Tentativa de Esclarecimento Suscitada pelo Black

Andamento Azul - Fez - Marrocos
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Tentativa de Esclarecimento Suscitada pelo Black

O meu blogue sou eu... mas eu não sou o meu blogue, escrevi eu lá acima quando um amigo me disse "Eu agora sei tudo da tua vida. Leio o teu blogue."
Ora nada mais falso. É verdade que a autora deste blogue está neste blogue de alma e coração e nem saberia estar de outro modo porque essa característica, de me apaixonar e me entregar às múltiplas coisas que faço, mantenho-a desde que me conheço, cresceu comigo. E actuo assim em tudo o que faço com prazer. Também estou de alma e coração quando estou com os meus alunos, ou quando calceto caminhos com pedras apanhadas pelas minhas mãos, ou quando desço o Paiva nos rafs remando decidida, ou quando barafusto contra a Tutela, ou quando subo a dunas gigantescas do Sahara, ou quando escuto e vejo um concerto, ou quando apanho conchas na praia, ou quando visito uma exposição de que gosto, ou quando trepo a um carvalho para o podar, ou quando me espanto com a beleza de um sítio, ou quando estico o braço para que me retirem parte do meu sangue que dou com gosto e entusiasmo, ou quando me sento numa cadeira da esplanada do café que frequento e olho em redor sentindo-me uma privilegiada...
Acho que tenho a sorte de ser assim, genuína, sim, como diz a minha boa amiga Bugs, que me acompanha os dias neste blogue há mais de um ano. Genuína talvez porque me esforço por fazer aquilo que digo e por dizer aquilo que faço. O que não quer dizer que o consiga sempre e não sinta que ainda há muito trabalho a fazer neste campo, que há!
Mas não acumulo esqueletos nos armários de minha casa. E a minha casa não tem cortinas.
Sei que sou múltipla, tal como todos nós, de resto. Muito de mim transparece e transpira por aqui. Os que me conhecem sabem isso.
Às vezes penso se não exagerarei nas críticas a este ME, a este governo, mas de seguida penso no desânimo e desconsolo a que já assisti na minha escola e penso em mim, de lágrimas a escorrerem-me pela cara, imparáveis, impossíveis de suster a cada passo, regressada da ESA, a coberto do recato do meu lar, e não lhes perdoo.
Não perdoo, a estes políticos da treta, a leviandade e a incompetência.

Nota - A Bugs sugeriu e eu assim fiz. Trouxe este comentário, que está registado lá atrás no sítio reservado aos comentários, para o corpo principal do blogue.
Resta-me dizer que olho para mim própria como alguém vulgar e nada mais do que isso. E insignificante também. Reavivo anualmente esse sentimento sempre que subo pela crista das dunas de areia, sabendo que sou um grão de areia, que só tem força quando rodeado pelos seus pares.