sexta-feira, 24 de julho de 2009

Susana Dias


Susana Dias - Tosquia - Outeiro - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Susana Dias

Continuo a dar voz à Susana Dias que hoje partilha connosco um texto belíssimo sobre o que é Ser.

A doença

Durante este ano aprendi a ser uma doente oncológica. Nome maldito, o cancro tem um estatuto especial dentre as doenças temíveis. Mata milhões de pessoas por ano em todo o mundo, e muitas vezes de forma fulminante. Daí, (e apesar de nos últimos anos o desenvolvimento de novos fármacos permitir a cura e aumento da esperança de vida dos doentes) ser uma doença deveras estigmatizante, em que a sociedade sentencia o doente com uma pena de morte, nem que seja social. Por esta razão muitas pessoas evitam o doente, não querem incomodar, às vezes até mudam de passeio para não se cruzar com ele. Como a ignorância impera, vaticinam-se diagnósticos, preconizam-se tratamentos, idealizam-se fábulas médicas à distância do doente, e este, sem recurso, transforma-se em coitadinho, figura esquálida e macilenta, de olhos encovados, vivendo numa espécie de limbo. Este é o mau caminho. É urgente ultrapassar preconceitos. É imperativa a aproximação ao doente, ele precisa de conforto e de apoio. A ideia de que se incomoda quem faz tratamentos violentos como a quimio protege mais quem não quer dar o primeiro passo, quem tem medo de quebrar barreiras do que quem está doente. A única opção para quem está ao lado de alguém doente é aproximar-se, sem medo, investindo no carinho, na transmissão de confiança, de optimismo para que o seu sistema imunitário afectivo o proteja da vulnerabilidade física intrínseca à doença. Porque o ser humano é estruturalmente um ser de diálogo, de comunicação, de relação com o outro, não deixemos que essa sua apetência se esgote nos momentos agradáveis e “fáceis” da nossa existência. Mais difícil mas, simultaneamente mais profundo e transformador, o encontro como outro em estado de doença, abre caminho a uma troca de experiências inefáveis, a um desvelamento de receios e angústias mas também de qualidades até aí desconhecidas, num caminho de auto conhecimento para ambas as partes. Não se confundindo apoio com violação de privacidade, o encontro com o doente, é um sublime gesto de amor.

25 comentários:

  1. "Susana:

    Foi há um ano que quatro doidas e uma lúcida, tu, decidiram partilhar um salão de cabeleireiro. Como espectadoras activas ou activas espectadoras de um ritual de iniciação, partilhamos uma experiência única: a da cumplicidade extrema.
    Tudo o que possa ser registado sobre esse momento capital através da clausura dos signos linguísticos é e será sempre redutor. A sensibilidade e a emoção brotam do núcleo da autenticidade do ser humano. A sensibilidade e a emoção não se adestram. Trangressoras da ratio, são como forças vulcânicas que nos re-inventam incessantemente.
    Não te quero adjectivar, Susana.
    Catalogar-te, classificar-te seria admitir a tua enformação/deformação às/pelas palavras.
    Quero, apenas, dizer-te que o ritual perdurou e a iniciação cedeu lugar, no espaço e no tempo, à troca de sorrisos, de dúvidas, de anseios e inquietações.
    Hoje, o que fica por dizer, por incapacidade minha, é mais rico e profundo do que todas as palavras usadas e abusadas.
    Hoje, dedico-te o Silêncio. Aquele que dispensa vozes, caras e nomes. Aquele que respeita o sentir. Aquele que tu descodificas num ápice. Porque a cumplicidade extrema constrói-se mas, acima de tudo, é indizível...deixemo-la espraiar-se livremente no Sentir.

    Beijos,
    Elsa Cerqueira"

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  2. Hoje, Susana, dedico-te as minhas gargalhadas!
    E a ti também, Elsa C.!
    Ah! Tardes boas!

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  3. Que fim de tarde precioso...para revitalizar.
    Lindas...as duas.

    Temos um "rendez-vous" combinado quando a Susana regressar.Para cumprirmos. Para nos deliciarmos com todos os múltiplos sentidos.

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  4. Hoje sem palavras deixo os outros falerem por mim , ou melhor dedico esta belíssima letra de uma música de Mafalda Veiga à sempre Susana Dias!


    Sei de cor cada lugar teu
    atado em mim, a cada lugar meu
    tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
    tento esquecer a mágoa
    guardar só o que é bom de guardar

    Pensa em mim protege o que eu te dou
    Eu penso em ti e dou-te o que de melhor eu sou
    sem ter defesas que me façam falhar
    nesse lugar mais dentro
    onde só chega quem não tem medo de naufragar

    Fica em mim que hoje o tempo dói
    como se arrancassem tudo o que já foi
    e até o que virá e até o que eu sonhei
    diz-me que vais guardar e abraçar
    tudo o que eu te dei

    Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
    e o mundo nos leve pra longe de nós
    e que um dia o tempo pareça perdido
    e tudo se desfaça num gesto só

    Eu vou guardar cada lugar teu
    ancorado em cada lugar meu
    e hoje apenas isso me faz acreditar
    que eu vou chegar contigo
    onde só chega quem não tem medo de naufragar

    Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
    E o mundo nos leve pra longe de nós
    E que um dia o tempo pareça perdido
    E tudo se desfaça num gesto só

