quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O País Indecente


Algures entre Trancoso e Celorico da Beira - Portugal
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

O País Indecente

Hoje volto ao país indecente. Porque o país é indecente até dizer chega e não nos dá tréguas por mais que a gente se esforce para não saber, não ouvir, não ver...

Hoje vou para a estrada, ou, melhor dizendo, vou para as estradas deste meu país disfuncional, as que ligam o litoral ao interior e as que ligam o interior ao interior, todas com muito bom piso, por onde passei, claro está, e completamente vazias. Vazias de carros, de gente, de bois, de cães, de sapos e de ouriços e do mais que seria, peut-être, peut-être... normal... ver numa qualquer estrada deste nosso país especial de corrida.
As terciárias assim se encontram, vazias. As secundárias também. As primárias idem aspas aspas... e queres ver que eles andam todos para aqui nas vias rápidas e nas auto-estradas? Ora vamos lá experimentar... mas qual quê?!... o panorama foi sempre o mesmo, com excepção para a A1, aquela que era mesmo necessária e que tem movimento, pois então. O cúmulo dos cúmulos aconteceu numa tal de A 17 que, ao que parece, liga a Marinha Grande a Aveiro.... ora vamos lá experimentar... que ainda não conheço... huuum... bem catita... ó-la-ri-lo-... três faixas de rodagem para cada lado... na auto nem vivalma, nem num sentido nem no outro, a uma sexta-feira ao fim da tarde, olé olé, é caso para perguntar ora apetece-te ir pela direita, pela esquerda ou pelo centro?
A chatice é que seja qual for a escolha -direita, esquerda ou centro - o resultado é sempre o mesmo, ou seja, um país lixado até dizer chega!

Ah! Poder-se-ia pensar que, face à imbecilidade do narrado, os rasgamentos por Portugal acima e abaixo tivessem já parado... abrandado... sei lá... estamos em crise, não estamos?, temos que gastar bem os tostões, sorry, os milhões... mas qual quê?!... obras, obras e mais obras, grandes, disformes, lixando a paisagem com auto-estradas com muitos e variados viadutos, que o interior quer-se com estas peças escultóricas, lindas!, brotando dos vales como cogumelos em dias húmidos de Outono...

2 comentários:

  1. Anabela,
    Isso é que é sorte andares em vias com pouco trânsito. Atreve-te a andar na A7 no sentido Fafe-Vila Pouca de Aguiar durante o mês de Agosto e verás como ficas farta de trânsito, depois de seres obrigada a estar na fila para pagar a portagem cerca de 50 minutos, como me aconteceu no passado dia 21... E não é a primeira vez que me acontece na mesma auto-estrada no mesmo mês.
    Abraço e continuação de boas férias.
    TB

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  2. Em termos de condução andar por estas estradas é simplesmente maravilhoso, mas é que não se passa nada, nem autóctones, nem turistas... nada no raio de quilómetros. Mas dá dó, Telmo, ver auto-estradas às moscas, com os encargos que elas representam para todos nós.
    Pelos vistos esta A17 é uma das célebres... à chegada falei deste exemplar e recebi gargalhadas... ah!... pois!... não conhecias... também não tem muitos anos... quanto ao movimento nem vê-lo!
    Este país é mesmo desequilibrado e ilógico e dana-me ver o nosso dinheirinho gasto assim, a modos que à toa!
    Quanto à A7 também não a uso... daqui não faria sentido...
    Abraço e excelente fim de férias... :)

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