terça-feira, 10 de junho de 2008


A Dança do Diabo - S. Gonçalo - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

A Dança

É com redobrado prazer que continuo a postar, neste meu blogue, a poesia profunda e inteligente do "meu aluno" Maracujá. Neste caso posto esta Dança, de Vida, do Diabo, e outros temerários corações... É destes exemplos que eu constantemente me nutro, não perdendo a vontade de fazer mais e melhor. É com estes bons exemplos vindos "de baixo" que eu consigo suportar os maus exemplos vindos "de cima" e são eles que me ajudam a manter a chama da esperança acessa.
A Escola Pública está pelas ruas da amargura? Não me parece. Apesar da tutela, não me parece!
A Escola Pública será sempre aquilo que nós todos, no terreno, quisermos que ela seja. Apesar da tutela. Às vezes mesmo contra a tutela!
Resistiremos! Dançando!

A Dança

Dança de vida
do Diabo e outros
temerários corações
em procura do Graal
ou de outros cálices
brilhantes e reluzentes
fálicos ou morais.
Vidas Diferentes
Céus e Deuses
Significado acima de tudo
Mas o que fazer quando o significado
é insignificante??
Quando as nossas acções rodopiam no caos
num vórtice erótico
numa corrente de nada??
Simples.
Continuar
pois a estrada para aí serpenteia!
Os meus actos importam
mas cairão no vaso negro do esquecimento
ou abrirão as portas da imortalidade??
Perdurarei na vasta escuridão
da solidão
não orgulhosamente só
mas olhando o céu estrelado
quando também ele perder o significado??
A vida não deveria ser aleatória
um passo de tango errante
ou uma valsa de montanhas brancas e enrugadas...
Mas não passa de uma dança
que entre passo e pirueta
beijos e abraços
nos enrola nos seus braços fraternais
no qual cumprimos o nosso papel.
Pois embora a memória perdure
também o tempo
mas este sem rival
orgulhosamente só.
Então quando o vinil
quente
humano
parar de tocar
e a derradeira estrela se apagar
que acabe a Dança
mas até lá
Dance-se...

5 comentários:

  1. Anabela:
    Entre testes, escalas, classificações, fundamentações...abro o teu blogue e delicio-me com este poema. Intenso. Violento. Lúcido.

    Maracujá:
    Não sei quem és. Sei que És.
    Quando "o significado (da vida)é (for)insignificante", revolta-te, preenche de sentido o vazio, suprimindo-o. Os desistentes da vida serão sempre simulacros de seres.

    Até ao próximo poema.

    ResponderEliminar
  2. Obrigada, Elsa, o Maracujá vai gostar de ler o que lhe escreves.
    E coragem... para testes, escalas, classificações, fundamentações e tarefas afins que nos chegam por acréscimo a estes seres... algumas bem áridas e infrutíferas, não?
    Bjs

    ResponderEliminar
  3. Maracujá:

    Corrente de nada?
    O céu estrelado perder o significado?
    Não. Mesmo que um dia não sejas tu a fazê-lo, alguém vai estar ainda a olhar para o céu estrelado, ainda vai haver um significado ainda que não seja para ti.
    E mesmo que os teus actos e a tua vida não importem a quem vem aí, isso não tem mal, importam agora para quem cá está, para mim talvez, para alguém eles importam. Importam mesmo.

    ResponderEliminar
  4. P.S. Nessa foto, esse Diabo, é o Ivo, o grande Ivo :D

    ResponderEliminar
  5. Claro, Vera, mas é que importam mesmo. Aqui e agora.

    ResponderEliminar