sábado, 23 de fevereiro de 2013

Do Saque ao Professor - Manif 2 de Março

 

 Do Saque ao Professor - Manif 2 de Março

Escrevi neste blogue, logo que soube da restituição de um subsídio em duodécimos, da reestruturação dos escalões do IRS e das mais taxinhas e taxonas que eles inventam das unhas dos pés para nos gamar, que iríamos ficar a perder, feitas todas as contas possíveis e imaginárias. E ficamos. Tinha a certeza, mesmo sem fazer simulações sabia que iria ser uma perdição. E foi.
Esta semana fui buscar o meu recibo à secretaria da minha escola. Eu e muitos outros. As reacções foram diversas, uns acabrunhados, ar de deprimidos, uns surpreendidos pelo valor da facada, uma quase teve um ataque de pânico ao olhar para o seu recibo de ordenado espoliado. Eu "apenas" continuei furibunda pelo saque continuado que drena constantemente o dinheiro ganho à custa de trabalho suado, o meu muito suado, quase começo a pensar que demasiado suado, dos bolsos da classe média - alta, média, baixa -para os bolsos ensebados dos capitalistas gordos e anafados, que golpeiam e toureiam povos inteiros sem qualquer problema de consciência, num saque concertado que já ficou na História da Humanidade e que, a continuar, acabará em violência descontrolada, já o vimos tantas vezes ao longo da História. É que a História tem períodos em que parece coisa controlada, tudo no seu sítio, os homens do poder a controlarem a coisa... até um dia... até ao dia em que a História sai dos carris, parece que ganha vida própria e faz justiça pelas próprias mãos, tentando encontrar novos equilíbrios que permitam prosseguir a vida. O século XXI não escapará a esta lógica que marcou o século XX, o XIX, o XVIII... que ditou fins de impérios, fins de homens todos poderosos... um dos exemplos máximos foi Luís XVI, num dia monarca absoluto, detendo na sua pessoa todos os poderes, no outro guilhotinado, perdendo, literalmente, a cabeça.
Não escrevo isto com outra intenção para além de registar, avisar, sensibilizar porque a paciência dos povos tem limites.
Nesta conjuntura os professores são um caso muito especial. São bombos das festas desde MLR, desde os tempos socratinos. Entretanto os saques continuaram, a drenagem de dinheiro tem de prosseguir, o saque agora é transversal à sociedade portuguesa, abrange trabalhadores públicos e privados, escapando apenas uns quantos poucos que continuam a tourada, toureando-nos, toureando a maioria.
Tenho 51 anos. Trabalho desde os 23. Este mês, ao olhar para o meu recibo, afirmei na escolinha suspeitar que estava a ver recuar o meu salário mais de 10 anos. Como sou uma rapariga organizada e metódica, e guardei os meus recibos, chegada a casa fui vasculhar. Para encontrar um ordenado semelhante ao deste mês tive de recuar ao ano de 2002, ano da entrada no euro e mesmo assim aí recebia mais 5 euros. E continuei  a sentir-me furibunda. E roubada, sem que coloquem os gatunos que me roubam atrás das grades. E a não admitir que distribuam por mim os prejuízos das falcatruas perpetradas neste país porque eu não tenho absolutamente nada a ver com elas e não as devo sustentar.
Agora escrevi este texto. Ontem escrevi outros. Na semana que agora finda fiz-me ouvir em protesto pela minha escola, pela minha cidade. Já perdi a conta às idas a Lisboa, ao Porto, ao raio que os parta a todos. Ando cansada. Dizia eu ontem na escola, é que protestar cansa, ir a manifestações cansa... é mais cansativo do que ficar em casa alapado no sofá.
Dia 2 de Março lá estarei, mais uma vez, no Porto, fazendo ouvir o meu descontentamento também pelo assalto que sofro todos os meses, sem tréguas. também não lhes darei tréguas.
Estarei cansada mas presente. Ajudarei a engrossar a Maré da Educação que se concentrará na DREN pelas 15 horas e se juntará aos restantes protestos marcados para a Batalha.
E aviso já. Vou mesmo zangada. Com quem me rouba mas ainda mais com as minhocas sem dignidade profissional que se deixam roubar assobiando para o lado.

9 comentários:

  1. Amiga, estou plenamente de acordo.Também quero lá estar. Só se ficar doente, como tem sido ultimamente. Espero bem que não.

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  2. Obrigada, Helder Barros! Se deixarmos, eles comem-nos vivos.

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  3. Estou também plenamente de acordo com o que escreve. E a minha concordância não é limitada, mas antes integral. Efectivamente a gente que nos (des)governa , tendo por pano de fundo argumentos estapafúrdios e já gastos, parece não ter a noção -ou se a tem subavalia as suas consequências- de que o caminho que seguem a soldo dos grandes interesses e predadores interesses financeiros mundiais nos está a conduzir para um beco sem saída que deflagrará provàvelmente num conflito trágico que acabará por atingir toda a gente, inclusivé os carreiristas e rapaces que tornaram o poder refém dos seus inconfessáveis desígnios numa ganância sem precedentes nos últimos decénios!

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  4. Certíssimo, Luís. Infelizmente. Veremos onde estes desgovernos vorazes nos vão levar... e veremos as consequências disto...

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  5. Não podemos deixar! Temos que continuar a lutar! Eles hão-de perceber! A bem ou a mal...

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  6. Continuaremos a lutar sem esmorecer, Domingos!
    Beijocas! Votos de excelente semana... apesar deles...

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  7. Subscrevo tudo , Anabela!
    É uma rapina desbragada!
    No dia 2 lá estaremos, e teremos de fazer ouvir a nossa voz, ainda mais!
    Beijinho

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