contrastado. Lembrei-me de como seria bom assistir a isto de um qualquer deserto, sem interferência desta poluição luminosa que tudo dilui.
A "Chuva de Estrelas" foi, mais uma vez, uma "Chuvita de Estrelas", mas deu para conversar com a Joana, calmamente e sem interferências, sobre isto e sobre aquilo.
A noite começou azarada e acabou do mesmo modo. Já vinha na estrada a descer alegremente a serra ouvindo Dexys Midnight Runners quando vi um mocho estacionado no alcatrão. Já o tenho visto de outras vezes mas agora estava com a máquina fotográfica e vai daí toca a estacionar. Entretanto o mocho tinha, evidentemente, fugido. Lá vim até casa para descobrir que a minha Espace quase pegou fogo pois não baixei completamente o travão de mão e nem vi a luz, nem senti o carro a não andar nem coisíssima nenhuma!
Vai daí Espace na Renault!
Foi o que deu a "Chuvita de Estrelas"!

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