segunda-feira, 5 de outubro de 2009

República



República

Hoje comemoram-se os 99 anos da implantação da República.

Mas comemoram-se?
Comemoram-se mesmo os 99 anos nesta República decadente em que vivemos? Em que o Presidente da mesma anda para um lado e o ainda Primeiro anda para o outro, tal qual um casal em processo de divórcio feio? Em que a Justiça está a braços com dificuldades várias e parece raramente funcionar? Em que o crime de toda a ordem, principalmente o económico, parece compensar? Em que políticos vários nos dão, a cada passo, exemplos vergonhosos de como uma pessoa, minimamente decente, não se deve comportar? Em que se atacam professores a torto e a direito quando a actuação deveria ser acarinhar e estimular o empenho desses mesmo profissionais que desempenham uma tarefa de extrema exigência e crucial para o futuro da Nação? Em que as dificuldades batem à porta de cada vez mais portugueses? Em que a batotice parece ter vindo para ficar? Em que a generalidade dos portugueses olha o futuro sem esperança, sem optimismo? Em que o trabalho afincado parece não compensar, compensando em sua vez o chico-espertismo nacional patente das elites ao pé mais rapado?

A República está de parabéns? Conseguiu, quase centenária, construir um país asseado? Decente? Respeitador da opinião do outro? Respeitador da diferença do outro? Democrático? Justo? Livre? Onde toda a gente se pode expressar livremente, sem medo de represálias? Estimulante da criatividade individual e colectiva? Empreendedor? Arrojado? Corajoso? Que avança sem medos, orgulhoso do seu passado e do seu presente, em direcção ao futuro, tal qual a República se apresenta nesta belíssima imagem tirada daqui?

Pois não conseguiu. A República encontra-se hoje em período nitidamente decadente, doente mesmo, e será deveras oportuno que o caminho a tomar, hoje, amanhã e depois, seja outro que não este. Sob pena de nos arrependermos amargamente, um dia destes, ao virar de uma qualquer esquina.
E continuo a constatar... este país está um lugar estranho!

13 comentários:

  1. Estações do Peregrino:
    Fundos ais chorasTe sobre a arrasada cidade…
    Acudas-nos, Ana, Mãe da Nossa Mãe da Paz,
    e ouve o louvor que com nossos cantos voa…
    Tel Aviv: Afazeres, à Pátria Universal.
    Que consta em teu passaporte?
    Bat Yam: Acordaram-nos os olhos pó,
    às portas da Terra Prometida.
    Cesareia: Romanos, lusos, ameríndios, índios, etíopes,
    nipónicos, arianos, turcos, arménios,
    ucranianos, croatas, chinos,
    africanos, gregos, esquimós, hebreus, árabes,
    à cor irreal, pasmámos.
    Entrementes, quando nos sentámos, a ver que dava,
    partiam, adereços aviados, saltimbancos.
    Monte Carmelo: Fremindo o sopro.
    A aberta imensidade ante, a maior grandeza,
    alma altíssima a olhos dada.
    O fundo envolve-nos, devolvidos ao claro sonho.
    S. João de Acre: Largo voo entre Haifa e Líbano,
    onde o cedro do caminho.
    Stella Maris: Que era d’Iahweh a voz que move.
    A longe nos levava.
    Tíberíades: Descalços pisamos pedras húmidas,
    perto o manso lago,
    dormente dorso em vagas.
    Da faina, na pesca, nos erguemos:
    Passavas, e seguimos-Te,
    amigos com a Notícia.
    Cafarnaúm sofresTe
    porque previsTe ruína.
    Bem Aventuranças: Nova palavra jorrava, estremecia:
    Ressoando-nos, nos imos fibras do pobre coração,
    nosso e Teu O Esplendoroso Verbo.
    Mar da Galileia: Nas lidas escondidas nos calámos;
    a lago, ou a bom ar, despreocupação,
    distensão e acalmia.
    Tabor: Sonambulissimamente divagávamos,
    absortos discorríamos deslumbrando-nos
    o repleto da Luz um dia aclarada sobre a Terra,
    mal acomodadas as próprias tendas.
    Até tangermos O Inominável.
    Gruta da Anunciação: ‘Verbo caro factum est…’
    A alentar-nos.
    Do Anjo a irradiação descida, começo fecundo.
    Ein Karen: Miriam, sabias, com o coração,
    toda a distância compreendida.
    Bethlehem: Era tão só crer, a’o cintilar a estrela.
    Nazareth: Quotidiano escondido, o aí estares.
    Canaã: Teu sangue nosso, convivas da alegria.
    Jericó: Onde o estranho era irmão.
    Porque ofereceste boleia ao desfigurado,
    o Cristo Te sarará também das tuas chagas.
    A Jerusalém, cidade das todas as cidades,
    as acolhedoras portas sempre abertas,
    por próprio pé, acedemos jubilosos…
    Um palestiniano, passeando, e assoando-se,
    à diurna luz, a última paz…
    Até que nos achássemos definitivamente no templo.
    Muro das Lamentações: Pesada a prova da memória.
    Piscina Probática: Esquecidos no densíssimo pecado,
    largos anos esperámos que nos soerguesses.
    Das Tentações: Acossados, superamos ancestral desespero.
    Monte das Oliveiras: ConTigo chorámos o desígnio dUm Pai.
    Basílica da Agonia: Um furco perto do Seu pé sangrando,
    a soldadesca entrega-se a mesquinho passatempo,
    sobre rabiscos no lajedo, com mínimas pedrinhas.
    Via-Sacra: Marcados p’la Tua dor,
    em Ti morremos.
    Com a Cruz: Bem quis ajudar-Te o de Cirene,
    mas Tu lhe desTe a ele Tua Vida.
    Santo Sepulcro:
    Pra conTigo subirmos
    renascermos.
    Local da Ascensão: RegressasTe
    até aO Lugar de Onde viesTe.
    Pai-Nosso: Éramos agora outros ao olhar O Outro,
    iguais, Teus co-herdeiros.
    Dominus Flevit: Estávamos protegidos e amados.
    No transe desentranhavas o amor maior.
    Porque antevisTe a vitória dos Teus,
    Te deixasTe matar.
    Monte Sião: Para reacender as madrugadas.
    Cenáculo: Junto a Maria, mudámo-nos dO Enlevo Consolador.
    Túmulo do Rei David: Novo incenso, entre sombra e luz.
    Dormição: Toda a tua morte, Maria, alumbras,
    Nossa Senhora da Ternura.
    Cenáculo: Pão e vinho partilhados, plenitude, mãos,
    estremecermos na trepidante passagem.
    Yad Vashen: Amaro ido com registo, em nós caímos.
    …Geena: Medonha, horrenda, hiante desolação…
    El Aqsa: Em tonto sono voaram-nos as ideias.
    Sob a cúpula doirada do templo,
    anéis com versículos gravados aO Misericordioso.
    Tumba de Lázaro: Após ignóbil tragédia, somos nós.
    Aeroporto: Na bagagem, terra declarada.
    Não refizéramos, nem na ínfima parte, O Percurso;
    mas ficámos, na pura verdade vagando,
    tratando, respirando
    conTigo, Cristo Amigo,
    pomba, fogo, loucura,
    inenarrável libertação:
    Até ter cor manhã.

