Desnorte

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Por favor, digam-me que hoje é 1 de Abril e que esta é uma patranha do dia das mentiras!

Formação para avaliadores só no fim do ano lectivo
por PEDRO SOUSA TAVARES
Hoje
Na recta final do ano lectivo, Ministério informou as escolas que vai dar formação aos avaliadores e enviar novas fichas de auto-avaliação para os professores. Há estabelecimentos onde a auto-avaliação já esta feita, e os sindicatos estão "estupefactos". Mas Ministério diz que está a cumprir prazos e que avaliação não terá "qualquer efeito" no próximo ano.
Na recta final do ano lectivo - as aulas acabam hoje - o Ministério da Educação enviou um ofício às escolas a anunciar "breves sessões de formação destinadas a directores e outros avaliadores" dos professores. Além disso, a tutela decidiu divulgar agora novas fichas de auto-avaliação (a preencher pelos professores), numa altura em que muitas escolas já deram por encerada a entrega dos documentos.
Medidas constantes de um ofício de terça-feira da Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação (DGRHE, a que o DN teve acesso, que geraram "estupefacção" entre os sindicatos.
Sobretudo depois de a ministra da Educação ter dito recusar "atestados de incompetência aos professores" quando o DN divulgou, no final de Maio, que o Conselho Científico para a Avaliação dos Professores (ver caixa) considerava que os avaliadores não estavam preparados para a tarefa.
A verdade é que, já esta quarta-feira, à margem da discussão parlamentar da moção de censura ao Governo, o primeiro-ministro fez um mea culpa neste tema: Gostaríamos de não termos cometido o erro de apresentar uma avaliação tão exigente, tão complexa, tão burocrática", disse na altura.
Já ontem, quando confrontado pelo DN com a possibilidade de estas iniciativas prolongarem a avaliação para lá de Setembro, o Ministério desvalorizou a questão, afirmando que "a avaliação não tem qualquer influência no próximo ano lectivo".
É certo que, oficialmente, a avaliação decorre até ao final do ano civil. Mas é também um facto que esta é exigida aos docentes com vínculo precário que queiram concorrer a um lugar numa escola. E que, ainda recentemente, o Governo propôs dispensar da prova de ingresso os candidatos à carreira que obtenham "muito bom" ou "excelente" nesta avaliação.
Lucinda Manuela, da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE), declarou-se "estupefacta" com as novidades. "Não conheço o ofício. Mas, a ser verdade, é mais uma prova do desnorte do Ministério, a tentar remediar o que não fez ao longo de dois anos. E de que tínhamos razão ao pedir a suspensão da avaliação".
Além disso, lembrou ontem ao DN uma professora avaliadora de uma escola da Grande Lisboa, que não quis ser identificada, há processos que já estavam em curso: "Na minha escola definimos a autro-avaliação com base nas fichas divulgadas em Abril pela DGRHE, eliminando as referências ao desempenho e às faltas dos alunos, que foram suspensas. O prazo para entrega acaba no início de Julho e noutras escolas já acabou".
O ministério garantiu, no entanto, que não haverá penalizações para as escolas que já finalizaram a auto-avaliação.
In http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1266634