Overdose/Terapia

Auto-Retrato no Jardim do Escorpião Azul - Serra da Aboboreira

Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Overdose/Terapia

Confesso que não acompanhei o congresso do pê esse a par e passo, com medo de morrer de overdose provocada pela falta de realismo, de responsabilidade, de tino, de bom senso, de pudor e de vergonha na cara demonstrados por aquela gente assustadora que se juntou, em manada, em Matosinhos, mas vi o suficiente para ficar extremamente preocupada com o rumo que o pê esse leva, mais se parecendo, agora, com uma qualquer seita religiosa, do que com um partido político.

Para um extraterrestre, recém aterrado nesta terra de alliens, ouvir um discurso de Sócrates basta para perceber que o pê esse dê está há quase sete anos no poder e os estupores daqueles políticos laranjinhas abastardaram completamente o país e levaram 10 milhões de portugueses ao tapete. A responsabilidade é deles, eles pagarão a factura eleitoral.

Como os meus fígados não estão para amar, fugi da realidade política deprimente e enfiei-me no monte a tratar dos meus caminhos. Depois de ontem cortar mato desenfreadamente, como quem corta políticos, hoje foi dia de limpeza fina de folhas caídas durante o Inverno, de poda de galhos mortos nas giestas e carvalhos, de limpeza de caminhos tapados por lixos diversos e ervas mais do que daninhas que arranquei... como quem arranca políticos e lhes dá cabo do canastro.

Hoje foi dia de terapia. A Natureza é boa companhia e eu gosto dela porque me protege contra os efeitos da anormalidade. Hoje foi dia de terapia. Estava a precisar.