Mohamed Belghazi e Museu Belghazi - Fèz - Marrocos
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães
http://museebelghazi.marocoriental.com/
Mohamed Belghazi
Conheci Mohamed Belghazi nesta minha última incursão a Fèz, a Magnífica, devido a uma feliz coincidência. A senhora que trabalha na bilheteira do Museu Belghazi faltou ao trabalho e tocou-lhe a ele, director, conservador, e filho do dono deste museu, vender-nos os bilhetes de entrada.
Conheci Mohamed Belghazi nesta minha última incursão a Fèz, a Magnífica, devido a uma feliz coincidência. A senhora que trabalha na bilheteira do Museu Belghazi faltou ao trabalho e tocou-lhe a ele, director, conservador, e filho do dono deste museu, vender-nos os bilhetes de entrada.
O riad onde funciona este museu é um riad belíssimo, com o costumeiro pátio interior, a fonte de água central e um lindíssimo jardim com laranjeiras cravejadas de laranjas e de flores, que exalam um odor intenso que acentua a magia daquele lugar.
Mohamed Belghazi em breve se dirigiu a nós inquirindo-nos sobre a nossa nacionalidade.
Mohamed Belghazi em breve se dirigiu a nós inquirindo-nos sobre a nossa nacionalidade.
Acho que o que quer que tenha clicado entre nós clicou nesse preciso instante.
Indivíduo culto, viajado, conhecedor dos Estados Unidos e de grande parte da Europa, viveu mesmo em França durante vários anos, onde fez o seu doutoramento em Crítica de Arte e, surpresa das surpresas, viveu em Portugal, durante mais de um ano, responsável que foi pela montagem do pavilhão de Marrocos na Expo de Lisboa.
E sentados à volta de uma mesa, apreciando um maravilhoso café no coração daquele riad, no coração da medieval Fèz, no coração da cidade herdeira da cultura hispano-mourisca, foi com surpresa, espanto e emoção, que o ouvimos falar das saudades que sentia de Portugal, onde gostou tanto de viver, nos, também para nós, saudosos anos 90. E falou emocionado e nostálgico do nosso país, e nós, sem pressa, fomos saboreando cada palavra de Mohamed Belghazi que nos remetia para uma visão exterior, aquela que é mais difícil de consciencializar, porque é um olhar de fora para dentro, sobre nós próprios, enquanto entidade colectiva. E falou-nos do acolhimento que teve, por parte dos portugueses, hospitaleiro, generoso e discreto, menos exuberante que o espanhol e por isso mesmo mais intimista. E falou-nos das regiões que percorreu, do Alentejo, do Algarve, do Minho. Falou-nos do Porto, de Lisboa, de Cascais, de Évora e de Sintra com paixão. Falou-nos da beleza, da beleza da ponte Vasco da Gama que ele ama esteticamente. Falou-nos de Saramago e de Fernando Pessoa, este último para ele um dos expoentes máximos da poesia. Falou-nos de Jorge Sampaio e de Mário Soares. Falou-nos dos amigos que fez e deixou por cá. Falou-nos da frescura do nosso peixe nos restaurantes da nossa costa. Falou-nos de um país bonito e limpo. Falou-nos da energia, da alegria, do dinamismo, do entusiasmo e do desenvolvimento que sentiu em nós, aquando da sua estadia por terras lusas. E perguntou-nos quem são os nossos governantes e qual é o partido que está no poder e eu lá tive que explicar que é um partido socialista que de socialista só tem o nome e que tem governado Portugal mais à direita que qualquer governo dito de direita.
E pensei como Mohamed Belghazi estranharia agora o nosso país sorumbático, irritado, espezinhado, espoliado, triste, amordaçado.
E pensei como Mohamed Belghazi se exprimia do mesmo modo nostálgico e cheio de saudades que eu uso ao falar de Marrocos. E rimos disso.
Trocámos a hospitalidade própria de dois povos irmãos. Mohamed Belghazi ofereceu-nos o seu riad, para lá pernoitarmos numa próxima investida a Fèz. Eu ofereci-lhe a minha casa de S. Gonçalo sempre que ele aqui quiser vir.
