Raízes - Quinta das Lágrimas - Coimbra
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
U2 - Coimbra
Como explicar, a quem nunca entrou deserto adentro e a quem nunca foi a um mega-concerto, que entrar num destes estádios e ouvir e ver e sentir U2 é como entrar no deserto ao contrário?
Porque um concerto dos U2 está nos antípodas do silêncio espampanante do deserto, que te obriga ao recolhimento e à meditação, e é mesmo a sua antítese, com o som ensurdecedor e energético, de que fazes parte integrante, com a vibração de um estádio inteiro que tu sentes trepidar por debaixo dos teus pés e que te contagia, inevitavelmente, e te obriga à exteriorização de sentimentos e emoções numa comunhão total com muitos milhares de outras pessoas, irmanadas por um gosto comum. Sim, fazer parte de uma Pop, Vertigo ou 360º é como entrar no deserto ao contrário e deixares o som que te ensurdece entrar corpo adentro arrepiando-te cada pelinho do corpo até te fazer doer a pele, dos pés à cabeça, ao som de One, Miss Sarajevo, I Will Follow, Beautiful Day, Elevation, Sunday Bloody Sunday, Get On Your Boots, I Still Haven`t Found What I`m Looking For ou Magnificent.
Sim, é verdade, os U2 já foram uma banda mais inspirada musicalmente falando, mas os U2 continuam a superar expectativas a cada concerto que passa com um profissionalismo intocável e uma felicidade sentida por estarem juntos em palco que irradia e toma conta de estádios inteirinhos e extravasa mesmo para o seu exterior. Ontem, por certo, Coimbra inteira vibrou ao som daquelas músicas que um estádio inteiro, repleto de fãs, acompanhou a uma só voz, do início ao fim, em letras mundialmente conhecidas.
Cresci com os U2, sou da mesma geração, eles rondam a minha idade mais ano menos ano, assisti ao seu percurso de camarote e sei que eles trabalharam muito para aqui chegar e isso nota-se - o esforço consistente, o remar para o mesmo lado segundo a mesma cadência, o entusiasmo da subida conjunta ao palco, os abraços e os toques entre eles numa cumplicidade que vem do tempo da adolescência, em Dublin, e que ainda hoje se mantém, assim como se mantém, intocável, a magia e a aura que parece não arredar pé de ao pé deles.
Ontem apresentaram-se em grande forma, em Coimbra, num concerto seco de chuva, haja deuses que hoje chove a cântaros por aqui, quais alliens num palco excepcionalmente belo, de formas orgânicas, alienígeas... a lembrar um aranhiço gigantesco ou seria antes a representação de uma nave espacial que se transmutava constantemente em cores azuis, amarelas, verdes, vermelhas, brancas, alterando-se radicalmente, em explosões de cores, porque só não se altera quem já petrificou e desses não reza a história?...
Seja como for, o concerto superou as minhas muito altas expectativas e aguardo o seu regresso... talvez ao Porto...quem sabe... sempre, sempre com o cunho político e interventivo da banda irlandesa de excepção.
Muito obrigada, U2! Obrigada Bono, Edge, Adam e Larry! E até sempre. Nós voltaremos a ver-nos por aí...
E deixo só um cheirinho... neste caso da magnífica Magnificent...
Só quem lá esteve sabe do que falas!!
ResponderEliminarMais uma experiência mitica!
Só não voltei hoje porque ... não sei!
É verdade, North, por isso comecei o meu post como comecei.
ResponderEliminarConheço tanta, mas tanta gente que nunca se emocionou assim... uma pena, por eles, porque jamais conhecerão o carrocel de emoções, que nos avassala de dentro para fora, ou será antes de fora para dentro? :)
Aguardemos a próxima, que por certo superará esta...
Fica bem.
"An amazing night"! Amei o concerto e só tenho pena de não ter conseguido dar um xi coração ao Bono que esteve tão perto! Foi um desejo tornado real...Há anos que desejava assistir a uma performance deles. Noite grandiosa e mágica!
ResponderEliminarXi corações
Laurita... foste!!!!
ResponderEliminarFico muiiiiiiiiito contente por ti, que sei desse teu desejo antigo...
E foi memorável, sim, e energética como o raio que a parta... kakakakaka
Beijocas, linda!
Excelente semana na colinha...