quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Recolecção


Conchas e Algas - Praia de Moledo - Portugal
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Recolecção

Já se está a tornar um hábito: apesar de nos deitarmos cedo, não conseguimos acordar antes das 10 da manhã. Apesar de todos os projectos de ida para a praia antes das nove, feitos na noite anterior, a verdade é que nada funciona. Nem mesmo hoje, com um despertador que passou lá a noite, chamado Rodrigo, que frequentemente acorda às seis da manhã! A verdade é que só acordamos com o telefonema da Cláudia já muito perto das 10 horas.
Descanso bom e merecido, depois de um ano complicado e dum fim-de-semana esgotante.
O tempo continua bom e com um pouco de vento que ajuda a tolerar o sol.
A minha pele de sapo continua a não se ressentir do sol a rodos que sobre ela se abate. Gosto de sentir o sol a aquecer-me a pele e de a sentir ficar cada vez mais escura - adoro ser morena, muito embora às vezes, com o cansaço, me sinta um bocado "loirita"!!! E esta minha característica é outra das coisas que me liga profundamente ao Sul, ao sul das peles morenas e negras que eu amo!
Bom, mas por ora estou no Norte e devo dizer que as manhãs, em Moledo, são aproveitadas para caminhar na praia. Adoro caminhar pela praia e apanhar conchas e corais. Aqui só há conchas de mexilhões, de lapas e de búzios pequeninos. E há sargaço espalhado pela praia. O que me remete para as minhas memórias de infância.
A minha avó Luzia tinha uma caixinha cheia de beijinhos apanhados na praia que em miúda me deixava fascinada! E eu, desde que me lembro, apanho conchas, corais e mesmo pedras e algas esquisitas, que levo para casa, e que uso nas decorações dos lavatórios e banheiras e que frequentemente dou às minhas amigas e amigos quando estes precisam para o mesmo fim.
Eles conhecem esta minha faceta recolectora.
E não é só na praia que eu viro recolectora. Também na Aboboreira apanho pedras, pelos campos e pelos montes, que depois uso nos muros e nos caminhos da Barca. E apanho pinhas, que não uso, e que dou aos meus amigos. E no deserto apanho areia de todas as cores, em garrafas pequenas ou grandes, que transporto religiosamente até casa e que frequentemente ofereço aos meus amigos que nunca tiveram o privilégio de pisar as areias do Sahara!
Se eu acreditasse na reencarnação diria que, noutra vida muito longínqua, provavelmente no Paleolítico, fui certamente uma mulher recolectora. E que continuo com estas memórias gravadas algures nos meus genes que me impelem desde sempre para a recolha daquilo que a Natureza coloca ao meu dispor e que eu acho belo, belo!
E sou recolectora desde que me lembro!

4 comentários:

  1. Cara amiga: Fazes muito bem ser recoletora, como os nossos antepassados de antanho. Deixamos essa vertente de parte, tornamo-nos consumistas não regeneradores da natureza que nos rodeia. O nosso lema deverá ser recolher e reciclar, porque os recursos do plante estão-se a esgotar! Great Blue Escorpion, sem exagero!

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  2. E bigada, Helder, apesar do atraso de anos... kakakakaka

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