A Cereja em Cima do Bolo
Hoje vivi o segundo dia mais negro em toda a minha actividade profissional enquanto docente. Ameaçada por uma aluna que me é completamente estranha e desconhecida, dentro do recinto escolar da ESA, a aluna levantou-me mesmo a mão em direcção à cara por duas vezes seguidas. Valeu-me o meu auto-domínio, e o meu colega, que funcionou como um autêntico 112, Patrício de seu nome, que assistindo à cena, interveio prontamente.
Foi por uma unha negra. Por uma unha negra não levei um par de estalos no recreio da ESA de uma aluna que me é completamente desconhecida, que me afrontou por diversas vezes, e que colocou sistematicamente em causa a minha autoridade, na sala de estudo da ESA, onde tudo começou.
Teremos mais dias assim. Atacados sistematicamente pela tutela, que nos descredibiliza a cada dia que passa, os professores perdem a autoridade à mesma velocidade a que os alunos a ganham. Muitos deles já mandam em casa e nos pais com uma arrogância e desplante que brada aos céus. Só falta mesmo mandar na escola e nos professores. Eles tentam, eles bem tentam. Mas em mim não mandarão. E confesso a minha perplexidade perante este caso, eu que sou um primor de educação com toda a gente, alunos incluídos, claro está.
É caso para dizer que hoje fiz a minha estreia nestas cenas deprimentes, de que já tinha ouvido muitos relatos, mas que nunca tinha presenciado, muito menos as tinha vivido como protagonista.
E é caso para confessar que, neste caso, preferia continuar virgem.
Inacreditável!
ResponderEliminarE quem merece ser punido?
A aluna, claro, que ultrapassou a fronteira do eticamente aceitável, mas também os PAIS.
Há pais que cometem o CRIME de não saberem educar os filhos!!!!!!!!!!!
É muito deplorável.A família, para muitos dos nossos alunos, continua ausente.
ResponderEliminarVenho indisposta da minha escola. por volta das 17h,uma situação semelhante - um aluno,embriagado e talvez drogado, desafiou o Conselho Executivo, as funcionárias e ameaçou-os. Assisti à chegada da GNR, que o levou para o posto. A mãe chegou e acompanhou-o. A semana passada bateu na mãe e ela deu entrada no hospital...
Por todo o lado vão acontecendo estas cenas deprimentes.
Nem sei que te diga... poderei ser eu a próxima. Tenta ficar bem! Bjs
Este é o Estado a que a Sra. Ministra deixou chegar a escola Pública. Ela é a principal causadora destas inúmeras situações. É a ela que teremos que pedir contas. Triste País o nosso que não ama a Educação! Força Anabela, temos que nos ir apoiando, hoje eu, amanhã tu,...
ResponderEliminarContei ao Ricardo e a reacção dele foi: "Fazer uma coisa dessas à Profª Anabela?!à Profª Anabela?! Ela não merecia isso!
ResponderEliminarEu só queria ter estado lá!"..para te defender, claro.
E logo depois da alegria da união!
ResponderEliminarÓ amiguinha aqui vai muito mimo, para a tua "alma" que deve estar hoje completamente dolorida. Ainda quando é só cansaço físico, mas temos o coração cheio do afecto que trocamos com os alunos, a gente aguenta. Agora assim… Ainda ontem dizia: o que está em causa é o futuro da educação, próximo e longínquo. O pior é que nós colhemos os cardos que outros semearam.
Ouviste-la hoje? (nem a nomeio não vá o espírito da monstra virar assombração nesta noite de Halloween) a dizer que as escolas públicas fazem um trabalho notável coisa e tal, que não pode ser comparado com o das escolas privadas, porque não são coisas comparáveis.
Que dia mais cheio de coisas tão contrárias.
Em abraço apertadinho e beijocas repenicadas
Obrigada, amigos e amigas pelo apoio.
ResponderEliminarDe facto foi uma situação inacreditável, ainda por cima perante mim, que falo e peço as coisas educadamente.
