terça-feira, 4 de setembro de 2012

Incêndios

Rastilho de Incêndios com Auto-Retrato - Serra do Marão - Amarante
Fotografia de Anabela Matias de Magalhães
 
Rastilho de Incêndios

Os incêndios não me espantam mas não deixam nunca de me assustar, a mim que já os senti por variadíssimas vezes à portinha de casa obrigando-me a passar à acção. Também não me espanta a violência descontrolada com que por vezes deflagram e, principalmente, se propagam.
Ontem foi dia de ir ao Marão e de ver com os meus próprios olhos o panorama assustador duma floresta densa, essencialmente constituída por pinheiros, desordenada e porca até dizer chega.
Guardo memórias de passeios com os meus pais, por estas bandas, e de ver uma floresta não abandonada de trabalhadores dos Serviços Florestais que limpavam árvores, colocavam recipientes nos troncos dos pinheiros que posteriormente recebiam as suas resinas e mantinham os solos limpos e desafogados. Os populares ajudavam na limpeza. Agora nem uma coisa nem outra. Populares nem os há, fugidos de uma interioridade pesada para abraçarem as oportunidades dos grandes centros ou mesmo do estrangeiro e, por outro lado, estamos a pagar caro o desmantelamento quase total dos Serviços Florestais, para além do desmantelamento estatal do interior. Assim, temos uma floresta entregue a si própria e o panorama é o que se vê na fotografia. Caruma aos molhos, galhos de pinheiros derrubados e caídos, pinhas espalhadas pelo chão, enfim, o caos onde basta um pequeno descuido e aqui d`el rei que há fogo e aqui d`el rei que há casas, pessoas e animais em perigo e aqui d`el rei que a área ardida foi maior do que no ano anterior e aqui d`el rei que os prejuízos são catastróficos para a saúde do país e dos seus habitantes.

Nota - Penso que a área fotografada será pertença do estado. A Serra do Marão, ao contrário da Serra da Aboboreira que é pertença de privados, é propriedade pública.
E, de facto, o exemplo não podia ser mais exemplar.

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