terça-feira, 17 de maio de 2011
Noivar e Casar
Flores de Noiva - Matosinhos
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
Noivar e Casar
Noivar e casar era mais ou menos o sonho, oculto ou por ocultar, de qualquer rapariga da minha geração. Noivar, e depois casar, implicava e trazia como bónus a tão almejada saída de casa dos pais, a casa que se faz própria com meia dúzia de tarecos e um colchão no chão, o vestido de noiva mais ou menos tradicional, mais ou menos arrojado nos decotes e/ou na cor, o enxoval que saía das arcas e se colocava, finalmente!, a uso, desfazendo a goma dos lençóis brancos bordados, de linho e/ou de algodão, com finas rendas aplicadas por mãos extraordinariamente formosas e delicadas como as da minha mãe. Ah! Já me esquecia... e trazia o bónus mais importante de todos - o noivo - eheheh... por nós escolhido.
As moças da minha geração casavam. Pela Igreja ou pelo Civil, a cerimónia lá se fazia de forma mais ou menos tradicional, com direito a tudo: festa rija a unir famílias diferentes, flores abundantes, chuva de arroz, copo-de-água com papinha melhorada, bolo-de-noiva, vestidos novos e chiques para as madames, fatos e gravatas esticadinhos para os rapazes, fragrâncias mais do que inebriantes, amigos a testemunhar o acto, bailarico, votos de felicidades muitas...
Estas ainda eram as modas dos anos oitenta. Hoje, saltado um milénio, como é que param as modas entre as raparigas casadoiras portuguesas?
Noivam e casam? Não noivam e não casam? Noivam e não casam? Não noivam e casam?
Que rendas lindas e delicadas há nesse enxoval! Durante três anos vi-as crescer durante as viagens diárias que faziamos , Amarante-Penafiel, durante uma hora na camioneta do Cabanelas. Eu também fiz algumas, hoje impensável, mas a mãe fazia-as em linha 20 e 60, rendas enormes para lençóis e toalhas, dobrando-as delicadamente e chegando alvas ao final.
ResponderEliminarÉ muito lindo casar. Já não é assim tão lindo divorciar....
ResponderEliminarViver junto é afinal o mais importante de tudo, desde o momento em que se ama o outro.
Beijos, amiga; e fico contente por saber que o blogger te repôs tudo direitinho no seu lugar.
Quem és tu, anónimo? És a Zinha?
ResponderEliminarFiquei de lágrimas nos olhos... Amarante-Penafiel... anos a fio sempre a crochetar... era a minha mãe e a sua linha finíssima donde saíam obras muito belas e absolutamente perfeitas. Ela abominava gatos, gatinhos e gatões...
Só tenho a experiência do noivar e do casar... mas tenho assistido a cada divórcio do arco da velha!!!!!
ResponderEliminarVá de retro satanás... ao menos se tudo acabasse civilizadamente...
Quanto ao blogger... estou contente, Miga! Recuperei o meu "E aí vão mais três..."
beijocas
Não é a Zinha. Eu também me emocionei a escrevê-lo.
ResponderEliminarEu e uma amiga, que agora vive na capital ocupavamos os bancos junto às duas fadas dos correios e hoje, recordamos não só as rendas,(sem gatos) mas algumas conversas que achavamos piada, mas passados 30 anos estamos iguais e temos queixas muito idênticas que a idade faz questão de nos lembrar.
Beijos
Eram as fadas dos correios e a minha mãe acumulava com perfeita fadinha do lar. Perfeita. Sem mácula.
ResponderEliminarPassados 30 anos rondamos agora a idade que elas tinham, à época, e sim, muita da nossa actual conversa reflecte iguais preocupações.
Beijinhos para a anónima que não é a Zinha e que partilhou a "carreira" com a minha mãe... :)
Eu também, juntamente com a G., fiz essas viagens para Penafiel e via essas rendas. Claro que acabei por usufruir de algumas...conquistei-lhe o filho.LOL
ResponderEliminarBj Flora
Pois foi, cunhada! Aquela carreira era muito familiar, não era? Quase sempre os mesmos a fazerem as viagens dia após dia, após dia...
ResponderEliminarBeijinhos!