    Eu vou guardar cada lugar teu
    Atado em mim, a cada lugar meu
    E hoje apenas isso me faz acreditar
    Que eu vou chegar contigo
    Onde só chega quem não tem medo de naufragar

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  5. Hoje pude confirmar que a Susana Dias é a mesma que há uns anos deu aulas de EMRC na minha escola.
    Desconhecia completamente o que se passou com ela mas sei muito bem aquilo por que passou.
    Que tudo lhe corra pelo melhor
    Um beijinho da Helena Dias Ferreira

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  6. Lindo poema que tu escolheste para a Susana! Parabéns pela escolha, Ricardo! E pela tua sensibilidade!
    Bjs

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  7. Eu sei que tu bem sabes, até demasiado bem, tudo isto de que fala a Susana Dias.
    Força também para ti, Helena.
    Acompanharei os teus dias na agora "nossa" escolinha!
    Beijocas e obrigada por continuares a passar por aqui.
    Em silêncio, bem sei, mas és uma das resistentes. Em múltiplos sentidos.
    Até já.

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  8. Ah esta Helena é a professora de Ciências e Matemática do 2.º ciclo da "nossa" escola.
    Beijinhos para ela!

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  9. Quem é o Ricardo? Terá sido meu aluno?

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  10. Pois não sei que te diga, Helena. Foi meu. Mas não sei se foi teu.
    Vai ao site da E.B.2/3, às fotografias da Feira Medieval. O Ricardo é o que está integrado nos importantes da época, à esquerda do Magalhães.
    Entretanto pode ser que ele passe por aqui. Se passar, ele diz-te que ele não manda recado por ninguém.
    Beijocas

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  11. Não não fui professora Helena. No meu 5.º ano tive a Dr. Manuela Mouta Freitas a matemática e a prof. Ofélia Macedo a Ciências. Mas conheço sem exagero todos os professores que à epoca leccionavam nessa escola, e sei perfeitamente quem é, até me atrevia a dizer que é a mãe do zé diogo, mas pode não ser, uma professora elegante de óculos, ahhhh!!!!!

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  12. Retifico não quero ser como o Primeiro Ministro é Manuela Mota Freitas, a mãezinha da Joaninha, que os alunos dela adoram!!! Nunca foi minha professora, só um aparte!

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  13. Olá mais uma vez, não resiti em colocar o lindo texto da Susana no meu blogue. Ora chegaram pelo menos até ao momento 2 mensagens de apoio à professora Susana. Como não sei se ela alguma vez viu o meu blogue se por lá quiser passar e espreitar as mensagens e retribuir está há vontade: http://centroparoquialgondar.blogspot.com/
    Já agora cumprimentos ao professor Pedro Carvalho e obrigado pelo 20 a TIC no 12.º ano.

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  14. Só sei que Susana é colega professora e tem um cancer como dizem brasileiros e nomeadamente Vinicius de Moraes num famoso poema. Que poderei dizer ou fazer a uma distância de milénios luz da Susana? Que lhe prometo e se ela ler isto saberá que lhe prometo digo e repito como se de joelhos estivesse aqui diante de mim como escrevia o Torga lhe prometo e porque creio que milagres há que já os experimentei e também bem de meus perto lhe prometo como se de joelhos estivera REZAREI POR SI e creio que o Deus de toda a bondade não por mim mas por ela por ela sim a Susana a aliviará que lhe sucederá não sei sei que há milagres e um milagre espero para a Susaninha um milagre à medida da sua grandeza humana!

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  15. A ignorância foi sempre a mãe de todas as crueldades, não é? E a isso podemos juntar a "burrice" de muita gente instruída e que, perante casos como este, agem como se fossem ignorantes...
    Enfim!

    Beijinho, Susana!
    Tudo de bom e que nunca te falte a companhia destas amigas solidárias para te ajudar a vencer a solidão que todos os doentes crónicos sentem.

    :)

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  16. Já lá vou, Ricardo, e a Susana por certo também irá!
    Obrigada pelo teu apoio.
    Beijinho

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  17. E de Filosofia, Ângelo!
    Vai gostar de a conhecer da próxima vez que se deslocar à ESA.
    Beijinho grande

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  18. Olá, não consigo, nem quero, deixar de dar um beijinho à grande e lutadora mulher que é a Susana, com quem todos temos muito a aprender!!!
    Obrigada Anabela pela merecida homenagem! Deixo uma frase que traduz a força, coragem e determinação que a caracterizam e que, com um gesto, um sorriso, um olhar carinhoso, ela me soube dizer, sobretudo em dias de luta diante de obstáculos, que pareciam intransponíveis. Cá vai Susana, está na hora de traduzir o que sempre me disseste, de forma tranquila e serena, "Tem fé em ti própria. Não desistas, recusa simplesmente acreditar/ na palavra impossível" (Linda Allison-Lewis).

    Beijinhos às duas.

    Teresa Mafalda

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  19. Lindo, Mafaldinha, simplesmente belas as tuas palavras.
    A Susana vai gostar de te ler e de se aconchegar em ti. Já sabes.
    Beijoquinhas.
    Ah! Está tudo terminado na ESA?
    Se precisares sou toda tua, já sabes... bem, salvo seja! Kakakakaka

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  20. Obrigada, Anabela, acho que já consegui acabar tudo...finalmente!
    Temos meninos!!!
    Eu sempre conto contigo!!!!Bigada amiga!!
    Até breve!!

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