Ser Condor
Se esta ventania te fustiga
E o estertor do trovão te abalroa;
Se o pedraço que cai te magoa
E a tempestade não se mitiga,
Porque temes a fúria inimiga?
Porque te encolhes, ó professor,
Se possuis nas nervuras da mão
A força brutal de um tufão?
Se vês a seara ameaçada
Pela pulha praga predadora
E a tua lida geradora
Se agiganta multiplicada,
Porque choras na eira estragada?
Porque te conformas, professor,
Se possuis nas nervuras da mão
Energia que brota do chão?
Se a lavoura do teu longo dia
Se funde com a noite mais escura,
E a cruel voz da conjuntura
Te acusa de ócio e de letargia,
Porque sufocas a rebeldia?
Porque consentes, ó professor,
Se possuis nas nervuras da mão
A seiva da nova geração?
Tu, que trazes cavadas no peito
As cavas chagas da humilhação,
Porque aceitas essa condição?
Porque choras o trilho desfeito
E te encolhes num nicho desfeito?
Porque te curvas, ó professor,
Se possuis nas nervuras da mão
A sina dos tempos que virão?
Porque receias, ó professor,
Ser livre e voar como um condor?
Lindo, Luís, lindo!
ResponderEliminarE tão verdade para mal se todos nós.
Mais um belo poema do Luís Costa!
ResponderEliminarMas não, muitos professores não querem ser Condores. Uns querem ser pombos daqueles que esvoaçam em redor de estátuas de gente dita importante, outros querem ser galinhas que não levantam voo senão para correrem para disputar o milho... :((
É mais um belíssimo poema de um poeta lutador... ou será de um lutador poeta?
ResponderEliminarE é tão verdade para mal de todos nós, Elsa! :(
E os do tipo minhoca? Conheço uns quantos... são os mais traiçoeiros armados em santos de pau carunchoso... xô carrapatos!
ResponderEliminarMuito obrigado, pela divulgação e pelas palavras aqui ditas! Abraço sentido!
ResponderEliminarEu é que te agradeço as sentidas palavras do poema. Obrigada!
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