A Palavra a César Garcia - KFS
«Escrevi um texto dirigido a todos os colegas do meu agrupamento em estilo “irónico-panfletário”, tentando despertar as consciências e fazer com que todos, ou pelo menos alguns, saiam do estado de adormecimento em que se encontram, e comecem a pensar pela sua própria cabeça. Já anteriormente usei este método que teve muito mais impacto do que eu esperava, e tenho esperança que desta vez aconteça algo semelhante. Os meios informáticos, quando bem utilizados, poderão ajudar a servir as nossas causas, e é por isso que eu sugiro a divulgação deste texto que poderá servir de inspiração para outros a enviar pela mesma via – o mail institucional. Segue-se então o texto da mensagem que acabei de enviar para as oito escolas do meu agrupamento que contam com centenas de professores:
Caros colegas
Permitam-me que me dirija a todos vós (novamente). Não posso deixar de o fazer porque tenho andado particularmente meditabundo nos últimos dias, principalmente desde que comecei a receber e-mails sobre a prova "Key for Schools" (vulgo KFS) que se realizará no próximo dia 30 de abril.
Tendo em conta que o meu estatuto me obriga a refletir sobre as coisas do Ensino e como sempre fui um dedicado professor, cumpridor dos deveres a que tão nobre e bem remunerada profissão me obriga, decidi partilhar convosco algumas ideias a propósito desta famigerada prova (mais uma) cuja realização tem vindo a ser afanosamente preparada.
Bem sei que hoje é domingo, mas como recebi as duas últimas mensagens, uma no dia 25 (que ainda é feriado) e a outra a 26 (sábado), não me parece abusivo comunicar com os meus colegas, já que, fins de semana e feridos parecem estar em vias de extinção. Assim, fiquei a saber que os alunos e os professores precisam de almoçar nesse dia, enquanto as mesas são alvo de arrumação conveniente a partir das 12:00. Não importa que muitos alunos não tenham aulas a partir dessa hora, e que à tarde nem haja aula nenhuma, pois o período até é longo. Tudo pelos exames, nada contra os exames!!! Agora é que vai haver mais qualidade no ensino do Inglês, tinha era que haver um exame (mais um) e pronto, o problema está resolvido! Abaixo o facilitismo, viva a exigência! Viva o KFS!
Diz-se que este exame é feito através da generosa colaboração dum conhecido instituto de línguas, obrigatório para uns, facultativo (e pago) para outros, e até comparticipado pela ASE: os alunos do escalão A têm direito aos 25 euros e os do escalão B a metade desse valor. Eis como o erário público financia de forma, também ela generosa, uma instituição de ensino privada. E que mal é que isso tem? É tudo a bem da Nação!
E os professores do ensino público, ao vigiarem e classificarem o KFS, será que vão estar ao serviço duma cadeia de escolas de línguas privadas? Se calhar até vão, são portanto agentes do KFS, e certamente serão bem pagos para desempenhar essa tarefa.
Então e não é que a última [e-mail recebido ontem às 22:01] diz respeito ao material? – Lê- -se aí o seguinte: "o único material utilizado na realização da prova KFS, são lápis B ou HB e borracha, pelo que nesse dia [os alunos] devem ser portadores desses materiais".
Tenho que ser inovador! Há anos e anos que eu digo aos alunos que em testes e provas de exame só se pode usar tinta preta ou azul, pois agora vai ser tudo a lápis B ou HB, ai vai, vai!!!
Pensem nisto, poooor favoooor, e bom domingo.
Cordiais saudações
César Garcia (prof. na Esc. Sec. de Vergílio Ferreira)»"
Ok
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