terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Transgressões


Bustos/Retratos Romanos - Galeria degli Uffizi - Florença - Itália
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
Gravuras - Réplicas - Museu de Foz Côa - Foz Côa - Portugal
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Transgressões

Já aqui deixei dito neste blogue que sou fã de museus e que os visito sempre que posso, grandes ou pequenos, mais ou menos importantes, alguns uma e outra vez sem jamais me cansar de os percorrer, cheirar, absorver.
Relativamente à possibilidade de captação de fotografias há basicamente três normativos e tomadas de posição absolutamente distintas por parte dos seus dirigentes, por vezes mais do que iluminados.
Vou começar pela que mais odeio e que é a posição dos mais do que iluminados, que está em vigor em muitos dos nossos museus nacionais e nos italianos também, só para dar dois exemplos de países que já tendo sido grandes são agora pobres de espírito demonstrativo da falta de abertura das sociedades que os geram.
"É proibido tirar fotografias!" - avisam-me logo à chegada quando me avistam de "arma" na mão. "Mas olhe que eu sou professora de História, preciso mesmo de fotografar algumas peças do museu, não se preocupe que não uso flash..." e por ali fico numa pedinchice tentando levar a água ao meu moinho, o que por vezes consigo se dou com funcionários mais benevolentes... "Vá lá, tire então mas sem que eu veja" respondem-me alguns, por certo cansados da minha conversa. Mas por vezes a coisa não funciona mesmo, não funciona de todo e recebo em troco dos meus pedidos adocicados curtos e secos "É proibido tirar fotografias"que reiteram a proibição anterior.
Posto isto o que me resta? Ficar danada, pois então, com o egoísmo de quem engendra semelhantes normativos como se a captação de fotografias sem flash danificasse o que quer que fosse ou tirasse algo às peças em exposição!
O máximo dos máximos de caricato passou-se este Verão último, no museu de Foz Côa.
Pois não é que não nos deixam fotografar as réplicas das gravuras existentes no museu e podemos disparar à vontade sobre as gravuras originais existentes ao ar livre? Kakakakaka. Só tenho a dizer que isto é ridículo e confesso que estas normas me deixam até baralhada... mas por certo é porque a minha inteligência não acompanha a dos tais mais do que iluminados que por certo querem o conhecimento só para si.
Há uma segunda versão da coisa e esta encontrei-a já em muitos museus de países de leste e em muitos museus de países árabes "Pode tirar fotografias sem flash mas tem de pagar uma taxa suplementar."
Tudo bem, penso eu, as taxas nunca são de valores astronómicos e é mais uma forma de conseguirem mais umas verbas para manutenção daqueles espaços, muitos dos quais muito custosos de manter.
Por vezes confesso que sou malandra e entretenho-me a pregar umas partidas aos zelosos funcionários, tapando com a alsa da máquina o autocolante que me identifica como portadora do salvo-conduto para disparar a torto e a direito sobre tudo o que se move e o que não se move também e é vê-los dirigir-se a mim em passo apressado e eu lá lhes faço um sorriso de orelha a orelha enquanto lhes mostro o emblema provisório... tchiiiiiiiiiii... que mazinha...
Confesso que a terceira via é a que me deixa absolutamente delirante. "Pode tirar fotografias sem flash" é a frase que me parece música pura a entrar nos meus ouvidos.
Esta foi a versão que encontrei já em inúmeros museus de França, da Bélgica, da Holanda, que isto de gente evoluída tem que se lhe diga e não é para qualquer iluminado rafeiro, desses que por aqui há à solta e que parecem estar nos poisos para prejudicar o trabalho a terceiros, nomeadamente a mim que tanto preciso de informação para as minhas apresentações em PowerPoint.

Falta-me só assumir o que faço, sempre, perante tais proibições.
Pois perante elas, sempre que posso, transgrido. E confesso que é das poucas situações em que eu, voluntária e conscientemente, violo as leis e o faço com enorme prazer. Mas é que é mesmo com enorme prazer.
Foi assim no Museu de Foz Côa. Foi assim no museu mais antigo da Europa moderna, a Galeria degli Uffizi, em Florença.

E se se deixassem de empecilhar o trabalho dos outros em plena sociedade da informação?

3 comentários:

  1. Vou-te multar... lol!
    Tira fotografias com força, a Arte é para ser mostrada e um Museu deve ser um local "aberto"...

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  2. Vou-te confessar aqui entre nós, Helder - o Artur é "nórdico" e fica danado por eu transgredir. Vai daí foge-me a sete pés e faz de conta que nem está comigo... eu digo-lhe "Que me prendam! É da maneira que eu descanso!" kakakakaka...
    Beijocas com saudadinhas...

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  3. Ah! Vou mandar este post para os meus contactos no museu de Foz Côa... quiçá não vejam o ridículo da coisa...
    De braços cruzados não fico... tu bem sabes que ficar parada não faz o meu género...

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