sábado, 19 de abril de 2008



Hello! I`m Back!

A Vera renasceu. A Vera decidiu seguir em frente sem medos, sem hesitações e escreveu um texto lindo e cheio de significado. Vou, por isso mesmo, partilhar com ela este "post" que fala de sentimentos, dúvidas, definições. Dedico-lho.

Por motivos diversos, Vera, também eu já questionei o meu trabalho no blogue Anabela Magalhães, e também eu o interrompi imersa numa crise existencial, que se apoderou por completo de mim, em Outubro passado. Chorei baba e ranho pelos cantos aqui de casa, absolutamente sozinha, que os meus farmacêuticos estavam ausentes fisicamente, não refeita da perda da minha mãe, e com consciência que desde esse acontecimento não voltei a ser igual ao que era antes. Por vezes sou assolada por estas crises em que me questiono a mim mesma sobre o papel que desempenho neste mundo, se é suficientemente satisfatório para mim, se desempenho de forma condigna o meu papel de mulher, de filha, de mãe, de professora, de amiga e a que juntei a dúvida sobre se desempenho de forma condigna o meu papel enquanto autora deste blogue, sendo que muito do que sou está aqui, sou eu, mas também muito fica e ficará para sempre ausente destas páginas soltas que vão sendo um modo de partilhar sentimentos, emoções, situações engraçadas, angústias, caminhos escolhidos, percorridos e quase tudo o mais que é, afinal, a vida. Devo esclarecer-te Vera, que quando se instala essa dúvida na minha vida, e sobre a minha vida, é um martírio, porque rumino a minha falta de qualidade, questiono-me achando sempre que sou uma porcaria, uma nódoa, que vergonha não fazer tudo aquilo que posso para ser melhor em todas as áreas em que intervenho, para ser mais coerente, mais correcta, mais empenhada.
Esta é a primeira fase das minhas crises. Aquela em que me acho uma porcaria tal que o melhor mesmo é desaparecer de circulação e foi a fase em que interrompi a escrita, disfarçando na escola o meu mal-estar interior que aqui em casa estava por minha conta e risco. Foi a fase em que pensei seriamente "deletar" o blogue.
A seguir a esta fase vem a seguinte, da qual eu gosto incomparavelmente mais, a do renascimento, a da tomada de decisões que eu já conheço de ginjeira e que trato sempre por tu. E o sentido das minhas decisões é sempre o mesmo. Assumir o que faço, esforçar-me por fazer melhor. Seguir em frente. Foi o que fiz. Não "deletei" o blogue porque como tu leste nessa altura "O que está escrito está escrito e é meu."
Aqui chegada devo esclarecer-te que estas crises existênciais felizmente só se apoderam de mim de longe a longe, porque são muito, muito cansativas e que eu, apesar de as viver intensa e dolorosamente, não lhes dou muita corda e não ando para aqui a alimentá-las excessivamente.
E, pronto, aqui estou eu gozando a vida em toda a sua plenitude consciente de que dela fazem parte excelentes momentos e horrorosos momentos e que é preciso reagir para não corrermos o risco de nos perdermos dentro de nós. Contei-te tudo isto Vera, porque eu sou gente, como tu. E, ao contrário de uma certa pessoa que ficou célebre neste país, eu tenho dúvidas e por vezes engano-me. Sejamos humildes e tratemos por tu os sentimentos que nos assolam.
E só mais uma coisa. As definições não são definitivas. A vida é feita de avanços e recuos, de percursos por atalhos, veredas, caminhos ou estradas, às vezes até mesmo por pistas. Importa mesmo é manter a consciência e manter a capacidade de fazer escolhas pensadas e sérias, importa mesmo é manter a capacidade de voltar páginas, de iniciar páginas em branco.
Diverte-te... porque a vida é mesmo muito divertida.
Nota - O blogue da minha sobrinha Vera está linkado nos blogues familiares e vale a pena ir até lá levar um banho de sentimentos e emoções. É que nós adultos precisamos.

Hoje Decidi Ser Um Livro



"Definir o caminho deste blogue ocupou-me os pensamentos nos últimos tempos, e estive perto de desistir. Não era um acto de cobardia, era na verdade uma forma de acabar com este capítulo da minha vida, de seguir oficialmente em frente, de apagar todos os rastos do que fui. Tive muitas vezes vontade de o apagar, mas como li um dia, " O que está escrito está escrito e é meu ". As definições foram sempre coisas que me assustaram, talvez pelo facto de serem definitivas, não sei bem. E esta é, de todo, a mais definitiva que já tomei. O último capítulo da minha vida está terminado, hoje decidi ser um livro e começar numa nova página os tempos que aí vêm, as agonias e felicidades que se avizinham. Decidi que não posso parar de partilhar o próximo nascer do sol nem as próximas dores de coração, porque o Mundo é feito de muitas pessoas e eu sou só mais uma sem paciência para ficar fechada. E acima de tudo, decidi que não posso parar de partilhar o que eu escrevo para te provar que os meus textos são muito melhores que os teus."

4 comentários:

  1. " Hey! I'm Back " é que é um texto lindo :)

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  2. A Vera tem alguma razão ao dizer que "Hey! I'me Back" é que é um lindo texto, e realmente é, mas o da Vera também tem uma carga emocional muito grande. Mas o texto da Vera, que eu já vi no blog dela uns dias atrás, e não comentei porque fiquei "electrizado" pela energia, não quero comentar, apenas que a incentivo a realmente SER UM LIVRO.
    Anabela, quando ao seu texto, gostei. Só assim se questiona quem procura a felicidade ( quase que ia escrever excelência, mas lembrei-me do João Coutinho);só assim se questiona quem procura a coerência, a liberdade, a disponibilidade mental; só assim se questiona quem antes de mais sabe que é pessoa e por isso sabe que erra, que é preciso voltar à luta, que É PRECISO RENASCER

    E a mensagem final "diverte-te" que dá à Vera,é a mais importante e eu repito: ANABELA, DIVERTE-TE NO TEU BLOG.

    Lembraste daquele "post" em que confidenciaste que a tua filha desabafou que o teu blog estava a ficar aborrecido porque só falavas "daqueles problemas" da educação? E que era bonito era quando falavas destas coisas que "mexem" conosco? Ela tem razão. Eu venho aqui é por estes postes de vida que falam bem alto. Os outros também são precisos. Mas estes, dos sentimentos que vivemos no dia-a-dia, são pão para a boca.
    Obrigado pela partilha.
    Bem... vá...
    "O que está está escrito está escrito" mesmo que não tenho dito nada que valha.

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  3. Então não, Raul?
    Até fiquei de lagrimita no canto do olho... obrigada pelo apoio.
    Este blogue é de facto uma extensão de mim. E por norma divirto-me muito com ele.

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