quinta-feira, 1 de maio de 2008


A Minha Mão aos 11/12 anos
Digitalização de Trabalho de Impressão a Vermelho sobre Papel

Memórias

Este post é inteiramente dedicado à Carmo, que eu não conheço pessoalmente, mas da qual me sinto próxima no sentir e no viver.

A história que hoje recordo veio-me à lembrança depois de ler um comentário da Carmo, neste mesmo blogue, acerca de uma outra Anabela que ela conheceu nos bancos da escola.
Pois a minha história passa-se no Ciclo Preparatório Teixeira de Pascoaes, no ano de 73 ou 74 do século passado, que eu já sou bem antiga.
A minha professora de Português tinha-nos mandado fazer para casa uma composição, já nem sei sobre o quê, e eu, que cumpria sempre com as minhas obrigações de aluna, daquela vez esquecera por completo o trabalho. Entrei na sala receosa... mas também a pensar que era preciso ter um grande galo para ser apanhada em flagrante delito de esquecimento entre os 30 ou mais alunos que compunham a minha turma. Já na sala de aula a professora informa-nos que vai mandar ler aqui e ali o trabalho feito... ups! "Anabela, lê a tua composição". Não reflecti duas vezes. Levantei-me. Abri o caderno na última página escrita de Português e comecei a "ler" a minha redacção inventando-a toda naquela mesma hora! Não sei se a professora deu pela marosca. Se deu, teve a gentileza de não me desmascarar ali mesmo à frente de todos os meus colegas.
E porque é que eu me lembrei de tal coisa? Porque eu gostava muito daquela professora novinha que nos tratava com tanto carinho, de seu nome Joaquina e que, curiosamente, já em final de carreira, viria a ser professora de História da minha filha Joana. Não a quis decepcionar com o meu esquecimento. E por ela fiz o trabalho ali mesmo, naquela hora. Ela disse-me que gostou e que o trabalho estava bem. Ainda hoje recordo esta história com um sorriso nos lábios. Desenrasquei-me. Fui, como se diz agora, uma aluna competente perante aquele desafio, brutal para quem tem 11 ou 12 anos. Ainda hoje sinto o bater do meu coração dentro do meu peito, acelerado, acelerado!
Vai daí, Carmo, há coincidências extraordinárias, não há?!

7 comentários:

  1. Minha Querida Anabela, na Vida não há coincidências nem Acasos. Há Encontros. E nós encontrámo-nos! Que bom! Que estas coisas nos façam lembrarmo-nos mais vezes de que já fomos adolescentes!Esquecemo-nos tantas vezes! No caso concreto da "minha" Anabela, quantas vezes me afligi por ela, quantas vezes corei por ela, nas aulas de Moral! Mas era tão pura, tão simples, tão menina! Um beijinho grata pela tua coincidente Memória, da Carmo

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  2. Fiquei comovida com o episódio de vida. Não que alguma vez tenha feito o trabalho de rajada na sala. Mas porque também tive professores a quem nunca fui capaz de decepcionar. Mais, tive professores a quem impedia que os meus colegas, que me tinham respeito, decepcionassem. Uma dessas senhoras foi professora de Filosofia nesta cidade, e ainda hoje a vejo com a msma deferência respeitosa, que alías emana de toda sua figura e personalidade.

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  3. É verdade, há encontros.
    Acompanharei o teu blogue.
    Fica bem.

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  4. Provavelmente tivemos a mesma professora de Filosofia..
    Um ser à parte, muito marcante para qualquer dos seus alunos, que eu tenho como modelo na minha actuação enquanto professora.
    Drª Emília Barros, não?

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  5. Sim,a mesma, ela própria, única e incomparável. Como eu gostava que ela desse aulas de filosofia aos meus filhos.

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  6. Acredite que sei bem avaliar esse seu desejo. Mas já nem a minha filha teve essa sorte. É um dos desgostos da minha vida de mãe/professora ter ouvido a minha filha, por diversas vezes, dizer que DETESTAVA Filosofia!!!
    Como é possível??!!!
    Acabei por lhe arranjar umas explicações com a Regina Sardoeira. Ao fim da primeira chegou-me a casa com os olhos a brilhar "Afinal Filosofia até é bem giro!!!"
    Valeu a pena só por isso!

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  7. Vês, Anabela, como não há Coincidências nem Acasos? Depois de ler estes diálogos cruzados, do que tive a certeza é que estas "avaliações" que aqui fizeram é que contam! Estas e outras parecidas. Porque, felizmente (e graças a Deus, também justamente), os Alunos também nos avaliam assim, ainda em vida (leia-se "no activo"). Guardem todas as provas! No coração e na gaveta. Um beijo para todos da Carmo

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