Caminhos - Barca - Serra da Aboboreira
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães
Caminhos
Hoje foi dia de acordar às seis e meia da manhã e começar a trabalhar bem cedo nos meus caminhos da Barca. O trabalho nos caminhos é muito moroso, não pelo empedrado em si, mas por tudo o que antecede o empedrado propriamente dito. De facto, muita volta preciso de dar até os meus caminhos tomarem forma. Depois de definidos os trajectos em longas contemplações, traçando percursos mentais, é necessário cortar todo o mato que ocupa o lugar onde serão colocadas as pedras para, posteriormente, de enxada na mão, alisar percursos, preparando o leito do empedrado. Segue-se a parte mais complicada, a que me dá mais trabalho. Esgotado que está o meu stock de pedras por ali perto, abasteço-me de pedras em sítios cada vez mais distantes, monte acima, monte abaixo, de carreta em punho, até juntar um bem pesado transporte. E aí vou eu de volta, monte acima, monte abaixo até chegar ao meu destino cada vez mais longínquo.
Chegada ao local a calcetar, é "só" colocar as ditas lado a lado e, com o material dos calceteiros, marretas, picos e afins, acondicionar as pedras até elas estarem exactamente como eu as quero.
O caminho que ilustra este post foi o resultado de uma manhã inteirinha de trabalho. Parece pouco, não é? E é. Mas os meus caminhos não têm fim.
Continuo a fazer os meus caminhos da Barca com o mesmo entusiasmo de sempre, ao som do chilrear da passarada da Barca. Os meus caminhos são intermináveis já que, quando acabo um percurso, aparece-me outro logo de seguida, a exigir ser feito.
Amo-os assim. Rudes e toscos como a Serra por onde eles serpenteiam.
E ando nisto há anos. Empreendimento interminável que me acompanha a vida desde os meus vinte e poucos anos, confundindo-se já, a esta altura do campeonato, com a minha própria vida.Assim é. Assim será.
Ola! Espero nao tenha esquecido de levar o Nivea!..eu quando me punha a fazer disso, fazia-o com uma luvas muito boas de pele de vaca que se compravam no Branco. Quanto á calçada, eu escavava fundo, misturava saibre e com martelo calceteiro metia-as quase todas ao tiçao!...saudades!!!
ResponderEliminarAh! Com que então o menino também é calceteiro!!! Mas se está com saudades eu empresto-lhe terreno para exercitar e matar saudades...
ResponderEliminarE também eu protejo as minhas pobres mãos com luvas extra-fortes, no caso de serralheiro. Depois de experimentar vários modelitos assentei arraiais nestas que são catitas.
É um exercício do carago, não é Clap?
Seis horas a orvalhar. Seis e trinta a calcetar. E de permeio a orar. Adivinhem lá o que é.
ResponderEliminarConfesso a minha ignorância total, Elsa.
ResponderEliminarAguardo solução.
Bjs
lameiros con água de fonte situados ao sul de Cerdedelo numa pequena chaira, onde o caminho se bifurca cara Òs Teixos, cara À Cavada, cara Às Mílharas, etc. Aira de Sás ou Airadesás, provén de aira + de + sás, o primeiro elemento, tal como aira 'eira', provavelmente do lat. area 'superfície plana, espaço geométrico, terreno, praça, horta, campo', ou da mesma raiz que este. E o último elemento antes que de sá 'sala', como se trata de un chao bastante húmido, con fonte e charcas, deriva provavelmente do céltico (cf. gaul. *sala 'terra lamacente', provavelmente relacionado con o célt. salā 'sujidade' (cf. gaul. *sal- 'estrume, adubo', *salako 'sujidade', fr. sale 'sujo', air. sal, sa(i)le 'sujidade' (Schmutz), salach 'sujo' (schmutzig), abret. haloc 'id', cymr. halog 'id', etc.), de origen insegura, ou da mesma raiz que este e que o lat. salix 'salgueiro, vara de salgueiro' (cf. mir. sail (gen. sa(i)lech) 'id', cymr. helyg-en 'id'), salīva 'saliva, sabor, gosto', o germ. *sula-, *sulaz, *sulwa-, *sulwaz? 