sábado, 29 de dezembro de 2007

Nevoeiro




Nevoeiro - S. Gonçalo - Amarante - Portugal
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Nevoeiro

A formação do nevoeiro é um fenómeno sem segredos para os amarantinos e que todos os amarantinos tratam por tu. Presumo que todos se adaptem mais cedo ou mais tarde a este fenómeno incontornável para uma terra com rio. Presumo que muitos até gostem. De facto os dias de nevoeiro são abundantes aqui, e o nevoeiro, não raras vezes, junta-se a uma humidade e a um frio que penetram até às profundezas da nossa alma, aquietando-se por lá, confortavelmente instalados, eles, mas provocando em nós um arrepio e uma sensação de desconforto constante.
São pois muitos os dias de nevoeiro que cobrem o vale, acompanhando a linha sinuosa do Tâmega, e que eu, não raras vezes, observo encantada do meu refúgio da Barca inundado já de sol.
Os dias de nevoeiro são muito diferentes entre si. Há dias em que o nevoeiro é uma simples neblina espalhada uniformemente no ar que teima em permanecer durante todo o dia. Outros há em que o nevoeiro é denso denso e se abate sobre Amarante como uma cortina impedindo a visão a mais de uns poucos metros de distância. E há os dias a que eu chamo dias de nevoeiro farripado e em que o dito surge em farripas, aqui e ali entrecortadas por um céu limpo e azul, farripas que se vão dissipando, cedendo passagem a dias ensolarados e magníficos.
Todos são bonitos e todos têm o seu encanto porque alteram a nossa percepção do mundo, porque nos remetem para o não óbvio e o não evidente, porque nos remetem para o difuso e o fantasmagórico e nos deixam uma aura de mistério no ar.

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