S. Gonçalo - Amarante - Portugal
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães
O meu Umbigo
Tardei a chegar ao meu umbigo. Mas hoje, depois da belíssima sessão de fotografia que fiz uma manhã destas, banhada por um sol de Outono esplendoroso, tinha que registar aqui o meu umbigo. E o meu umbigo, qual parte íntima de um corpo, corresponde ao umbigo de Amarante. Os dois são coincidentes no espaço e, por ora, coincidentes no tempo.
O meu umbigo é S. Gonçalo, com o seu mosteiro e as suas volumetrias cheias e curvilíneas do zimbório, a sua Varanda dos Reis, espantosa numa casa de Deus, a Torre-Sineira, esguia e elegante, o Largo, rasgado em espaço improvável, a ponte abrindo passagem para a margem esquerda do Tâmega, o Café-Bar e a sua esplanada, quase uma segunda casa para mim, que por aqui nasci bem perto, e por aqui ando desde que me lembro.
O Largo de S. Gonçalo, oficialmente baptizado de Largo da República, em homenagem à mesma e aos seus acérrimos defensores amarantinos, é o ponto a partir do qual eu irradio. É o ponto a partir do qual eu parto e, mais importante ainda, é o ponto aonde chego, e aonde quero sempre voltar.
O Largo de S. Gonçalo, e toda a sua envolvente, é o meu umbigo. E é também o meu Norte.
Fotos incriveis, fiquei estarrecido. É verdade, esta cidade cativa-me, ela emociona-me na sua beleza. Nós, muitas vezes, é que não queremos ver. Parabéns Anabela, fotos do outro Mundo. Fiquei mesmo sem palavras a contemplar as tuas fotografias do Outono de Amarante. E se calhar, até podíamos ser gémeos siameses, porque o teu umbigo, é também, o meu umbigo!
ResponderEliminarObrigada por gostares das fotografias. Mas elas só saem assim quando o que está para além da lente nos interroga, nos provoca de alguma maneira.
ResponderEliminarE é um facto indesmentível, Amarante é duma beleza fora do comum. Mesmo para mim, habituada que estou a fazer outros percursos, não deixa de me continuar a surpreender e eu não deixo de a contemplar, é mesmo esse o termo, e de a usufruir pensando que sou uma sortuda por ter nascido, e por continuar a viver, aqui. E partilho isto com amarantinos que me são próximos.
Por isso não fiquei nada admirada com o teu comentário, porque o nosso umbigo é de facto uma coisa partilhada, e é de facto uma coisa colectiva. :)