terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Livros - Dependência



Livros - S. Gonçalo - Amarante - Portugal
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Livros - Dependência

Confesso-me totalmente dependente de livros. Não só porque não sei viver sem eles profissionalmente mas também porque não conseguiria viver sem eles nos meus poucos tempos de lazer. E olhando para trás, para as minhas memórias de infância, vejo-os nitidamente, os primeiros livros, com poucas letras ainda, mas com belas ilustrações infantis, progressivamente crescendo e invertendo a quantidade de palavras, que cada vez se foram tornando mais omnipresentes nos meus livros. Dos livros quase só de ilustrações passei para a Anita, e da Anita para os livros dos Cinco, e daí para autores como Charles Dickens, Balzac ou Tolstoi. Durante a adolescência lia livros velozmente e, se pegasse num cuja leitura me agradasse, só o largava depois de devorado, custasse as horas que custasse, quantas vezes sem intervalo para as refeições, tal era a dependência de um final que eu queria desvendado e que sentia progressivamente mais próximo. Sempre fui excessiva nos meus gostos e paixões e a minha relação com os livros não fugiu à regra e ficou marcada por esta característica que é minha. Já na idade adulta juntei aos livros de letras livros de fotografias, que continuo a adquirir, e a folhear, enchendo os olhos de imagens, quantas vezes fabulosas, de jardins, de casas, de design, de desertos, de pessoas... Os livros são os objectos que eu compro em viagem e que arrasto sempre comigo, custe o que custar. E confesso que as livrarias são das minhas lojas favoritas e que para mim é fácil perder-me numa, folheando e sentindo livros atrás de livros. Tenho até os meus endereços, aqui e ali, onde sei que encontro livros disto e daquilo, consoante as minhas preferências. E as livrarias dos museus, umas melhores do que outras, são lojas que nunca me escapam e não se livrarão tão cedo da minha presença.
Perguntava-me o Helder, um dia destes, se eu achava que o livro tinha os dias contados por causa da Internet. Não acredito. Pelo menos para mim não lhe prevejo um fim.
Gosto de sentir os livros, de os tocar, de os folhear, de os devorar e o mesmo texto num monitor de computador nunca terá a mesma magia, o mesmo encantamento da palavra sentida com o tacto, que nos pertence, que é nossa. O sentido de posse faz aqui toda a diferença. O livro em papel é meu e a relação que com ele estabeleço é íntima e particular. O mesmo livro publicado na Internet é de todos os que a ele acederem à distância de um clic. Um livro lê-se sentado, deitado, de lado, encolhido, esticado, no campo, na praia, na cama, no café, na montanha, no meio do mar e até no deserto. O livro é pois um objecto muito íntimo, maleável e confortável, e esta relação que com ele estabelecemos não me parece que esteja em risco por causa da Internet.
Pelo menos para mim não está em risco, porque o livro é, decididamente, um dos amores da minha vida.

3 comentários:

  1. olá anabela

    delicianos com os teus post's...
    confesso que nao gosto muito de ler...mas tenho de o fazer...
    Agora estou a ler o livro de destino de Brad Meltzer para a desciplina de Portugues...

    beijinhos
    João Pedro Fonseca

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  2. Tens JP. E deves. Porque a leitura serve-nos de janela para o mundo e nós somos curiosos, não é assim?
    Bjs :)

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  3. Un libro escrito por mano maestra es el amigo más fiel.....

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