Indisciplina
Confesso que não a tolero. Quem me lê há mais tempo sabe, pelos "casos" já aqui relatados, que não sou tolerante com a indisciplina seja ela aguda, grave ou esdrúxula, aconteça ela dentro ou fora de portas da minha sala de aula. E intervenho. Intervenho metendo-me até no meio de moços pegados à bulha, em pleno recreio, separando-os. Já me aconteceu e o A. diz-me sempre que um dia destes vou chegar a casa amassada, à custa desta minha atitude voluntariosa e destemida.
Confesso que, durante as minhas aulas, exijo que os meus alunos estejam em ordem e em silêncio perante a intervenção do outro, que posso ser eu ou um qualquer aluno chamado a Prova Oral. Um, dois, ou três alunos, por aula, estão na berlinda, comigo a questioná-los sobre documentos diversos, levando-os a pensar, levando-os a utilizar sistematicamente os neurónios de que são recheadas as suas cabeças. É para isso que eles lá estão... os neurónios... não é assim?
Sei que por vezes é difícil os miúdos conterem-se perante o silêncio do colega que está a ser chamado, e os dedos no ar apontam nervosos, agitam-se e voltam a agitar-se, e lá se escapa, de quando em vez, uma ou outra resposta. Por vezes os Joões viram Joanas e as Marias Manéis. Nestas alturas relembro-lhes as regras para que não prejudiquem a avaliação do(a) colega. Relembro-lhes o respeito que devemos aos outros.
Tenho a sorte de estar numa Escola globalmente tranquila e pacífica. Os meus alunos são, na generalidade, educadíssimos, conhecem a palavra "obrigada" e a expressão "peço desculpa", que utilizam quando necessário.
Se já me debati, este ano lectivo, com alguma situação de indisciplina? Obviamente que sim.
Aproveito até para relatar o caso mais grave acontecido há pouco tempo.
A situação ocorreu com quatro alunos de 8º ano, literalmente a passar de pito para galo e a testar os seus/meus limites.
Sou sempre a primeira e entrar na Sala de História e só depois entram os alunos. Naquele dia assim foi, mas faltavam-me quatro artistas que chegaram com dez ou quinze minutos de atraso, já a aula decorria, e que entraram sem bater à porta, sem pedir licença para entrar, na alegre cavaqueira como se estivessem a entrar num qualquer café lá da freguesia. E assim se mantiveram na risota e eu com a aula parada.
"Meus queridos, é assim que eu normalmente os trato, devem estar equivocados. O lugar onde acabam de entrar é uma sala de aulas, não é um café. Façam o favor de voltar a sair, fechem a porta e voltem a entrar... convenientemente."
Os moços assim fizeram. Bateram à porta, pediram licença, pediram desculpas pelo atraso e sentaram-se em silêncio.
E a aula prosseguiu sem mais interrupções.
É. Tenho a sorte de estar na EB 2/3 de Amarante.
Regídos nos princípios mas tolerantes e objectivos, sem vacilar, nas decisões que vamos tomando no dia a dia. Só engrandecemos o respeito e levamo-los a pensar no que devem ser as verdadeiras atitudes.
ResponderEliminarTemos de ser exigentes, Raul, com os filhos e com os alunos também. E saber dizer não, na hora de dizer não.
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