quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
A Palavra a Ramiro Marques e a Anabela Magalhães ou a Importância do Contraditório
Diabretes Vermelhos Blogosféricos - Manif - Lisboa
Fotografia de Cristina Ribas
A Palavra a Ramiro Marques e a Anabela Magalhães ou a Importância do Contraditório
O Ramiro publicou aqui o texto que agora transcrevo, intitulado "Finalmente uma boa notícia". Aconselho todos os professores que por aqui passarem a clicar na hiperligação. Só para se irem inteirando da catástrofe que será o próximo ano lectivo.
"ME quer suspender todos os projectos das escolas. Não o faz porque tenha chegado à conclusão de que a grande parte desses projectos são tralha e ajudam a alimentar a escola do faz-de-conta, mas porque o dinheiro acabou e a festa tem de parar.
Pode ser que a partir de agora, directores, inspectores e professores passem a concentrar as atenções no que acontece dentro da sala de aula e o ensino das matérias volte a ser o alfa e o ómega das escolas.
Ora leiam:
"Qualquer atribuição de horas a agrupamentos ou escolas não agrupadas para dinamização de projectos, ainda que aprovados por serviços do Ministério da Educação, extingue-se com a entrada em vigor do presente despacho, carecendo de nova autorização do membro do Governo responsável pela área da Educação", lê-se na proposta de despacho de organização do ano lectivo (2011/2012) que o ME enviou a sindicatos e associações."
Como estou em completo desacordo com este texto deixei-lhe esta resposta na caixa de comentários, que agora transcrevo:
Vais-me desculpar, Ramiro, mas a aberração é o Ministério da Educação.
Estou envolvida nun projecto, História em Movimento, que tu conheces, e cuja despesa é pouco mais do que zero. Até agora foram 3 cadernos de folhas A3 e umas folhas de K-line. O projecto engloba visitas de estudo a custo zero, montagem de exposições a custo zero, palestras a custo zero, criação de um Centro de Recursos na sala de História a custo zero para a tutela, que os miúdos adoram e que está super activo, a criação de um blogue a custo zero, no qual os miúdos participam a custo zero, aproximando-os e familiarizando-os com as novas tecnologias... e vou parar por aqui sob pena de me alongar muito.
Há projectos e projectos. Se os há de folclore, que os há, outros há com um fio condutor, bem estruturados e que são oportunos e fundamentais para a ligação dos miúdos à Escola.
A quase única contribuição do Estado para o desenvolvimento do projecto são os 90 minutos que eu tenho da componente não lectiva para trabalho semanal com os miúdos, e outros tantos para a minha colega igualmente participante neste projecto. Para além disto ainda temos uma colega que participa com uma turma de 2º ciclo, sem horas atribuídas, por amor à camisola.
O Ministério quer acabar com o quê?
Garanto-te que o Ministério é um empecilho na minha vida!
Estou farta!
E só para terminar - Tu sabes que as notas dos miúdos sócios do Clube de História subiram? É que eles ganharam em adrenalina, alegria e entusiasmo face a uma disciplina que muitos, quando me chegam às mãos, dizem detestar e mesmo odiar.
Pois eu detesto a tutela.
Bjs
Estão aqui duas opiniões contrárias. Absolutamente contrárias.
Gostaria de ter a vossa participação neste debate. Pode ser?
Partilham a vossa opinião com o mundo?
Anabela
ResponderEliminarNão nego que há alguns bons projectos. O que eu critico é a corrida aos projectos para encher relatórios e "fabricar" excelentes na ADD.
Projectos a mais nas escolas desvia os professores do mais importante: o ensino das matérias.
Olá Anabela!
ResponderEliminarPor razões que toda a gente sabe deixei de ir/comentar no blogue do Ramiro. Acho que ele perdeu completamente a seriedade que tanto apregoava. Tornou-se parcial e vê demónios em tudo e todos.
