sexta-feira, 26 de junho de 2009

Programa de Viagem a Marrocos. Aos Soluços



Aldeias Berberes do Alto Atlas - Marrocos
Fotografias de Artur Matias de Magalhães

Programa de Viagem a Marrocos. Aos Soluços.

9º Dia - Ouarzazate - Marrakech

Saiam cedo. A viagem não é muito longa em termos de distância percorrida, mas é demorada, já sabeis do que a casa gasta a esta altura do campeonato, porque se faz por uma estrada de montanha, aberta pelo Alto Atlas, rodeada de paisagens deslumbrantes, com povoados exóticos a convidar a frequentes paragens.
No trajecto entre as duas cidades deverão fazer duas visitas imprescindíveis, as duas a obrigar a desvios curtos, mas com direito a bilhete de ida e volta.
O primeiro desvio a surgir é o que indica a direcção de Ait Benhaddou, que se pode escrever de múltiplas maneiras que isto de fazer transcrições do árabe para qualquer língua tem que se lhe diga!
A ksar de Ait Benhaddou, povoação fortificada que nos remete para os tempos tribais dos berberes do Alto Atlas, pacificados há pouco, é Património Mundial da Humanidade desde 1987 e deve ser visitada devagar. Tratem de chegar o mais cedo possível, por causa do calor que é, normalmente, de derreter a banha de qualquer cristão. Atravessem o rio, a pé ou montados em burros, e visitem as vielas, subam e trepem até às ruinas, bem lá no alto, de onde se avista uma paisagem soberba para o vale e para o oued Ouarzazate.
Terminada a visita regressem à estrada para Marrakech até ao próximo desvio, à direita, com indicação para Télouet. Não são muitos km de desvio e vale a pena visitar a Kasbah, palácio onde habitou o Glaoui, poderoso líder da região em tempos que já lá vão. A Kasbah, habitação fortificada à maneira berbere, encontra-se em avançado estado de degradação, mas mesmo assim deixa percepcionar a vida opulenta que por ali encheu aquelas salas de sons, cores, movimentos. A vista sobre o vale é imperdível e o que outrora servia para controlar as caravanas vindas do Sul serve agora para controlar os turistas que chegam!
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades!
Pertinho da casbah, do lado oposto da estrada, têm um restaurante ao ar livre que vos recomendo vivamente e que serve refeições a qualquer hora até porque convém não esquecer que a pista "Porca Miséria", já referenciada anteriormente neste blogue, que liga Ait Benhaddou a Telouet, obriga a turistada a chegar tarde e a más horas a este restaurante onde há sempre um sorriso à espera, uma chorba quente e deliciosa e uma tagine a condizer. É aqui que se faz, literalmente, o merecido repouso do guerreiro... ou da guerreira...
Quanto à pista, nem a cheirem de automóvel sob pena de o partirem literalmente em pedaços.
E sigam para Marrakech que se faz tarde. Vão passar pelo Tichka, ponto mais alto desta estrada de montanha e a partir deste ponto começam finalmente a descer para Marrakech, a Vermelha. E também a Escaldante. E também a Sufocante. E também a Única.
E a partir daqui copio, quase na íntegra, o que deixei dito lá atrás para os que farão o programa de oito dias em Marrocos.
Quando se entra na cidade Vermelha, é vulgar um qualquer marroquino, montado na sua mobilete, perguntar à turistada, que eles farejam à distância, se precisa de ajuda. Este costume, também próprio de Fez, dá um jeito bestial para quem é novato em Marrocos e não quer perder tempo às voltas à procura não sei do quê e eu própria já aceitei esta ajuda n vezes. Não se assustem. Aceitem que vão em segurança. Peçam para vos levar ao hotel Imilchill, um três estrelas limpo e barato, já bem perto do centro da cidade, que vos permitirá chegar à medina a pé, sempre orientados pelo minarete da Koutubia. Não se esqueçam de pagar qualquer coisa pelo serviço ao guia improvisado.
Se não tiverem quartos disponíveis no Imilchil há outros hotéis ali à volta de três e mesmo de quatro ou cinco estrelas para quem estiver disposto a abrir os cordões à bolsa.
E marchem para a praça Djemaa el Fna, única no mundo, Património Oral da Humanidade, onde poderão jantar nas barraquinhas da praça ou num qualquer restaurante que rodeia o turbilhão e a azáfama da Praça dos Mortos, agora pujante de vida.
Se querem ir descansados para o meio da multidão não levem carteiras visíveis porque assim não andarão preocupados e poderão usufruir do bulício em toda a sua plenitude.
Levem as máquinas fotográficas e os vossos sentidos todos bem abertos. E chega.

E termino este post com umas imagens razoáveis de Ait Benhaddou, excelente música e mágico chamamento para as orações do muezzin lá do sítio!
Arre que este Sul é um perigo!...
Porque se entranha na pele e não há dermatologista capaz de descobrir a cura para tão perigosa/deliciosa doença!

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