quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Os Gémeos

Professores de História em Acção - Mosteiro da Virgem de Guadalupe
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães

Os Gémeos

Este é um post de homenagem a todos os filhos de professores que alguma vez na vida foram arrastados pelos seus progenitores para as escolas a horas pouco convencionais, foram "preteridos" porque a mamã ou o papá, ou mesmo ambos, tinham TPC para o dia seguinte, ficaram em casa de familiares, amigos ou vizinhos porque havia reuniões lá na escolinha a prolongarem-se por horas inadequadas e indecentes... como se os professores não tivessem vida própria.
Este é também um post de homenagem a todos os filhos de professores que um dia se viraram para as suas mães, ou pais, e constataram em tom de lamento  "Não sei porque não levas um colchão para a Escola!" ou que, apoiados nos exemplos de vidas de professores, esses malandros!, nos asseguraram, desde pequeninos, que jamais escolheriam a profissão de professores e cumpriram a sua promessa.
Este é um post de homenagem à minha filha, aos filhos de A e de B, de fulana e de sicrano, este é também um post de homenagem aos gémeos da Paula Fernandes, escrito hoje, agora que ela já não habita a "nossa" escola, muito embora a povoe... povoe... e esteja sempre a ser falada... falada...
Ouvi falar pela primeira vez nos gémeos, ainda sem saber que eram gémeos, num período de reunite febril que atacou a minha escolinha no início do ano lectivo de 2009/2010.
Foram convocados conselhos de turma, para todas as turmas, mesmo antes das reuniões intercalares o que fez com que nos encontrássemos por diversas vezes em reuniões, tantas quantas as turmas que tínhamos, todos sentados à volta de várias mesas unidas umas às outras para nos poderem albergar, arrastando-se as ditas pelas 20 e mesmo pelas 21 horas, noite adentro, como se todos nós não tivéssemos nada melhor e mais interessante para fazer em casa aquela hora tardia.
Ora se havia docentes daqui, moradores a 5 minutos de casa, eu por exemplo que sou neste aspecto uma verdadeira sortuda!,  a verdade é que havia professores(as) do Porto e de Guimarães e de Vila Real, com outra vida e responsabilidades para além de ser professor(a) e com o constrangimento de morarem longe desta minha city.
A Paula Fernandes era uma delas e amiúde entrava em verdadeiro desespero, colocando as mãos à volta da cabeça, como que a segurá-la e soltava um longo e arrastado desabafo "Por favor pessoal, entrei na escola às 8:20, são quase nove da noite e eu ainda nem vi os meus filhos hoje! E amanhã entro outra vez ao primeiro tempo da manhã e ainda tenho de ir para Vila Real!" E a cena triste prolongou-se por uma primeira catrefada de reuniões que engataram nas reuniões intercalares... que por sua vez engataram nas reuniões de avaliação, no final do 1º período.
Por estes dias tenho-me lembrado muitas vezes dela, dos seus filhos pequenos e belos, os famosos gémeos que eu conheci no Verão do ano passado e que por certo também pagam a sua factura por serem filhos de uma professora.
Por estes dias tenho-me lembrado muito dela... porque voltamos a isto e eu nem entendo a opção de reunirmos já todos os conselhos de turma, parecendo-me que seria mais adequado mantermos a opção do ano passado, realizando estas reuniões só para os sétimos anos, enfim, só para as turmas desconhecidas dos respectivos conselhos.
Enfim, em Outubro engataremos nas intercalares.
Quanto aos gémeos e à mãe dos gémeos, desejo-lhes tudo de bom e que estes episódios não deixem sulcos muito profundos nas suas vidas...

3 comentários:

  1. Anabela, se alguém quiser "medir", a sério, os faustosos privilégios da invejada profissão docente, então que faça um inquérito para apurar quantos filhos de professores seguem a carreira dos pais. Depois, como a resposta vai ser elucidativa, que tente perceber quando o fenómeno começou.

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  2. Esta temática daria, sem dificuldades, uma tese de doutoramento. Aqui há pano para mangas.
    Sabes de quem eram as frases que eu meti entre aspas? Da minha filhota, que cumpriu o que sempre disse desde pequenina... estou a ouvi-la... "Professora nunca!"
    Bjs

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  3. Há dois ou três anos atrás, numa das aulas de apresentação, uma aluna disse-me que os seus pais eram ambos professores.
    ― E tu, também queres ser professora? ― perguntei, em jeito de provocação.
    ― O meu pai disse-me que, se eu escolher um curso desses, não me paga os estudos! ― respondeu-me a cachopa.
    ― O teu pai só quer o melhor para ti. ― rematei.

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