'sujo, escuro' (schmutzig, dunkel) (cf. gót. *sauleins 'lamaceira, lamaçal, difamaçon' (Beschmutzung), *sauljan 'sujar' (schmutzig machen), *saulnan 'tornar-se sujo' (schmutzig werden), ae. sōl 'sujo, escuro, negrusco' (schmutzig, dunkel, schwärzlich), syle, sylen 'poça, charco, lamaçal, pantano' (Suhle, Pfütze, Morast), sylian 'sujar, difamar' (beschmutzen), afries. *sulia 'manchar, sujar, difamar' (besudeln), sol 'sujidade, excremento' (Schmutz, Kot), as. solag 'fecal, sujo' (kotig, schmutzig), as. sulwian* 'manchar, sujar, difamar' (besudeln), ahd. solag* 'fecal, sujo' (kotig, schmutzig), nhd. (ält.) solig, sölig 'sujo', ahd. bisulen* 'sujar, manchar, poluir, difamar' (beschmutzen, verunreinigen, besudeln), mhd. besüln 'manchar, sujar, difamar' (besudeln), nhd. (ält.) besülen 'id', ahd. sol, sul* 'poça, charco, lamaçal, pântano, lugar lamacento' (Suhle, Lache, Sumpfloch, sumpfige Stelle), mhd. sol 'Kotlache'), *salwa-, *salwaz 'escuro, negrusco, sujo' (dunkel, schwärzlich, schmutzig) (cf. an. sǫlr 'sujo, descorado, descorado sujo' (schmutzig, bleich, schmutzig bleich), ae. salu, sealu 'escuro, negrusco' (dunkel, schwärzlich), ahd. salo 'escuro, negro, sujo' (dunkel, schwarz, schmutzig)), *salwīga-, *salwīgaz 'escuro' (dunkel) (cf. ae. salwig 'de cor escura' (dunkelfarbig)), *salwjan 'enegrecer, manchar' (schwärzen) (cf. ae. salwed 'enegrecido, manchado, coberto de alcatrán' (geschwärzt, geteert), ahd. salawen* 'sujar, turvar, enegrecer' (beschmutzen, trüben, schwärzen), mhd. salwen 'sujar, turvar' (beschmutzen, trüben)), *salwa-, *salwam 'sujidade' (Schmutz) (cf. an. sǫl 'Meer, Tangart'), *salhō-, *salhōn, *salha-, *salhan 'pasto, pradeira, salgueiro' (Weide, Salweide, Weidenbaum) (cf. ae. sealh 'id', salig 'id', an. selja 'Salweide (salix capraea)'), *salhō 'id' (cf. ahd. salaha 'Salweide, Weide', mhd. salhe 'Salweide', as. *salu? 'Salweide, Weide, Weidenbaum'), *sauljō-, *sauljōn 'excremento, lama, lodo, charco de água' (Kot, Schlamm, Wasserpfütze) (cf. gót. *sauljō? 'pântano, lamaçal, lodo' (Sumpf, Schmutz)), o aind. sāra-, sāla- 'gris' (grau), o cymr. salw 'pobre, simples, ruin' (ärmlich, niedrig), acorn. halou `stercora', o rus.-ksl. slavo-očije `Blauäugigkeit', o rus. solovój `isabellenfarben', o abrit. Salico-dūnon, o gaul. Salicilla, etc., todos provavelmente da base pie *sal-2
ResponderEliminarAgora é que eu não percebi nada de nada!
ResponderEliminarBelos caminhos e tenaz persistência. Eu orvalhei.
ResponderEliminarA Anabela calcetou. Terá sido a Elsa que orou???
Belíssima tentativa,Clap.
ResponderEliminarAnabela: estás numa posição privilegiada para decifrar a charada.
De certeza, Passiflora, tenho a certeza de que a Elsa "orou".
ResponderEliminarVai daí as orvalhadas são-nos dadas pela Passiflora nos seus jardins, eu contribuo com os meus longos e interminaveis caminhos calcetados, que partilho a cada passo neste blogue, e as "orações", de permeio, são território da Elsa que paira sobre os nossos blogues!!! Kakakakaka!
Acertei, Elsa?
Esta foi boa!
Excelente, Passiflora!!!!!
ResponderEliminarAnabela: estiveste quase, quase...
A Passiflora orvalhou, a Anabela calcetou. E quem orou?
O Helder que, no seu blogue, passou do espaço sagrado (Igreja de S. João de Várzea) para a fé no F.C. Porto!
P.s.: Como agnóstica, orar só como tu escreveste, Anabela, com aspas, muitas aspas. Logo, em sentido metafórico. Tens direito a uns pontitos extra...
Xiiiiiiiii! Não me tinha lembrado das orações do Helder! Lembrei-me só das tuas e tive o cuidado de as meter entre aspas, como viste!
ResponderEliminarFico contente pelos pontitos extra! :D
TCHIIIIIIIII...! agora sugeria que me arranjassem um vestibulo-ao-ar-livre, para poder colocar os bonés que entretanto apanhei!
ResponderEliminarPois fique sabendo Sr. clap!clap!clap!, que não obstante a coincidência (dos dizeres nos respectivos blogues) e a intuição me terem feito dar aquela resposta eu também apanhei de seguida alguns bonés, com dicionários, Wikipédias, com chairas com eiras, etc.
ResponderEliminarFique bem que já dei umas sonoras gargalhadas por causa do seu vestíbulo ao ar livre.