sexta-feira, 9 de maio de 2008
Visão de Pássaro sobre Amarante - Amarante - Portugal
(Fotografia retirada do blogue Plenacidadania)
Ainda Amarante, o Tâmega e a m... da Política Local
Hoje vou publicar um post inteiramente retirado do blogue http://sol.sapo.pt/blogs/plenacidadania/default.aspx.
O blogue Plenacidadania é um blogue onde o meu irmão, de seu nome José Emanuel Queirós, escreve. Não está linkado nos blogues familiares simplesmente porque não é somente ele a contribuir com textos para este blogue que se dedica a pôr a nu a m... da nossa política local. Não tenho outro adjectivo para a definir tal é o asco que ela em mim produz. É o que eu mais abomino na minha terra. É o que me deixa profundamente envergonhada enquanto amarantina. Sem a m... da politiquice local esta terra seria quase perfeita. Assim, é demasiadas vezes asfixiante e é uma das razões que me levam para longe daqui com frequência. Preciso de ar, sinto-me um peixinho fora de água no meio de tanta mente retorcida.
E só penso que no dia em que os professores forem funcionários camarários, e ficarmos sob alçada desta gentalha que tomou de assalto os partidos e a vida política, estará dada a estocada final na nossa liberdade individual, na nossa criatividade, no nosso espírito crítico. Adiante.
Peço, pois, um pouco de paciência aos meus leitores para lerem um post um pouco longo mas que, asseguro, vale a pena ler com muito cuidado, para "saborear" e "compreender" cada palavra escrita, para que cada um de nós tome consciência do lodaçal em que se transformou a politiquice local em Amarante.
Quem me dera não estar a escrever isto!
Mas é a verdade. Por isso e para que todos saibam...
À proposta de classificação do Tâmega e Ilhas que o meu irmão levou à Assembleia Municipal em Dezembro de 2007 a votação foi:
PS e BE - votaram contra
PSD - absteve-se
AMARANTE E O VALE DO TÂMEGA NA PENEIRA DOS ELEITOS LOCAIS
Acabando de saber que na última reunião da Câmara Municipal de Amarante, ocorrida na passada Segunda-feira (5 de Maio de 2008), o Executivo deliberou estudar a possibilidade de interposição de uma providência cautelar à abertura do concurso de concessão da Barragem de Fridão, não me surpreende minimamente a posição contrária, assumida pelo Presidente da Câmara e pela sua Vereadora, ao arrepio daquilo que o próprio vinha propalando na comunicação social.
Ao fim de 14 anos, desde que algumas das problemáticas relativas ao projecto hidroeléctrico de Fridão/«cascata do Tâmega» passaram ao domínio público por minha intervenção (enquanto membro-fundador da Associação Cívica e Ecológica «Os Amigos do Rio»), entre todas as iniciativas conhecidas da responsabilidade do Presidente da Câmara Municipal de Amarante, o que verdadeiramente me surpreendeu foi a que, sob sua proposta, em Setembro (17) de 2007, levou a Câmara Municipal de Amarante (Acta n.º 34/2007) a marcar posição contrária ao consignado no «Programa Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico» quanto ao projectado empreendimento para o escalão de Fridão. Tudo o mais, quanto ao que à designada «Barragem de Fridão» e à «cascata do Tâmega» diz respeito, dos actos de que não guardou reserva e não se me desvaneceram da memória, são de inteira coerência argumentativa, tanto nas posições “caseiras” que manifestou como pela influência que, certamente, exerceu em alguns dos seus vereadores a quem delegou o pelouro do Ambiente, até reflectida na falta de atitude e posicionamento, durante cerca de década e meia, do órgão executivo a que preside.
Portanto, quando no passado dia 19 de Abril de 2008, o Presidente da Câmara Municipal de Amarante se fez notar pela ausência na sessão realizada sobre as repercussões da Barragem de Fridão, nos Paços do Concelho, levada a efeito pela «Comissão de Acompanhamento da barragem de Fridão» de que faz parte, creio podermos daí inferir, justamente, um sinal sintomático deixado pelo próprio no contexto mais apropriado.
