sexta-feira, 3 de maio de 2013

A Palavra a Paulo Guinote

A Palavra a Paulo Guinote

É quase incompreensível...

… a forma como certos especialistas, ou que passam por sê-lo, insistem em algo que manifestamente é mentira ou está longe de ser o essencial.
António Costa, do Diário Económico, continua hoje na senda dos que aplaudem uma reforma do Estado que parece apenas preocupada em fazer cortes, rescisões, mobilidades, achando que ainda isso é pouco, que é mesmo preciso é abandonar serviços.
Não se lê qualquer preocupação com os procedimentos, não se lê nada sobre mecanismos de controle das más decisões de gestão ao nível político ou empresarial e transfere-se sempre o ónus do peso da despesa para os executores de base.
Mas não é o único. Não deixa de ser espantoso que larguíssima maioria dos especialistas, desde quem escreve há anos e anos sobre estes assuntos até quem foi decisor político com acesso a todo o tipo de informação, tenha optado por culpar sistematicamente quem tem menos capacidade de pressão nos corredores políticos, enquanto parece absolver em termos práticos quem influenciou ou tomou decisões brutalmente gravosas.
Fala-se do BPN como se tivesse sido apenas Oliveira e Costa a lucrar, do BPP como se tivesse sido apenas um azar de João Rendeiro, do Banif e BCP como se os seus prejuízos não tivesse responsáveis e o Estado tivesse de os amparar através da CGD, das PPP como se fossem apenas culpa de Paulo Campos e não de uma rede de tráfico de influências junto do Estado, desta coisa das swaps como se não fosse uma prática comum de yuppies tardios a brincar com o dinheiro alheio, certos de não serem responsabilizados por nada e de, após uns meses de afastamento estratégico, serem recuperados para cargos equivalentes ou refúgios nas empresas que foram objectivamente beneficiadas em detrimento do interesse público.
A reforma do Estado não passa por menos funcionários, pior pagos, de forma a degradar os serviços prestados que fazem ainda mais falta num contexto de crise.
Passa por existir a coragem para mudar procedimentos ao nível das decisões de tipo, da ocupação de cargos e da ética do serviço público.
Mas como é possível achar isso em quem diz mal do Estado que usa como alavanca para se desenrascar na vida, culpando sempre os outros pelas suas asneiras e incompetências?
Enquanto a informação alinhar em esclarecer apenas as partes da história que dão jeito a dado grupo de interesses em dado momento, a sua credibilidade cai muito, pois fica-se com a percepção que, tal como no Estado, ao nível do topo se tomam más decisões de que são sempre os mais pequenos (os jornalistas no terreno) a ser responsabilizados quando algo corre mal. Como previsto.
 
Post inteiramente surripiado daqui.

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