quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Auto-Retrato
Auto-Retrato - Tujidos - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
Auto-Retrato
Hoje partilho o auto-retrato que amaria jamais ter feito.
Para o tirar, percorri um ainda longo caminho em terra batida e empoeirada e, chegada à margem, trepei para cima de um muro alto, sobranceiro ao meu Tâmega e, de olhos rasos de água, disparei.
O espectáculo é inconcebível, inacreditável, surreal.
Onde está o meu rio?
Onde está o rio onde aprendi a nadar, entre os peixes de água doce e as cobras do rio, avistando lontras e cágados entre o arvoredo das margens?
Onde está o rio que me aplacou a adolescência rebelde e onde passei muitas das minhas férias de Verão, adolescente acompanhada de outros adolescentes, nadando até não poder mais, mergulhando e saltando a torto e a direito do Pontilhão, do Penedinho, do Penedo Grande?
Onde ficaram as saídas da água de dedos encarquilhados e já a tiritar de frio porque era de todo impossível permanecer mais tempo nas águas frescas do Tâmega?
Onde está o cheiro, o cheiro que só quem nadou em águas de rio conhece... onde está ele?
Onde está o meu rio?
Quem mo restitui?
Diz-me uma coisa: os esgotos da cidade também desaguam no rio? É que para a m**** ser tanta!
ResponderEliminarNão te gabo, já, a tua queda para a fotografia. Nem tão pouco a qualidade das mesmas. 1º porque o motivo que te levou a fotografar é a denúncia de um crime e eu quero , antes disso, ajudar-te a denunciá-lo. Nem à beira das eleições têm emenda? Que 'nonjo'. depois disso virão os elogios merecidos!
Há uma ETAR a jusante da cidade, completamente obsoleta. Para além dos problemas com a rede de esgotos aqui do centro que eu fotografei na segunda-feira. Para além disto há, pela margem direita grandes tubos que despejam não sei o quê, vindos não sei de onde. Vi-os ontem. :(
ResponderEliminarUma minha cunhada que tem o filho na canoagem ainda hoje me disse que o rio, a montante da cidade, e lá para terras de Basto, está límpido e cristalino e a água é até transparente.
O que te posso dizer mais?
Esses grandes tubos despejam, de certeza, esgotos de alguma parte da cidade.
ResponderEliminarHá uns anos, fui a uma praia da moda (continua a ser) aqui do distrito. Era época baixa e portanto as pessoas 1que estavam na praia ou passeavam apesar do bom tempo. A maré estava baixa e eu, o F e a Nina resolvemos andar em cima de umas rochas que se dirigiam para o mar e que quando a maré está cheia não se vêem. E, qual não foi o nosso espanto, verificámos que as rochas escondiam os tubos dos esgotos... Fartámo-nos de falar no assunto, em todo o lado e com toda a gente , mas pelos vistos aquilo continua na mesma.Eu é que nunca +, lá molhei, sequer, o dedo grande do pé!
O problema é que não é fácil chegar aonde se quer, nestas margens abandonadas. E não me parece que seja esse o meu papel andar por aí tipo investigadora, que eu tenho bem mais que fazer!
ResponderEliminarO que faz a minha autarquia para solucionar este problema, que não é de agora e já se arrasta para aí há uma década?
Que eu saiba nada. Pelo menos nada que surta qualquer efeito. Porque o problema começou há muitos anos e está agora absolutamente descontrolado!
Claro que esse papel não te compete e pode ser, inclusivamente, perigoso.
ResponderEliminarEu nem sei de que cor é a Câmara Amarantina...mas os teus conterrâneos vão mantê-los lá?
Não quero distrair ninguém das fotografias e da poluição demasiado evidente!
ResponderEliminarO seu empenho é de exaltar!
Mas quero dizer-lhe o seguinte: A prosa que escreveu...é pura poesia!
Há muito lirismo...dentro do realismo que evoca.
Parabéns!
Por acaso é ps. :(
ResponderEliminarSinceramente não percebi o seu comentário!
ResponderEliminarObrigada, Hélio, apesar do meu pesar.
ResponderEliminarQualquer amarantino que por aqui passe, da minha geração ou de gerações anteriores, comunga das minhas palavras.
A câmara de Amarante por acaso é ps...
ResponderEliminarAh! Era a resposta à pergunta da Em@.
ResponderEliminarOutra declaração de amor. Esta de amor magoado. Lindíssima, como diz o Hélio.
ResponderEliminarÉ uma declaração de amor mesmo... pelo meu rio perdido.
ResponderEliminarQue tristeza, Bugs! Nem consegui esperar pela segunda-feira!
Ah, fizeste mais que bem! Essa luta não pode ter dias.
ResponderEliminarA combinação de segunda, se é que chegou a sê-o, só funciona para a campanha global.
São imagens aterradoras. Então em paralelo com o postal do Hélio...:(
Besito
Aterradoras. :(
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