Evitando, por agora, a exaustividade das circunstâncias e da cronologia, que não é propósito presente, retenho o que assisti na sessão ordinária da Assembleia Municipal de Amarante de Dezembro (22) de 2007. Confrontado com o meu dever de eleito, com a faculdade proponente que o estatuto me concede e com respaldo no Decreto-Lei n.º 19/93 de 23 de Janeiro (números 1 dos artigos 9.º e 26.º), nessa sessão plenária, para deliberação no período de «Antes da Ordem do Dia», apresentei uma moção visando a classificação de
«a) toda a faixa do território concelhio enquadrada na paisagem do vale percorrido pelo rio Tâmega, de área de «paisagem protegida», e
b) das raras formações sedimentares insuladas existentes no rio Tâmega, no concelho de Amarante, tais como são exemplos a Ínsua dos Frades e a Ilha dos Amores, de «monumento natural».»
Estando os trabalhos a decorrer, comigo na tribuna a apresentar e a defender o que creio ser um desiderato legítimo e justo dos amarantinos e de Amarante, quando o Presidente da Câmara Municipal de Amarante, não encontrando melhor argumento para influenciar o sentido de voto da bancada municipal do PS, soltou dizendo em tom e som que obrigou à minha interrupção: «Isto é truque! Isto é truque!...»
A fase de discussão da proposta teve as provas mais eloquentes até onde pode ir a desvergonha da maioria dos eleitos, a desonestidade intelectual plantada no contorcionismo dos argumentos mais inverosímeis, e o descompromisso com o juramento a que todos devemos respeito: Juro que cumprirei com lealdade as funções que me são confiadas!, é o que cada um afirma em voz alta, diante de todos, no acto de posse.
Perante tudo o que de mais insensato outros eleitos locais me fizeram presenciar, numa matéria que supunha pacífica e consensual – mas o que perderam de assistir in loco os cidadãos deste País que não se deslocaram naquela manhã de Dezembro ao Salão Nobre dos Paços do Concelho! – logo percebi que o «chumbo» era uma inevitabilidade política conjuntural, e que de positivo, para Amarante, ficaria o lastro incorruptível que o texto a seguir consubstancia.
PREÂMBULO PARA CLASSIFICAÇÃO DO TÂMEGA E ILHAS
«Para o território que dá pelo nome de Amarante, para a cidade que constitui sua sede administrativa, e para a região Tâmega, a Natureza fundiu magma e água num tracto fecundo e generoso, legado remoto que temos em usufruto no lugar que tem por nome Amarante.
O chão comum que da terra se eleva em xisto e granito, do fundo do vale às alturas do Marão, fixa em Amarante marcas singulares de um cenário multi-milenar, activo, transposto e tornado fértil pela brandura do rio, onde o homem pacificamente se acolheu.
A paisagem diversa e prolífica que o rio edificou em terras de Amarante, é um fenómeno telúrico irrepetível, de equilíbrio entre cada um dos seus elementos naturais que a integram, estabelecido no permanente e necessário afeiçoamento do homem à terra. Desse diálogo insondável das civilizações com a Natureza, mantido ao longo do vale na constância fecunda das águas, advém para Amarante um valor cénico intrínseco, amplamente reconhecido, acima do próprio valor natural do ecossistema. A paisagem que o rio abriu, ora rasgando o vale e humificando a terra, ora brotando aquecidas águas das suas entranhas, e que o homem trabalha arroteando courelas vinhadeiras no sopé da serra, detém indelével cunho natural-civilizacional.
As marcas naturais e culturais, singulares na sua origem e na resultante da sua conjugação inscritas no cerro da terra amarantina, são produto da mesma categoria de forças que atraíram o Santo à beira-Tâmega, ditaram a fundação da vila e do concelho, impulsionaram Pascoaes na descoberta do valor deste nosso «vale sagrado», e despertaram em Amadeo o traço e as cores da sua profunda sensibilidade criativa.
O vale do Tâmega, com o rio fluindo no seu curso natural, sempre fugidio e sempre reflexivo aos pés da cidade, nem sempre foi entendido e defendido na dimensão genesíaca dos valores equilibrados e únicos que possui. E, só por isso, o vale, o rio, a cidade e o seu povo, reflectem injustificadas faltas que o verdadeiro trabalho político há que realizar, definindo localmente regras de reconciliação com a Natureza.
