segunda-feira, 4 de abril de 2011

A Obra do ME ou a Desvalorização da História no 3º Ciclo do Ensino Básico

O Burro - Fez - Marrocos
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

A Obra do ME ou a Desvalorização da História no 3º Ciclo do Ensino Básico

A disciplina de História, no terceiro ciclo do ensino básico, foi sujeita a uma gravíssima desvalorização, por parte do Ministério da Educação, nomeadamente a ocorrida aquando do último desenho curricular. Até aí, a leccionação desta disciplina contava com 150 minutos semanais, em cada um dos três anos de escolaridade, distribuídos por três tempos de 50 minutos cada um. A partir daí passou para uma distribuição de tempo lectivo claramente inferior, com um bloco semanal de 90 minutos no 7 e 8º ano, respectivamente, e de 135 minutos, no 9º ano de escolaridade. A perda total semanal foi assim de 60 minutos para o 7º e 8º ano de escolaridade, respectivamente, e de 15 minutos para o 9º ano. Só para se ter uma ideia concreta da perda total no final de um ano, apontarei que no ano lectivo de 2009/2010, composto por 36 semanas de aulas, a perda total de ciclo, foi de 4 860 minutos, o que perfaz uma perda de 81 horas no total do 3º Ciclo. Se o Ministério da Educação alterou o desenho curricular desta disciplina tal não aconteceu com o seu programa que permaneceu intocado e completamente desajustado ao tempo atribuído para a sua leccionação. Se antes deste redesenho curricular era difícil cumprir o programa de forma consolidada, após este redesenho tal revelar-se-ia completamente inexequível. Esta impossibilidade de aprofundamento e consolidação das matérias leccionadas, englobadas num programa extensíssimo que é obrigatório cumprir, penaliza todos os alunos, mas penaliza particularmente os mais desfavorecidos, oriundos de estratos económicos, sociais e culturais mais baixos e com mais baixas expectativas relativamente ao futuro. Ora, a maioria dos meus alunos, da EB 2/3 de Amarante, situa-se precisamente dentro deste estrato económico, social e cultural desfavorecido. Esta desvalorização e prejuízo foram sistematicamente reportados e salientados, por mim, por escrito, nas várias escolas onde leccionei, EB 2/3 de Amarante incluída. Continuo à espera que alguém, com responsabilidades no sector, me ouça.

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