quinta-feira, 3 de julho de 2008

Terrorismo

Tema perigoso, este, a exigir múltiplas cautelas.
O que o poder político encara como terrorismo hoje pode não o ser amanhã. Uma verdade hoje pode muito bem transformar-se numa enormíssima mentira amanhã, sendo que a realidade dos factos é a mesma, mudando unicamente a perspectiva de visão sobre essa mesma realidade. Aliás, o terrorista de hoje pode ser o herói de amanhã, e já assim foi, inúmeras vezes, ao longo da nossa já longa História.
Alerto os meus alunos para isto, para a necessidade de haver uma certa cautela neste e noutros assuntos polémicos.
Espero que me escutem.

E vem isto a propósito de uma notícia pequenina, quase uma nota de rodapé, saída ontem no Jornal de Notícias, e que reza assim:

EUA

Mandela deixa de ser "terrorista"

Nelson Mandela, campeão do combate anti-apartheid, foi retirado ontem, simultaneamente com o seu partido, das listas negras norte-americanas do terrorismo, após a promulgação por George W. Bush de uma lei nesse sentido. A lei foi aprovada pelo Congresso, a tempo do 18 de Julho, data do 90º aniversário do prémio Nobel da Paz, primeiro presidente negro da África do Sul de 1994 a 1999.

Pois é, digo eu, mais vale tarde que nunca.

3 comentários:

  1. Mais vale tarde do que nunca, é verdade, mas isto é/foi uma enormidade. Não sabia que Mandela tinha estado na lista negra. É o problema daqueles que pensam que sabem tudo acerca de tudo e "um bocadinho mais do que nada acerca de nada"- como diz um amigo meu.
    Sinais dos tempos! Ou não.
    Temos que estar sempre atentos.
    Uma lição de vida.

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  2. Atentos, vigilantes e muitas vezes com um pé atrás.
    À medida que o tempo passa por mim vou-me dando cada vez mais conta destas enormidades e vou ficando cada vez mais descrente na classe política. E não estou a falar só da nacional. Infelizmente o problema é mais extenso, mais profundo e mais grave.
    Não estou optimista quanto ao futuro.
    A ver vamos.

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  3. É curioso como a fronteira entre o terrorista e o herói é ténue...para alguns.
    De resto, como saberás melhor do que eu, talvez fosse necessário reescrever partes da(s)
    História(s): universal e individual.
    Há um autor espanhol que fala em "terrorismo filosófico" no sentido da crítica virulenta, anti-dogmática, do inconformismo hiperbólico.
    Agrada-me esta ideia: ser portadora de um "terrorismo filosófico". Mas o melhor é não escrever mais nada sob pena de me encarcerarem - literalmente - e de te fecharem o blogue!

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