Sem pressas nem agravos, enquanto a cidade se conscientiza ou se alheia, o rio Tâmega trabalha a paisagem ao ritmo equilibrado da auto-regeneração do vale, incutindo em Amarante uma prosperidade natural registada na sucessão dos ciclos temporais. Sazonalmente, oferece a descida das águas, no Verão, e, no Inverno, a subida e as cheias do Tâmega (quando as há!) que tratam de limpar as margens e o leito, e de renovar os depósitos aluvionares e as areias, que na cidade há quem compreenda e estime.
Amarante, erigida no vale sobre ambas as margens do Tâmega, mantém com o rio uma relação de estreita convivialidade, tão necessária quanto dela está dependente a existência da própria cidade e o reflexo da sua imagem.
Esta paisagem crescida em diálogo perene entre o rio Tâmega e as características geomorfológicas do vale, cuja história remonta à remota história geológica do planeta, teve florescimento autónomo e ganhou harmonia singular, que se observa no território onde Amarante ganhou lugar, até chegar a concelho e o lugar a cidade. E, hoje, na tomada de consciência do factor determinante de vida que o rio consubstancia e gera em curso natural, perscruta-se o seu apelo ao homem para que evite mais desmandos e novos excessos, que impeça a degradação da qualidade das águas e a destruição dos biótopos, que limite a introdução de mais desarranjos no sistema biofísico e perturbação à harmonia dinâmica da paisagem.
QUANTO VALE A PAISAGEM DEFINIDA PELO RIO TÂMEGA
1. Reconhecendo a relevância e dando expressão pública ao valor estético – pictórico e poético - da paisagem definida pelo vale percorrido pelo rio Tâmega em território concelhio, fonte do forte sentimento que os amarantinos desenvolvem pelo Tâmega e pela paisagem que de si se eleva em multímodos cenários na presença constante do rio, e que constitui verdadeiro potencial propulsor do turismo para o concelho e para a região, ainda pouco aproveitado;
2. Considerando que o rio Tâmega, a geomorfologia do tracto e o cenário do vale são a estrutura de suporte à vida na região e no concelho, e permanecem factores de importância vital extrema no arranjo biofísico e na dinâmica natural da paisagem de Amarante, na estabilidade de todo o contexto sócio-económico, patrimonial, e de equilíbrio entre todos os elementos que alimentam a complexidade ambiental regional e local;
3. Em ordem à:
a) consagração definitiva do valor geográfico, ecológico, e estético da paisagem irrepetível do vale do Tâmega, resultante da necessária inter-relação existente, com o seu curso fluindo a ritmo natural, pelo reconhecimento do seu valor patrimonial natural e construído, ecológico, cultural e social, insubstituíveis;
b) promoção da melhoria da qualidade de vida dos amarantinos, à garantia da gestão e utilização equilibrada da paisagem definida pelo vale do Tâmega, à conservação da Natureza e ao desenvolvimento sustentado;
c) protecção dos nossos recursos naturais, bem patentes no rio e no vale do Tâmega, contra todas as formas de degradação do meio e do nosso ambiente;
4. Considerando que:
a) no âmbito do Regulamento do Plano Director de Amarante (PDM) – ratificado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 165/97, em conformidade com o regime da Reserva Ecológica Nacional Decreto-Lei n.º 93/90 de 19 de Março – o leito do rio Tâmega está classificado de «reserva ecológica nacional (REN)», bem como toda a rede hidrográfica instalada em território do concelho (al. a) – número 2 - Anexo I);
b) com a publicação do Decreto-Lei n.º 152/97 de 19 de Junho, a Bacia Hidrográfica do Tâmega, foi classificada de «zona sensível», em virtude de se «revelar eutrófica»;
c) pelo normativo regulamentar do Plano de Bacia Hidrográfica do Douro, em vigor – aprovado pelo Decreto Regulamentar n.º 19/2001, de 10 de Dezembro –, para a sub-Bacia do Tâmega se estabelece e classifica de «ecossistema a recuperar» o sector terminal do rio Tâmega «desde Mondim de Basto, confluência da ribeira de Cabresto, à confluência com o Douro», em cuja secção do vale está integrado o seu percurso feito em território deste concelho (al. n) - Parte VI);
d) pela Lei n.º 58/2005 de 29 de Dezembro (Lei da Água), toda a Bacia do rio Tâmega recebeu o estatuto de «zona protegida» (Artigo 4.º - al. jjj));
5. Observando o regime jurídico estabelecido pela Lei n.º 11/87, de 7 de Abril (Lei de Bases do Ambiente), nomeadamente quanto aos princípios específicos enunciados – «Da prevenção», «Do equilíbrio», «Da participação», «Da procura do nível mais adequado de acção», e «De recuperação» (all. a), b), c), f), g), h) - Artigo 3.º) –, e no qual se consagra a «protecção e valorização das paisagens» como instrumentos da política de gestão das próprias paisagens (Artigo 19.º);
6. Tendo em vista dotar o Município de Amarante dos instrumentos legais que proporcionem limitar os processos degradativos que se registam sobre cada um dos componentes da paisagem amarantina atravessada pelo rio Tâmega, e promover, nomeadamente, a recuperação da qualidade das águas do rio e das paisagens do vale por si percorrido em território concelhio.»