Assim sendo, não posso deixar de concordar contigo. Há projectos e projectos. Esta de cortar a direito é mais um devaneio do ME e do governo, o qual já não sabe mais o que inventar.
Mas mais te digo. Se Ramiro Marques acha que os professores e demais andam demasiado ocupados com o que se passa fora da sala de aula e afins, então ele, se calhar, faz parte desse lote. Perder o tempo que ele perde a por material online... Bem, ou não está ocupado com a sua sala de aula ou tem uma vida muito folgada.
E calo-me com isto.
Mas também eu sou crítica do faz de conta, não só nos projectos mas em tudo na vida. Faz de conta que dou aulas aos CEF e passo o ano a passar-lhes filmes! Faz de conta que tenho um projecto e o que faço é nada com isto queimo o tempo. Faz de conta que cumpro os critérios de avaliação da minha escola não os cumprindo. Faz de conta que sou muito boa professora porque dou muitas negativas. Faz de conta que corrijo portefólios só de olhar para eles com um olhar de pássaro. Faz de conta que não tenho lixo em casa porque o varro sistematicamente para baixo dos tapetes. Faz de conta que na sala ao lado da minha já caiu o carmo e a trindade fazendo-me estremecer paredes e vidros das janelas da minha sala e não se passa nada e não há quaisquer problemas disciplinares... e podia continuar que a lista seria infindável perante o que já me foi dado assistir ao longo da minha vida de professora. Só que não tem de pagar o justo pelo pecador. O que o ME se limita a fazer é cegamente a arrumar com tudo sem qualquer critério pedagógico.
ResponderEliminarOs projectos, tal como os vejo, têm de ser complementares às matérias, nunca apagando seja o que for. Um professor é capaz de dar as matérias de forma escrupulosa e rigorosa e dinamizar/fomentar um projecto sem que um aniquile ou interfira negativamenteno outro. Falo pela minha experiência pessoal e pelo que já me foi dado observar nas escolas, onde, como digo, também já vi folclore. Deixem às escolas a decisão de apostarem em projectos válidos e deixem de fazer purgas cegas a seu bel prazer.
Estou farta do ME. O ME prejudica o meu trabalho todos os dias da minha vida. Todos, quase sem excepção.
Bjs
Sei dessa tua opinião, Elenáro, que eu não partilho de todo, relativamente ao Ramiro e ao seu blogue.
ResponderEliminarTodos temos direito às nossas opiniões e nós somos contraditórios, mesmo dentro de nós mesmos. Neste caso não posso concordar com este post, muito menos posso concordar com a actuação do ME.
Há professores que trabalham como doidos para as escolas. Eu sou um exemplo disso, mas na minha Escola há mais uns bons quantos alguns dos quais ainda trabalharão mais do que eu. São estes os que dão o corpo ao manifesto e fazem as coisas avançar. Dentro da sala de aulas e muitas vezes fora dela e mesmo aqui na blogosfera.
Estou convencida que uma das características que une os bloggers é a determinação. Outra a criatividade. Outra a capacidade de trabalho.
Concordas?
Beijocas
Anabela;
ResponderEliminarestou 100% de acordo com o que dizes no teu post e 100% contra o ME . Há projectos e projectos, assim como há professores e "pessoas que vendem aulas".
só quem não conhece o que se faz na(s) escola(s) é que pode levar tudo a eito.
Concordo com o que escreveste Anabela.
ResponderEliminarContinuarão a existir horas para os Clubes só que passarão a ser todas da CNL.
Certíssimo, Em@! Estou contigo a 100%. E só quem não conhece as escolas é que consegue meter tudo no mesmo saco. Pena que eu nunca gostei de sacos... acho-os muito apertados e eu gosto de espernear e esbracejar! A mim não me metem em nenhum... que eu não deixo.
ResponderEliminarBeijocas
O meu Clube existe nas horas da CNL. O que eu acho correcto.
ResponderEliminarBjs