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  2. parte de text que não coube no precedent comment meu:
    Não sei se para amenizar o in-amenizável nem sei se a despropósito ou a propósito me mando mais past -- este de Israel Agosto 20 2000 -- com os inadiáveis beijinhos deste teu anuladíssimo Angelinho Ochôa que tem por divisa amar o amor que ama porque amor a amor se paga... lá vai pois vasto past:
    e -- antes -- Anabela, subscreveria, linha após linha, palavra após palavra todo teu text post in «República»

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  3. Anabela, concordo em pleno com a tua perplexidade!
    Experimenta fazer um trabalho com os teus alunos sobre isso, depois de uma boa inttrodução, dava uma boa Webquest.
    Se quiseres depois ajudo-te, a seguir à campanha.
    Gostava de ouvir o lado deles...

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  4. Lindo!

    Pois é Ângelo, tanta ventura e desventura passada e continuamos a cometer os mesmíssimos erros!
    Pelo menos podíamos variar...
    Beijinho

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  5. É um caso a pensar! :)
    Mas só para quando leccionar o nono ano!
    Obrigada pela sugestão.
    Bj

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  6. Um país bonito, caloroso, mas quase moribundo!
    Quem o tratará, se as pessoas que têm a varinha de condão também estão doentes?

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  7. O problema é que, provavelmente, a doença começou mesmo nos que julgam que têm a varinha de condão... e que podem fazer o que lhes dá na real gana!

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  8. Não resisto a transcrever um excerto do livro: O Medo de Exisrir de José Gil.
    "E se tudo se desenrola sem que os conflitos rebentem, sem que as consciências gritem, é porque tudo entra na impunidade do tempo - como se o tempo trouxesse, imediatamente, no presente, o esquecimento do que está à vista, presente.
    Como é isto possível? É possível porque as consciências vivem no nevoeiro".
    A única esperança...é que tenhamos mais sorte do que com D. Sebastião!

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  9. Um dia os conflitos rebentam, Hélio! É completamente impossível viver sempre no nevoeiro, sabendo-se que os raios de sol existem.
    Ou isto dá uma grande volta, ou um dia pagaremos caro esta balda de país! Mais cedo ou mais tarde!
    Mas que tristeza aqui vai, neste rectângulo!

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  10. A 1ª página do livro de José Gil, é sintomática do que fomos durante décadas e que parece prolongar-se nestas outras décadas de hoje.
    "Depois de assistirmos ao noticiário da TV, sobre raptos, corrupções, guerras, o nascimento dum panda,...o apresentador finaliza: "É a vida".
    Onde estiveram os meus colegas professores...os enfermeiros...os funcionários públicos...os desempregados...sei lá eu?!

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  11. Pois! Somos uns tristes! :(
    Mas a vida não tem que ser "isto" a que assistimos desde a plateia!

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