E pedi-lhe permissão para fazer este post e para publicar a sua fotografia neste blogue, a ele que já foi fotografado com tantas individualidades, com presidentes, primeiros-ministros, com reis e com príncipes, que eu vi as fotografias nas paredes daquele riad, e ele sorriu-me, um pouco acanhado, e disse que sim.
Por isso aqui deixo o registo da minha manhã passada em Fèz. Em Fèz, a Magnífica.
Indivíduo culto, viajado, conhecedor dos Estados Unidos e de grande parte da Europa, viveu mesmo em França durante vários anos, onde fez o seu doutoramento em Crítica de Arte e, surpresa das surpresas, viveu em Portugal, durante mais de um ano, responsável que foi pela montagem do pavilhão de Marrocos na Expo de Lisboa.
E sentados à volta de uma mesa, apreciando um maravilhoso café no coração daquele riad, no coração da medieval Fèz, no coração da cidade herdeira da cultura hispano-mourisca, foi com surpresa, espanto e emoção, que o ouvimos falar das saudades que sentia de Portugal, onde gostou tanto de viver, nos, também para nós, saudosos anos 90. E falou emocionado e nostálgico do nosso país, e nós, sem pressa, fomos saboreando cada palavra de Mohamed Belghazi que nos remetia para uma visão exterior, aquela que é mais difícil de consciencializar, porque é um olhar de fora para dentro, sobre nós próprios, enquanto entidade colectiva. E falou-nos do acolhimento que teve, por parte dos portugueses, hospitaleiro, generoso e discreto, menos exuberante que o espanhol e por isso mesmo mais intimista. E falou-nos das regiões que percorreu, do Alentejo, do Algarve, do Minho. Falou-nos do Porto, de Lisboa, de Cascais, de Évora e de Sintra com paixão. Falou-nos da beleza, da beleza da ponte Vasco da Gama que ele ama esteticamente. Falou-nos de Saramago e de Fernando Pessoa, este último para ele um dos expoentes máximos da poesia. Falou-nos de Jorge Sampaio e de Mário Soares. Falou-nos dos amigos que fez e deixou por cá. Falou-nos da frescura do nosso peixe nos restaurantes da nossa costa. Falou-nos de um país bonito e limpo. Falou-nos da energia, da alegria, do dinamismo, do entusiasmo e do desenvolvimento que sentiu em nós, aquando da sua estadia por terras lusas. E perguntou-nos quem são os nossos governantes e qual é o partido que está no poder e eu lá tive que explicar que é um partido socialista que de socialista só tem o nome e que tem governado Portugal mais à direita que qualquer governo dito de direita.
E pensei como Mohamed Belghazi estranharia agora o nosso país sorumbático, irritado, espezinhado, espoliado, triste, amordaçado.
E pensei como Mohamed Belghazi se exprimia do mesmo modo nostálgico e cheio de saudades que eu uso ao falar de Marrocos. E rimos disso.
Trocámos a hospitalidade própria de dois povos irmãos. Mohamed Belghazi ofereceu-nos o seu riad, para lá pernoitarmos numa próxima investida a Fèz. Eu ofereci-lhe a minha casa de S. Gonçalo sempre que ele aqui quiser vir.
E pedi-lhe permissão para fazer este post e para publicar a sua fotografia neste blogue, a ele que já foi fotografado com tantas individualidades, com presidentes, primeiros-ministros, com reis e com príncipes, que eu vi as fotografias nas paredes daquele riad, e ele sorriu-me, um pouco acanhado, e disse que sim.
Por isso aqui deixo o registo da minha manhã passada em Fèz. Em Fèz, a Magnífica.
Resumiu-se a isto.
Resumiu-se a muito.
Regressarei.
Regressarei.
ان شاء الله
Não estive lá mas foi como se estivesse... Obrigado pela partilha.
ResponderEliminarE é tão saboroso sentir "um olhar de fora para dentro" do nosso país com tanto carinho e emoção.
E parabéns pela fotografias.
Obrigada, Raul, deixou-me muito feliz por saber que o consegui transportar até à minha manhã, passada no riad/museu Belghazi.
ResponderEliminarE obrigada pelo incentivo à parte de mim que adora fotografar.