Confesso que me senti mal, mal mesmo com dores no peito e num braço, mas o meu farmacêutico entrou em acção e de tarde já me ria desta situação toda, absolutamente inacreditável. Voltei à escola, embora com tarde livre, pois tinha assuntos a tratar da minha DT e deste mesmo assunto que entretanto recolhi depoimentos do que se passou de inúmeros alunos que presenciaram a cena estupefactos.
Falta o meu relatório que farei amanhã com mais calma e serenidade.
E aguardo a resposta da ESA. EXemplar. Não espero menos que isto. A aluna tem, ao que parece, 17 anos, e segundo soube tem um grave problema porque não admite que a contrariem!!!!!! Um longo historial com ameaças, parece que agressões e mesmo ferradelas!!!
Eu própria continuo estupefacta com o que me aconteceu.
Enfim. Dia triste, este. Muito triste.
Anabela, isto afinal não é conversa da treta, acontece mesmo!
ResponderEliminarMal vai a Educação em Portugal, com a Senhora a gabar uma escola Pública que ela tem destroçado...
Não é conversa da treta. E o que me preocupa ainda mais é que vamos pagar todos bem caro esta balda de país, esta anarquia pegada onde não há rei nem roque.
ResponderEliminarPreocupa-me a minha convicção de que isto vai piorar ainda mais. Aliás a degradação da escola pública é pública, dá-se a cada dia que passa e a uma velocidade estonteante. Confesso-te que tenho até alguma dificuldade em precessar tudo isto.
Un cariño moi grande e moito ánimo, Anabela.
ResponderEliminarAnabela,
ResponderEliminarEu tenho mais sorte, porque na minha Escola ainda há algum respeito pelos professores, embora já tivesse visto melhores dias. Situações destas acontecem a todos, menos a quem não é docente.
Eu tenho dito que espero nunca ter de pôr um aluno no lugar à força... Porque há situações que nos fazem perder as estribeiras!
Não será por acaso que os professores estão a recorrer em massa à aposentação!... Tudo parece concorrer para tramar os professores!
Vamos lá puxar o optimismo para cima!
ResponderEliminarA 8 lá estaremos guapa (Arrenego dos contratempos!)! E vamos apertar os ossos, as carnes e as bochechas.
Será este o primeiro sinal do regresso ao reino do bom senso?
Quero, preciso pela minha sanidade mental, acreditar que sim!
Olha que hoje foi um dia movimentado na ESCM, cheio de correrias e adrenalina. A certa altura dei comigo a meter-me numa alhada: pus debaixo da asa um adolescente problemático de um CEF, não meu aluno mas por todos conhecido, que ameaçava dar cabo duma actividade.
Em certos momentos acho que estive à beira de uma situação extrema e ingovernável. Surpreendentemente ele acatou o meu controlo. Terá sido da firmeza? Do diálogo que já tínhamos iniciado. Ou foi mero acaso? Eles precisam de limites, de nãos. O mundo é que está às avessas e hoje quem diz não são eles. Comigo também não contam, a começar pelo de cá de casa, que é torcido como um chouriço. Hoje anda “ a fazer o Halloween”, com o argumento de que é a primeira vez… O problema é mesmo esse: é só a primeira vez! Mas enfim, mudam-se os tempos e as modas, mas não se mudam as vontades adolescentes de explorar o mundo.
Anima-te, OK?
No comentário das 20:20 queria, evidentemente, ter escrito processar.
ResponderEliminarAqui fica a correcção a mim própria.
Obrigada, Galego, pelo teu apoio, significativo, neste dia negro. :)
ResponderEliminarBeijinhos
É gravíssimo o que se passa na Escola Pública, há muitos anos! A perda de autoridade dos docentes deriva de perdas que são nucleares: Estatuto -> salário -> reconhecimento público da função na sociedade.
