Balanço - EI1
Ontem terminei as minhas aulas de CMA com a turma dos meus electricistas. Tal facto, precoce, deve-se ao meu trabalho de formiguinha ao longo do ano em que substituí todos os meus colegas em falta que pude substituir. E foram muitos os que faltaram, principalmente à disciplina de Electricidade em que foi difícil acertar com um docente que não desistisse deles ao fim da primeira semana.
Para quem não sabe a mecânica dos CEFs, informo que lecciono a disciplina de Cidadania e Mundo Actual e que tenho, impreterivelmente, de leccionar 70 blocos, de 90 minutos cada, desde o início até ao final do ano. Como só tenho dois blocos por semana, não fora ter tido este cuidado, ao mesmo tempo poupando os meus colegas às substituições numa turma algo difícil, e acabaria as aulas lá para finais de Julho. Assim sendo acabei ontem.
Eu bem disse aos meus electricistas que eles haveriam de me agradecer o cuidado e a preocupação, lá para o final do ano, quando estivesse um calor de torrar e eles mortinhos por me verem pelas costas. Agradeceram. Agradeceram-me de sorriso rasgado e aliviado por poderem repor aulas no meu horário agora livre, de professores mais atrasados no cumprimento integral da coisa.
Ontem foi dia de balanço, pedido por escrito a cada um deles.
Hoje será dia de balanço neste blogue, depois de lidos os textos produzidos ontem mesmo por estes miúdos que têm dias, como dizer... do arco da velha!
Em primeiro lugar todos fizeram um balaço positivo das aulas por mim leccionadas e do trabalho por mim desenvolvido ao longo deste ano. Acharam as aulas fixes, aprenderam coisas que desconheciam por completo, alguns disseram mesmo que CMA era a sua disciplina preferida e acharam que as aulas os ajudou a crescer e a amadurecer interiormente. Fiquei feliz por me saber útil.
Gostaram especialmente das aulas em que trabalharam com os computadores portáteis, nos dois trabalhos em PowerPoint que elaboraram este ano lectivo; gostaram especialmente das aulas em que visionaram três documentários da série "O Século do Povo"; gostaram especialmente dos três filmes que viram e que foram "Inês de Portugal", "O Resgate do Soldado Ryan" e "A Lista de Schindler"; gostaram especialmente das aulas em que explorámos apresentações em PowerPoint.
Não gostaram das aulas em que tiveram de fazer castigos, especialmente daquela aula em que eu lhes apresentei, de castigo mesmo pelo péssimo comportamento da aula anterior, uma outra forma de "leccionar" matéria, e em que os alunos passaram todos os santos noventa minutos a escrever a matéria por mim ditada. Durante essa aula não se ouviu um pio e no final disse-lhes que a escolha era deles. Escolheram ter aulas "normais", pois então, e agora escreveram sobre isso e foram honestos. Não gostaram daquilo a que eu chamo "O Tratamento de Choque", mas acham que eu fui justa quando os castiguei daquela forma e que o castigo lhes foi útil e os ajudou a repensar o seu mau comportamento e os ajudou a crescer.
Confesso que gostei particularmente de ler esta apreciação. Estes meus alunos parecem-me até bem mais ajuizados do que muitos teóricos super especializados das pedagogias modernas que por aí andam, teóricos de tudo e de coisa nenhuma, em muitos casos completamente desfasados da realidade pura e dura de uma sala de aula. Ai se passa por aqui alguém das pedagogias bacocas... estou feita! E eles decerto também!
Alguns escreveram que gostaram de ser meus alunos, que eu por vezes conseguia acalmar-lhes os comportamentos menos próprios e que esperam que eu seja professora deles no próximo ano. O Rúben pediu-me mesmo "muito por favor" para continuar a ser sua professora, o que me deixou particularmente sensibilizada atendendo a que o pedido veio de quem veio!
Lá tive de lhes explicar que não sei se tal será possível por causa dos concursos... mas que uma coisa é certa, se por artes mágicas continuar na ESA no próximo ano lectivo, eles serão certamente meus, pelo menos no que depender de mim. E eles sabem isso.
