Dalila Rodrigues
Não quero iniciar as minhas férias sem falar de um problema que me anda a incomodar sobremaneira e que é todo este caso surpreendente criado à volta de Dalila Rodrigues.
Tomei contacto com a situação que envolve Dalila Rodrigues através de um noticiário de um qualquer canal televisivo que sintonizei por acaso.
Já cheguei a uma idade em que não tenho muita pachorra para chover no molhado e assistir a novelas intermináveis à volta de pseudo notícias bombásticas que nunca o foram. Protejo-me o mais possível do lixo que nos entra pela casa dentro através da caixinha que mudou o mundo, mas é claro que tenho consciência de que, em plena sociedade da informação, é praticamente impossível mantermo-nos alheados da situação do país e do mundo... e nem isso seria desejável! Por isso aqui vai o meu "post" sobre Dalila Rodrigues.
Conheci Dalila Rodrigues no ano de 1999, leccionava eu na Escola Secundária do Marco de Canaveses, quando me inscrevi e frequentei um curso de História de Arte, com a duração de uma semana, ministrado por esta Senhora que à data era, para mim, uma perfeita desconhecida.
A primeira impressão, física, não podia ter sido melhor... uma Mulher belíssima, de longos cabelos compridos, muito elegante, mas duma elegância natural que sobressairia em qualquer lugar. Dalila Rodrigues revelar-se-ia ainda, durante aquela breve semana, uma Mulher gentil, simpática, muito entusiasmada e, acima de tudo, muito competente, que nos ia leccionando as matérias com um entusiasmo e paixão contagiantes. Uma Mulher viva, activa, determinada, que ama e se entrega por inteiro às actividades em que está envolvida.
Acompanho o percurso de Dalila Rodrigues desde então. Primeiro como directora do Museu Grão Vasco, em Viseu, que tive oportunidade de revisitar em 2006, já depois das obras de restauro, projectadas pelo arquitecto Eduardo Souto de Moura, que transformaram um museu decrépito num museu espantosamente bonito e humano. E, ultimamente, tenho-a acompanhado como directora do Museu Nacional de Arte Antiga onde ainda hoje faz um trabalho espantoso, competente e rigoroso! Um trabalho que tem os dias contados! É claro que é um acompanhamento feito à distância, à distância, mas com um enorme carinho e admiração da minha parte por esta Mulher que tenho orgulho de ter conhecido e de com ela ter privado durante uma breve, mas enriquecedora, semana.
Soube então há dias que um qualquer director do Instituto dos Museus e Conservação, de que a História não guardará o nome a não ser por estar associado em má hora ao nome desta Senhora, encarregou-se de transmitir a Dalila Rodrigues que ela não será reconduzida no cargo que ainda ocupará até ao dia 1 de Setembro. Pecado cometido por Dalila Rodrigues e elogiado por este senhor... ser competente!
País que me envergonha este! E que dá sinais contraditórios aos seus cidadãos!
O Estado, por um lado, apregoa aos sete ventos que nós professores devemos contribuir para formarmos cidadãos competentes e com capacidade crítica... blá, blá, blá... mas por outro é este mesmo Estado que dá sinais contraditórios a um país amedrontado e cada vez mais pobre e que tem consciência de que, pelo sim pelo não, será melhor estar calado!
É suposto as pessoas terem cérebro e Dalila Rodrigues é uma Mulher que tem cérebro... e dentro do cérebro é suposto existirem neurónios... e o cérebro de Dalila Rodrigues tem neurónios ... onde é suposto formular-se o pensamento e... Grande pecado! Dalila Rodrigues pensa!
Interessa que Dalila Rodrigues tenha quadruplicado as receitas do Museu Nacional de Arte Antiga? Interessa que as entradas neste museu tenham mais do que duplicado? Interessa que Dalila Rodrigues tenha reorganizado as obras em reserva deste museu dando-as a conhecer ao grande público? Interessa que graças a Dalila Rodrigues exista agora um mecenas do Museu Nacional de Arte Antiga tão importante como o Millenniumbcp? Interessa que Dalila Rodrigues tenha posto este museu no mapa levando tantos portugueses a reconciliarem-se com ele? Interessa que Dalila Rodrigues seja uma pessoa séria e competente?
Pois não interessa. Na hora da verdade nada disto conta para o Estado!
Mas que raio de país é este que se dá ao luxo de eliminar as suas elites? Que raio de políticos são estes que nos governam? Que raio de funcionários do Estado são estes que se prestam a estes papéis?
E eu ia perguntar "Que raio de país de caca é este ?" mas acho que fica muito suave no meu blogue e não espelha a fúria interior em que me encontro e o meu desapontamento face a um país que eu amo e é o meu. Por isso reformulo a pergunta...
Mas que raio de país de merda é este que desperdiça os seus melhores talentos?
Eu sabia. Aí dentro há um animal político feroz! Grande artigo de opinião, pela qualidade argumentativa, que não tem o tradicional politiquês: blá, blá, blá! Era de muitos escorpiões destes, que a política Portuguesa precisava. Mas, bem sei que a vida já me ensinou que quem fala tã assertivamente, sem rodriguinhos, dar-se-ia mal no mundo hipócrita e falso da politica! de qualquer maneira, parabéns e ainda bem que pudeste conhecer pessoalmente a senhora, pois deste modo, sabes muito do que falas, não fazes a costumeira demagogia dos politicos, Blue Scorpion, You are the great one! Devias enviar este "post" para um blog mais mediático, ele merece ser lido por muito boa gente!
ResponderEliminarOlha que não! Há só uma pessoa que fica danada com estas injustiças e esta mediocridade.
ResponderEliminarE este país está, cada vez mais, um atoleiro de porcaria!