A Continuar Assim, Chegaremos Lá...
A grande escola de Sócrates
28/07/10 00:04 Vitor Costa
"Primeira notícia. Na passada semana os portugueses ficaram a saber que o Governo vai encerrar mais 701 escolas básicas. Serão dez mil crianças que, não tendo mais de oito ou nove anos de idade, se vêem forçadas a ser deslocadas para centros escolares.
Tudo porque têm o azar de frequentar uma escola com menos de 21 alunos. Tudo porque entraram no sistema de ensino com um primeiro-ministro que nos últimos cinco anos já mandou encerrar mais de 3.200 das 5.250 escolas existentes.
Segunda notícia. Ontem, os portugueses ficaram a saber que Portugal está na cauda da Europa quando se contabiliza o número de crianças que nascem todos os anos. Uma situação que se tem vindo a agravar ao longo da última década.
No caso do encerramento das escolas, o Governo garante que a opção que tomou não resulta de uma política economicista. Antes tem por objectivo melhorar as condições de ensino e, assim, o sucesso escolar. Quanto aos baixos índices de natalidade, o Governo pouco ou nada fez ao longo dos últimos cinco anos. Instituiu um cheque-bebé, que abandonou sem que nunca tenha sido implementado, e criou incentivos fiscais para as famílias mais numerosas. Mas os números mostram que as medidas têm sido, no mínimo, insuficientes.
Apesar de o Governo o negar, tanto num caso como no outro é fácil compreender o critério economicista que resulta da necessidade de poupar, poupar e voltar a poupar. Mais difícil será para qualquer pai ou mãe compreender que o país precisa de mais crianças e ao mesmo tempo perceber que não é garantido que junto a si haja uma escola para essas mesmas crianças. Mais difícil ainda, é perceber que estas medidas sejam tomadas por um Governo que se indigna quando alguém sugere retirar da Constituição o princípio da gratuitidade do ensino e da educação. Ou que estas medidas venham de um primeiro-ministro que ultimamente, pelo menos ao nível do discurso, parece ter reencontrado a ideologia social.
Não tenho conhecimentos sobre política de educação que me permitam tomar uma opção clara entre aqueles que, como o Governo, defendem o encerramento destas escolas em nome da melhoria das condições dos alunos; ou os que consideram esta política um erro. Mas é fácil perceber que sem inverter a tendência de descida da natalidade, o Governo continuará a ter escolas para encerrar. E por cada escola que encerrar, mais o País se desertifica e se concentra em grandes centros urbanos, tendencialmente mais próximos do litoral. E assim sucessivamente até que só haja centros escolares e que, de entre estes, se comecem a fechar os mais pequenos.
Com os índices de natalidade que apresentamos e com as políticas de educação que seguimos, Portugal arrisca-se a ter no futuro apenas uma escola. Será gigante; permitirá poupanças significativas para o Orçamento do Estado; situar-se-á, muito provavelmente, em Lisboa; e pode já ser baptizada como a grande escola do engenheiro José Sócrates."
Vitor Costa, Subdirector
vitor.costa@economico.pt
Daqui.
E meninos e meninas das cercanias de Trancoso ou Celorico da Beira ou Alfândega da Fé passarão a passar uma boa parte do dia concentracionados em transportes-caminheta. Uma alegria por vinte cinco tostões!
ResponderEliminarDo Imodium passo para a Água de Cal.
ResponderEliminarIp!curva
curva
curva
Ip!
O interior está lixado, Ângelo! Está completamente lixado!
ResponderEliminarE o lixanço foi planeado.
Bjs
É melhor mantermo-nos a água... é mais saudável... ip!
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