segunda-feira, 1 de setembro de 2008


Amarante - Vista da Barca - Aboboreira - Portugal
Fotografia de Artur Matias de Magalhães

Cobre e Dupla Incompetência
(ou outra coisa qualquer)

Parece que o cobre está caro. Vai daí a que se dedicam algumas pessoas neste país? Ao roubo dos fios de cobre, pois então, que sendo bons condutores são usados a torto e a direito pela EDP para fazerem chegar a electricidade aos lares deste pequeno rectângulo. Parece que a moda já não é propriamente nova, e que se agravou com o aumento do preço do cobre.
Pois chegada de férias foi tempo de contactar com uma Barca inteiramente envolta na escuridão.
E a que se deveu tamanha situação insólita? Ao roubo dos fios de cobre da rede pública de distribuição da dita electricidade, pois claro! Os ladrões deram-se até ao luxo de, não tendo ficado satisfeitos com o primeiro trabalho, irem uma outra noite, logo de seguida, roubar mais uma secção de fio de cobre que decerto lhes sorria. Pelo caminho estoiraram com um transformador e deixaram aquela parte da Aboboreira às escuras. "Um prejuízo dos diabos" nas palavras de um funcionário da EDP.
E a primeira incompetência a assinalar é mesmo da EDP. Prontamente mudaram os cabos e até aqui tudo bem. Esqueceram-se foi de fazer a ligação a minha casa, que é visível e não se encontra camuflada. Ontem, foi dia de deslocação à Barca do Piquete de Emergência da dita empresa que demorou uns dez minutos a fazer o trabalhinho que já deveria estar feito.
E a segunda incompetência vai para quem não os apanha. O cobre não se negoceia aí pelas esquinas, pois não? Estarei eu enganada? Será que é como o Faria me dizia ainda ontem, ironicamente "Sabes, o cobre é difícil de detectar. Vende-se para qualquer restaurante que os há neste país por tudo quanto é esquina. É servido nos pratos à freguesia que sem o saber roubado o come sem demora, perdendo-se no corpo, não deixando o seu consumo qualquer rasto."
Será?

12 comentários:

  1. fez-me muito rir, a maneira como o cobre desaparece. E leio de novo e volto a rir.

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  2. Ainda bem que te fiz rir, Galego. De facto só nos resta rir deste país quase à beira de um ataque de nervos, desgastado de tanto assalto e tamanha incompetência. Em primeiro lugar política. Porque foram os políticos que nos trouxeram para aqui.
    Fica bem.
    Já estás no "teu continente"? :D

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  3. ainda não, ainda o voo é amanhã pola tarde, sigo com o ramadão (foi surprendente o silêncio na rua depois da penúltima oração, eu tive enveja deles todos com as suas famílias a festejar)

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  4. Já tive oportunidade de estar entre eles em inúmeros "ramadões". E para mim é sempre surpreendente ver como a maioria dos muçulmanos leva a coisa da religião a preceito.
    Sabes o que me deixou arrepiada um dia? Ver a massa humana à saída das orações numa noite de sexta-feira, na enormesca mesquita Hassan II, em Casablanca. Impressionante. Senti-me num enorme formigueiro branco a caminhar em sentido contrário... eu em direcção à mesquita e eles a sair de dentro dela. Incrível.
    Bom regresso.

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  5. Olá menina! Finalmente consegui "ler-te"! Sim, porque é preciso tempo para te ler :)))
    A partir de hoje virei cá mais vezes...ou não...:))) (eu e os pc não nos entendemos...)
    Beijos!
    Raquel

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  6. Parece impossível Raquel! A menina... tão moderna...
    Beijocas grandes

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  7. Olá Blue Scorpion!
    Não sabia que tinhas minas de cobre na Barca! Eu bem sabia que tu tinhas um tesouro escondido, para te dares tanto com os sultões, lol!
    Quanto ao aumentos dos roubos, tu deves viver num mundo irreal, porque o Ministro Rui Pereira garantiu que a pequena criminalidade (furtos não violentos) está a diminuir... nós é que vemos mal, não roubam, mudam de lugar, assim é que é!

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  8. É, Helder, nós andamos todos equivocados. Parece-nos. Mas não é.
    Os nossos políticos é que sabem. E nós estamos em boas mãos!
    Fica bem

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  9. Olha que o Faria é mesmo capaz de ter razão.

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  10. É mesmo capaz, Raul. Só assim se explica que não desmantelem estas redes. Porque não é fácil dar sumiço a toneladas de cobre. Ou será?
    Fica bem.

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  11. Têm razão o Rui e a Raquel. Este blog tem que ler e reler.
    No regresso dos últimos dias de férias num refúgio sem Internet chamado Barco (já viste Anabela as coincidências!) os primeiros passos cá por esta tua casa foram de leitura. De mansinho, como diz o amigo Raul. Para saborear as cores dessa viagem a França à mistura com o branco das jelabas, o verde-alga do teu rio e o fulvo dos fios roubados.
    Gostosa, como sempre, a tua escrita a transbordar de emoções genuínas e justas indignações.
    Obrigada por te partilhares connosco.
    Desejo-te um bom ano lectivo, "malgré tout".
    Muitas beijocas

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  12. Obrigada, Elsa, pelas tuas palavras aconchegantes.
    E um excelente ano também para ti. "Malgré tout".
    A ver vamos.
    Beijocas boas

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