ResponderEliminarNeste caso, em que há grave ameaça à integridade física de uma docente em exercício de funções na Escola Secundária de Amarante, não é a própria escola que está ameaçada? A Direcção Regional de Educação do Norte, que tutela a Escola Secundária de Amarante,não se sentirá visada pela mesma ameaça a que um dos seus agentes de ensino se viu sujeito no espaço físico de um dos seus estabelecimentos de ensino? E, por sua vez, o Ministério da Educação - lá dos aposentos alcatifados da Av. 5 de Outubro - detentor do pelouro no âmbito da Administração do Estado como se comportará neste caso concreto em que um dos seus agentes de ensino esteve debaixo da mão de uma aluna?
Que exemplo "exemplar" (passo a redundância) vai dar a Sra. Ministra Lurdes Rodrigues às classes docente e discente?
E em que enquadramento escolar voltará a haver condições favoráveis ao exercício docente com um tal indivíduo/aluna na sala de aula?
Creio que já temos matéria em curso para todo este ano lectivo...
Anabela, a minha solidariedade.
ResponderEliminarIniciei a minha profissão há 21 anos, nessa época respeito escrevia-se com todas as letras. Hoje, para a maioria das pessoas, escreve-se apenas com as três primeiras.
Bjs.
Sorte a tua, Telmo, aproveita enquanto podes. Goza essa escola que não entrou ainda em degradação completa. A minha também não, devo esclarecer, e a esmagadora maioria dos alunos não pode ser confundido com esta cena deprimente.
ResponderEliminarMas, o que é certo, é que esta cena seria impensável há uns anos atrás.
Mas, o que é certo, é que a escola pública se degrada a olhos vistos, acompanhando a ausência completa de valores que parece propagar-se à velocidade luz.
Obrigada pelo teu apoio.
Fica bem
Elsa, eu também tenho um rol de intervenções pedagógicas junto de alunos que não são meus. E até hoje sempre me saí bastante bem. Não faz parte do meu temperamento fazer de conta que não vejo e assim sendo actuo. Já me meti entre alunos à porrada, eu sei, um risco, mas talvez fruto da minha firmeza, talvez também inesistência de agressividade da minha parte, e sem dúvida de uma grande dose de sorte, a verdade é que nunca tinha tido uma situação nem de perto nem de longe como a de hoje.
ResponderEliminarEnfim. Apesar de tudo o meu dia acabou bem. :)
Felizmente, Extramar, desconheço completamente a aluna e não terei de a suportar dentro de qualquer sala de aula. Seria substancialmente pior.
ResponderEliminarQuanto à tutela, está-se borrifando.
Daí não espero nada.
Espero da direcção da minha escola. Aguardo serenamente a sua mão exemplar a abater-se sobre semelhante criatura.
Obrigada, Passi, pelo apoio.
ResponderEliminarBeijinhos especiais.
Quero expressar aqui os meus agradecimentos ao Ricardo, sei o quanto esta história o incomodou, pelo apoio perante semelhante absurdo.
ResponderEliminarSegunda-feira lá continuaremos, de pedra e cal, na ESA. :)
Beijinhos grandes
Não sei se é 1%, 5% ou 10% da população. Mas sei que há uma franja social que nos dias que correm não respeita nada, nem ninguém. Sejam Professores, Auxiliares das Escolas, Juízes, Profissionais da Saúde ou o cidadão comum.
ResponderEliminarInsultam e agridem de forma gratuita.
Não sei onde é que isto vai parar.
Resta esperar que o teu Director seja firme.
Abraço
Parece ser o caso desta rapariga que com 17 anos já tem idade suficiente para saber os limites do aceitável. As informações por mim já recolhidas são tudo menos abonatórias da sua pessoa.
ResponderEliminarVou aguardar. A pessoa em causa não está dentro da escolaridade obrigatória.
Obrigada pelo apoio, DA.
Xiii!!!! Inexistência... mas que calinada deixei eu aqui um dia destes!!!!
ResponderEliminarBolas que eu estava mesmo perturbada!