terça-feira, 23 de junho de 2009
Lurdeta
Lurdeta
Fuge, fuge, Lurdeta.
Vai na brasa,
de lambretta.
Voando vai para a rua
Sócrates na estrada preta.
Vai na brasa, de lambretta.
Leva a Milú, a pirata
Vermelha de irritação
O povo manda-a embora
Ela! Que fez tanto p’la Educação!
Fuge, fuge, Lurdeta.
Vai na brasa, de lambretta.
Agarrada ao companheiro
Na volúpia da escapada
Pincha no banco traseiro
Em cada volta da estrada.
Grita de medo fingido,
Mas medo não é com ela,
E só por amor e cautela
Abraça-o pela cintura.
Vai ditosa, e bem segura.
Leva atrás dela o Pedreira
E também o Valter Lemos
Tudo foge à sua volta,
O poder, carros, e casas,
E com os bramidos que solta
Lembra um demónio com asas.
Na confusão dos sentidos
Já nem percebe, a Lurdeta,
Se o que lhe chega aos ouvidos
São ecos de amor perdidos
Se os sons da motoreta.
Fuge, fuge, Lurdeta.
Vai na brasa, de lambretta.
E escusas de te por aos ais! ...
Que em Outubro levas mais! …
Adaptado de António Gedeão (Rómulo de Carvalho, 1906-1997)
in Máquina de Fogo (1961)
Com os meus agradecimentos à Em@, a Generosa!
Adorei...esta escrita ao jeito de camões...descalça vai para a fonte...a Lurdeta realmente, pode fugir.
ResponderEliminarSerá melhor que fuja, Isabel, e que vá para bem longe.
ResponderEliminarEstá demais!
ResponderEliminarBjs
Também achei e já me rebolei a rir a imaginar a cena! Kakakakaka
ResponderEliminarBeijinhos