Ah! E agradeceram-me por os ter aturado ao longo do ano! :)
Focaram ainda o trabalho dos professores deste Conselho de Turma, fixes no dizer de alguns, cinco estrelas no dizer de outros, e disseram mesmo que se sentiram muito apoiados por eles ao longo deste ano lectivo e que aprenderam muito.
Pronunciaram-se sobre a existência destes cursos e todos foram unânimes em dizer que estes cursos são importantíssimos para lhes abrir portas para o mercado de trabalho e que no ensino normal não teriam qualquer hipótese de concluir fosse o que fosse porque é um ensino demasiado teórico e acham-no maçador. Gostam do curso de electricidade por ter uma grande parte de componente prática que os prepara para uma profissão. Falaram-me quase todos nisto o que quer dizer que estão mais ou menos preocupados com o assunto, por certo por causa das notícias super desanimadoras que todos os dias nos entram casa adentro relativamente aos números do desemprego.
E alguns afirmaram mesmo gostar da Escola, o que me deixou particularmente feliz, porque sei que isto é caminho aberto para o sucesso deles. Para o sucesso deles e nosso!
Electricistas, a gente vê-se por aí!
E façam o favor de ser felizes... com educação, claro!
BRAVO e Parabéns!
ResponderEliminarJá tinha saudades destes teus postes sobre os miúdos em que, sem esconder as dificuldades, mostras o lado positivo e gratificante do trabalho com eles. :)
BRAVO e Parabéns!
ResponderEliminarJá tinha saudades destes teus postes sobre os miúdos em que, sem esconder as dificuldades, mostras o lado positivo e gratificante do trabalho com eles. :)
BRAVO e Parabéns!
ResponderEliminarJá tinha saudades destes teus postes sobre os miúdos em que, sem esconder as dificuldades, mostras o lado positivo e gratificante do trabalho com eles. :)
Bolas! Estavas mesmo com saudades, Bugs!
ResponderEliminarLogo me pareceu que ia dar nisto. Com o bloqueio e tanto "enter"...
ResponderEliminarKakakakaka... até que resultou engraçado, Linda!
ResponderEliminarA Bugs estava saudosérrima!
ResponderEliminarBelo post anabela! Belo trabalho!
Beijocas
Obrigada, Dudú.
ResponderEliminarLargo-os de consciência tranquila. Fiz tudo o que podia por eles. Castiguei-os, ensinei-os, eduquei-os, levei-os ao NAE, escutei-os, amparei-os, levantei-lhes a voz e falei-lhes meigo... às vezes fizeram-me sair das aulas exausta!
Se valeu a pena dar o litro por estas almas? Claro que sim!
E eles são os primeiros a reconhecer o trabalho que nos tivemos com eles! Hoje foi bom vê-los partir sorridentes.
Estão mais crescidos, disso não há dúvida!
Só hoje a conheci. E gostei.
ResponderEliminarVês Anabela, é por isso que estanmos em sintonia quando afirmamos que vale a pena lutar por eles!!!
ResponderEliminarEstes miúdos crescem connosco, amadurecem e reconhecem os justos castigos que lhes damos~! Valorizam também, e muito, o carinho e atenção que muitos nunca teriam conhecido!!
É por eles e para eles que trabalhamos e, no final, temos a felicidade nos seus e no nosso rosto, além da sensação de dever cumprido!
parabéns pelo teu excelente trabalho e por acreditares...
Beijo grande.
Mafalda
Muitíssimo obrigada, Setora.
ResponderEliminarSeja bem vinda aqui ao blogue.
Beijinhos
Obrigada, Mafalda. Continuamos em sintonia e a realizar esforços conjuntos por fazê-los chegar a bom porto. Especialmente na minha, como dizer? trabalhosa direcção de turma!
ResponderEliminarBeijocas e obrigada pelo apoio que sempre me dás.
Trabablhar com os Cef's é mesmo assim: primeiro estranha-se e depois, dói "pra carago" chegar à meta....
ResponderEliminar"....e que a despedida seja só o reconheço
Voa alto, asa livre eu não te esqueço" (Pólo Norte)
beijinhos
Zinha
Obrigada, Zinha!
ResponderEliminarÉ certo que se estranha... :)
Mas quando se chega ao fim de um ano e se olha para eles e se vê os progressos feitos podemos sair de cena com a satisfação do dever cumprido.
Beijocas