A Palavra a Manuel Monteiro
Hoje dou a voz a Manuel Monteiro e amplio um texto que gostaria de ter escrito. Subscrevo-o.
"Temos o Governo que merecemos?
O director deste semanário perguntou, na passada semana, Onde estão as elites? Eu creio que estão em casa, exiladas e em silêncio, trabalhando no anonimato e querendo manter toda a distância possível da chaga que alastra pelo país
Podemos condená-las por tal atitude? Penso que não. Que poderiam elas fazer para competir com a horda de gente que ocupa as tribunas e a maioria dos lugares públicos? Se sabem escrever sem erros, se têm competência, se são honradas e não dependem do favor partidário, que motivos terão para se misturar? Estamos a falar de elites e não de classe dirigente. Há épocas, situações, circunstâncias, em que as expressões convergem, mas seguramente esse não é o nosso caso. Talvez isso explique as razões para estarmos como estamos e talvez isso nos faça perceber que, a despeito do que eu próprio sempre acreditei, as culpas não cabem todas na classe política. Quando as elites se exilam e o povo que vota pouco se importa com o facto de eleger pessoas condenadas pelos tribunais, ficamos com uma noção exacta do país em que nos transformámos.
Mas, afinal, qual a causa da nossa surpresa? No período pós-revolucionário varreram-se quadros competentes e sanearam- se cidadãos íntegros; e de então para cá, salvo honrosas excepções, assistimos ao que de pior poderia haver.
O povo parece pouco incomodado com os que roubam, desde que façam obra; a maioria das associações empresariais vivem dependentes do erário público e do favor político; muitos sindicatos estão subordinados aos cofres do Estado; os gurus do regime pulam de conferência em conferência, debitando teorias para o país, apesar de apenas conhecerem certos hotéis de Lisboa, o Palácio da Bolsa, no Porto, e algumas zonas do Algarve; e aqueles que o novo Estado designou, a seguir à revolução, de incultos foram simplesmente substituídos por autênticos patetas pedantes, sem princípios e sem qualquer noção de rigor e de ética.
Não chegámos aqui por acaso. Há causas e todas podem ser identificadas. Houve um tempo em que se afirmava que a maioria tinha sempre razão, mas nesse tempo ainda havia aquilo que Sá Carneiro, em 1976, dizia existir: «Um povo com uma cultura autêntica, não literária, não livresca, mas verdadeiramente humana».
Trinta e três anos depois, onde está esse povo? Uma parte morreu e outra abstém-se, refugia-se, isola-se e pertence a uma maioria silenciosa, que olha à esquerda e à direita e só vê corrupção, com chefes políticos atolados na lama e demasiado comprometidos uns com os outros, para poderem livremente falar.
Esse povo sabe que a cidade definhou, que o mundo rural desapareceu e que o novo sindicato de voto está, essencialmente, nos bairros sociais e no que de mais negativo existe na periferia e nas redondezas suburbanas.
Esse povo sabe que houve um regime onde havia segurança, mas onde faltava liberdade e percebe que vive hoje num regime onde existe liberdade, mas onde falta a justiça. E esse povo, no qual se integram as elites, tem consciência que liberdade sem justiça não é liberdade – é pura ilusão de liberdade. É nesta realidade que vivemos!"
Manuel Monteiro
Líder do PND
Se a despropósito,
ResponderEliminarAnabelíssima o perdoará,
mas aí vai,
de hoje,
noite,
escrito meu:
ANÁFORA DA VIDA PROBLEMÁTICA
EM UM QUASE SONETO:
Se só uma vez estás vivo,
se só uma vez dizes Amor,
se só uma vez salvas Amigo,
se só uma vez acenas Adeus,
se só uma vez vives,
se só uma vez morres,
se só uma vez vês a Cor,
se só uma vez vives a vida,
se só uma vez morres da morte,
se só uma vez o grão do trigo sepultas
para dares lugar ao pão para a mesa…
Porque disse então
o Jesus Cristo dos paradoxos
ser preciso nasceres de novo?
C/
bjnhs a tuti quanti... do Angelinho (não anjinho) Ochoa poeta até Amar-ante!
Subscrevo Anabela!
ResponderEliminarBonita poesia, Ângelo!
ResponderEliminarObrigada pela partilha.
E gosto particularmente do "Ochoa até Amar-ante".
É um artigo muito lúcido, este do Manuel Monteiro.
ResponderEliminarJá adivinhava...
Beijinho
..........
ResponderEliminarSalve !
Em busca de leitores e de petrocínio para o meu blog, estou aqui para convidá-lo a conhecer "FOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER...", em http://www.silnunesprof.blogspot.com
Professora e pesquisadora da cultura brasileira, acredito num mundo melhor com menos violência através do exercício da leitura e da reflexão.
O afeto e a educação continuam sendo o maior bem que podemos deixar para os nossos filhos. Com amor, toda criança será confiante e segura como um rei, não se violentará para agradar os outros e será afinada com o seu próprio eixo. E se transformará num adulto bem resolvido, porque a lembrança da infância terá deixado nela a dimensão da importância que ela tem.
Além disso, divulgar esse imenso país com suas belezas naturais e multiplicidades culturais têm sido outra de minhas metas, afinal ninguém pode amar aquilo que não conhece, não é verdade. Eu me apaixonei pelo Brasil aos 12 anos, depois de ler "O Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna para fazer uma peça de teatro na escola onde estudava - Chicó foi o meu primeiro amor. Penso que falta ao povo brasileiro conhecer mais o seu país. Ultoimamente temos visto tantos escândalos na TV, dinheiro em mala, en cueca, em bolsa, escondidos até em meia...tanta gente passando necessidade e essa raça de políticos desviando milhões dos cofres públicos, deixando o povo a mercê da própria sorte. Uma total falta de respeito para com o seu país. Falta a essa gente o sentimento de pertencimento, afinal o Brasil ainda é o melhor lugar para se morar.
Bem, se você achar a minha proposta coerente, VAMOS TODOS JUNTOS NA LUTA POR UM MUNDO MELHOR.
Atualmente moro dentro de um pedacinho da Mata Atlântica, ruídos aqui só o canto dos pássaros, o Curupira,do Caruara, a Pisadeira ... vez por outra o Saci aparece aprontando das suas. Devido a localidade ser muito alta, o sinal que chega do meu 3G é muito precário, nem sempre posso estar online. Alé, disso tenho outro probleminha: os relâmpagos. Espero que compreenda as diversas limitações de quem escolheu viver no meio do mato e, na medida do possível, vou respondendo os e-mails que chegam e atualizando o meu blog FOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER... em http://www.silnunesprof.blogspot.com
Se você ainda não o conhece, dê uma chegadinha por lá, é só clicar no link em azul. Deixe para mim o seu comentário.
Que a PAZ e o BEM te acompanhem sempre e que os bons ventos soprem a seu favor neste ano de 2010 que se inicia.
Saudações Florestais !
Silvana Nunes.'.
Te felicito, Anabela, por teres dado lugar nos comentários de teu blogue a amiga de Brasil Susana Nunes.
ResponderEliminarOutra coisa de ti não seria de esperar, Anabela de todas as pátrias sem fronteiras e… de Amar ante!
Olá Silvana!
ResponderEliminarSê bem vinda a este blogue e lá vou espreitar o teu.
Mas, ainda antes disso, deixa-me dizer-te que os casos de corrupção por esta banda do Atlântico também são mais do que muitos.
É uma classe política vergonhosa, esta que nos (des)governa), safando-se muito poucos... :(
Beijinho