Antony and the Johnsons
Fui. Levantei voo com as minhas asas de bird girl e aterrei em pleno Coliseu. Aguardei serenamente a entrada de Antony em palco mas eis que sou apanhada de surpresa por uma bird girl que ora bate as suas asas de forma tímida e titubeante, ora se lança num voo decidido e corajoso sem sair do lugar. Lindo. O concerto promete.
E lá chega Antony e lá chegam os Johnsons, e o espectáculo inicia-se com os Johnsons iluminados em palco e um Antony completamente às escuras que agarra o Coliseu ao primeiro som lamentado que escorre e se solta do seu interior.
O concerto foi excepcional, com um Antony completamente rendido ao público do Norte e um público do Norte completamente rendido ao Antony. Foi uma ligação quase mágica que se estabeleceu logo ali entre nós e ele e entre ele e nós
Thank You! Thank You! Welcome! Ouvia-se de quando em vez.
Casa comigo, Antony! (Que importa se não sabes cozinhar?)
You are my sister! - continuava a saltar da plateia.
Antony é ainda melhor ao vivo do que escutado em gravação de estúdio. Dono da voz mais deprimente e triste que eu conheço, as letras saem-lhe cantadas em permanentes lamentos. É assim quase um estrebuchar espasmódico antes do fim para o qual caminhamos todos.
A pele não pôde deixar de ficar transformada em pele de galinha num concerto arrepiante e, como dizia alguém à saída, hipnotizante.
Antony confessou-nos, entre muitas outras coisas que ele fartou-se de falar, que imaginou um Cristo a nascer, algures numa montanha do Afeganistão, agora transformado em rapariga. E o Deus, o Deus era agora uma fêmea. E continuou o seu raciocínio - as mulheres ocupavam os mais altos cargos e lideravam o que havia de liderar e o mundo era diferente. Muito diferente. Ah! E o Papa podia finalmente retirar-se porque já não havia lugar para ele nesta história. E mostrou-se agradecido por viver nos dias de hoje. Nascido numa família católica, em Inglaterra, felizmente no século XX, cá continua entre nós, porque se tivesse nascido duzentos anos antes certamente teria ido parar à fogueira - disse ele.
É. Não sou só eu que não me conformo com esta versão absolutamente masculina adoptada por algumas religiões e estas intolerâncias reincidentes aqui e ali.
Por isso, e por muito mais,Thank You, Antony. Thank You pela partilha emotiva e íntima e pelos laços criados entre gente em palco e gente na plateia.
E aqui deixo os links para os curiosos que queiram investigar os seus sítios, a sua música. http://www.antonyandthejohnsons.com/
http://www.myspace.com/antonyandthejohnsons
E deixo "You are my sister". Só não consigo deixar a magia que irradiava do palco, que emanava da sua figura permanentemente sentada, quase permanentemente tocando piano.
Depois de perder o concerto de lisboa fiquei com uma dor na alma por pensar que não iria ver. E pesquisei na net e encontrei uma (triste) alma que não podia ir ao concerto. Felizmente, para mim! O melhor lugar de sempre, 2a fila em frente ao palco e a 1a fila estava vazia. Era eu e o piano.
ResponderEliminarFiquei sem palavras. Já o fico ao ouvir as músicas dele. Não há como expressar tamanha beleza. E se o tentasse seria sempre inferior às palavras , à música de Antony.
E fiquei impressionada, espantada, "atonished". Ia sozinha e, por isso, com receio da melancolia. Mas ele n é melancolico, as músicas dele não são tristes. Saí de lá cheia de esperança. E ouvi as músicas sob uma nova perspectiva. Não é desconhecer-se a ele próprio, n saber quem é, e mto menos dor o que ele expressa. É amor. Amor à vida, amor a ser quem é.
E, para a próxima, leva o tlm!
ResponderEliminarolá Anabela, sou uma frequente visitante silenciosa do seu blogue... Amarantina também... e que ao acaso a encontrou neste pequeno enorme Mundo que é a net.
ResponderEliminarOntem também lá estive no concerto... fabuloso... arrepiante...intimista... e aponto o sentido de humor que ele demonstrou ter....ADOREI.
...Já agora vem ai um outro concerto a não perder Mayra Andrade!!!
Que contente fiquei hoje ao saber que conseguiste ir! Pensei em ti, sobrinha, por diversas vezes, naquele concerto memorável... relembrei-me que foste tu que mo apresentaste, relembrei-me que me informaste que não irias a este concerto, embrenhada que estás nos estudos para as bigs provas que terás para a semana...
ResponderEliminarFico feliz por teres ido porque tiveste a oportunidade de assistir a um concerto mágico.
E magia só acontece poucas vezes na vida. E ontem foi uma dessas poucas vezes. Ontem houve magia no Coliseu.
Quanto à melancolia também acho que não é bem isso que transmite a música de Antony. Tu chamas-lhe amor... eu chamo-lhe emoção em estado puro.
Fica bem Mina.
Sê bem aparecida aqui pelos comentários, Luisinha, minha conterrânea presumo que desconhecida. Ou não. Amarante é tão pequena que por certo já nos cruzamos por aí.
ResponderEliminarTrata-me por tu, please, que eu não sou muito dada a formalismos e agora que já entraste aparece por esta casa sempre que quiseres.
O concerto de ontem foi mágico. Como explicar isto? É como o deserto... por mais que se explique a quem lá não esteve e foi tocado pelas mesmas sensações não chega... as palavras que não chegam, não chegam para explicar a sublimação.
Fica bem e beijinhos.
Ah! E este mês é fértil em concertos excepcionais.
Andrew Bird, no Teatro Circo. Absolutamente imperdível!
Tankiú tb a ti ,pela descrição que li sofregamente.
ResponderEliminarNá ha desculpa!Tb tinha visto o cartaz; tb conhecia o tremidinho:só não imaginava q a "lamechice" tivesse laivos de genialidade...
Mea Culpa; meia culpa; a culpa minha, toda inteira!
Salutaciones ...
Qual lamechiche! Mas é que tu nem sonhas o que aquilo foi, Clapinho!
ResponderEliminarMas que pena tu não teres ido a um "concerto por inteiro".
Beijinhos e fica bem
pst...take a look at my place...and many tankíossss
ResponderEliminarTámos memo em rede! Marabilha! fantastic!
PS: este tipo faz-me lembrar uma promessa nao cumprida: NICK DRAKE! Conheces? Morreu novo...
Em rede! Marabilha! Conheço! Já vou ver.
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