E Aqui Estamos Nós.

Nós e ela. A "Anarquista"!!!

Segundo contas dos sindicatos mais de 90% dos professores portugueses encontram-se a fazer greve neste momento.
Aqui na Escola Secundária/3 de Amarante encontra-se uma professora a dar teste. :(
Os restantes estão todos a fazer greve. :)
É sem dúvida a maior greve de sempre que este país já viu. De professores, claro está!
Estou contente. Estamos a dar prova de uma cidadania responsável e irrepreensível. As palavras condizem com os actos. A teoria condiz com a prática. Amo isto!

E aqui deixo o documento entregue ao nosso Presidente da Câmara.

Exmo. Senhor Presidente e Vereação da Câmara Municipal de Amarante,

Os professores vivem momentos de instabilidade sem precedentes nas escolas, fruto de políticas educativas impostas pelo Ministério da Educação, nomeadamente o ECD (Estatuto da Carreira Docente, Novo Regime de Gestão das Escolas, Processo de Avaliação do Desempenho Docente, …
Esta política autoritária e centralista mostra um enorme desprezo e ignorância sobre a escola pública como reduto de práticas democráticas.
O Ministério da Educação tem vindo a tornar-se um “capataz dos professores”, impondo-lhes as suas políticas através de hierarquias de “capatazes intermédios”, menosprezando o debate, a sugestão, a cooperação de quem está na base do processo educativo – os professores.
Este processo, com tais medidas unilaterais, tem vindo a transformar-se num acto burocrático, complexo, fazendo dos professores uns “manga-de-alpaca”, passando uma grande parte do seu tempo a realizar reuniões e a preencher papeis, sem vislumbrarem que este exagero possa surtir quaisquer efeitos positivos na qualidade da Educação e do seu desempenho profissional.
Queremos um Estatuto que não fracture arbitrariamente a carreira dos professores.
Não queremos “reitores”, a cheirar a mofo do passado, caciques ou comissários políticos a dirigir as nossas escolas. Rejeitamos o centralismo asfixiante.
Reconhecemos o direito à avaliação do desempenho dos professores.
Contudo consideramos este modelo, imposto pelo Ministério da Educação, inaplicável, injusto, perverso e marcado pela “pedagogia” economicista deste governo.
Não queremos um modelo remendado ou roto. O assunto é sério de mais para andarmos a perder tempo com falácias.
Queremos que o diálogo entre o Ministério da Educação e os representantes dos professores se faça sob a égide da “Ética da Esperança”. Que quem nos governa perceba e assuma que os professores deste país “acreditam na vida, na força vital que os habita, na vocação que os anima” – a vocação de dar aos outros o seu saber, a sua compreensão, o seu afecto.
Estes governantes não devem esbanjar, desrespeitar e ignorar os professores. Fazendo-o estão a maltratar a escola pública e a própria democracia.

A campanha populista de ataque e calúnias aos professores em geral, para viabilizar a imposição das políticas educativas, ofendeu-nos e indignou-nos.

Revolta-nos ser professores para estatísticas e quotas;
Repugna-nos trabalhar para sucessos fictícios;
Recusamo-nos a colaborar com a iliteracia e a meritocracia;
Não queremos autocracia nas escolas mas simDEMOCRACIA!

Amarante, 3 de Dezembro de 2008
Pelos professores em luta,