No atoleiro político-partidário em que Amarante mergulhou, por força do afastamento que os cidadãos deram aos seus eleitos, episódios semelhantes a este são rotina no órgão fiscalizador e deliberativo do Município de Amarante, onde contra o facto do PS exibir o seu poderio sectário atroz, não há argumentos que possam vingar em Amarante fora do recalcitrado espírito de horda.
José Emanuel Queirós
Anabela, como sabes gosto de acompanhar a actividade politica Amarantina, a tal ponto que até seguia em directo as Assembleias Municipais. Conheço isso e lamento, a atitude de todos os partidos nesse acto cívico do Dr. Emanuel Queiroz, incluíndo do meu partido PSD que se absteve, para que tudo fique claro. Como lamento que, por motivos mesquinhos, por politiquisse pura, não se coloque um técnico tão proficiente como é o teu irmão ao serviço de Amarante. Não deveria ser Amarante o nosso ponto de congregação, da direita à esquerda? Num caso destes, em que se pretendia salvaguardar o património natural de Amarante, não deveríamos estar todos de acordo? Ainda mais, uma proposta vinda de uma pessoa tão bem formada e informada, que tem o grande defeito de amar esta terra?! Sempre ouvi, netes como caso na escola de Artes e Ofícios ataques torpes ao teu irmão. Pura injustiça! O teu irmão que tantas vezes teve a amabilidade de conversar com o meu falecido pai no Café Bar, é uma pessoa de bem e que tem o grande defeito de pensar e dissertar, mas com grande sustentação das suas teses. Diziam alguns politicos da terra que queria tachos? Afinal, quem tem os tachos em Amarante?... E Amarante, terá lucrado com essa mesquinhez?... Dr. Emanuel Queiroz, quer no caso da escola de Artes e Oficios, quer no da barragem de Fridão, o tempo deu-lhe razão; infelizmente para Amarante. Mas são os desígnios e as irresponsabilidades dos homens que nos governam... terão que carregar este ónus!
ResponderEliminarE fico eu a pensar, Helder, o que leva os políticos de meia tijela aqui do burgo a votarem contra semelhante proposta... e a absterem-se...
ResponderEliminarÉ que a mim parece-me que semelhante proposta nos deveria honrar enquanto amarantinos. Parece-me. Pelo menos a mim orgulhar-me-ia que toda aquela zona do Tâmega e sua envolvente, onde eu tantas vezes passeio de máquina fotográfica, estivessem classificadas.
Quanto à Escola de Artes e Ofícios de Amarante, jocosamente chamada pelos políticos de m... locais de Universidade do Ponto de Cruz, e extinta pelo PS que ofereceu cursos e alunos de bandeja a uma outra escola profissional local, "curiosamente" comandada por elementos do PS locais, que em três tempos destruíram todo o trabalho desenvolvido pelo meu irmão enquanto director da extinta, essa será uma história para ser contada num outro dia.
Só para terminar friso que destruíram em três tempos cursos que tanto trabalho deram a criar simplesmente porque não foram capazes, não foram competentes e não tiveram estaleca para os manter. Ou seja são umas nódoas. É que eu sei... o trabalho estava todo feito e era só manter tudo em velocidade de cruzeiro.
Relembrar esta história dá-me vómitos.