terça-feira, 14 de abril de 2015

Museu do Côa - Catedral da Arquitectura e da Pedagogia da Arte Paleolítica

Museu do Côa -Vila Nova de Foz Côa
Fotografias de Anabela Matias de Magalhães

Museu do Côa - Catedral da Arquitectura e da Pedagogia da Arte Paleolítica

Já escrevi inúmeras vezes neste blogue sobre esta catedral chamada "Museu do Côa".
Hoje volto à carga, recuperando algumas palavras por mim escritas em post que pode ser lido na íntegra clicando aqui.

Eu gosto de museus. Aliás é mais correcto falar de amor e paixão se pensar no que sinto por muitos dos que já visitei durante a minha já longa vida.
O de Foz Côa foi inaugurado numa sexta-feira, por aquela espécie de primeiro-ministro que nos vai desgovernando o país, que gosta dos holofotes e das fitas de cortar, e eu, na terça-feira seguinte, lá estava, de pedra e cal, aguentando estoicamente uma temperatura de esborrachar qualquer um.
O edifício vale a visita por si. Primeiro apreciei o dito de longe, vendo a caixa de betão pousada sobre o topo do monte, bem enquadrada de todas as perspectivas, olhando eu cá de baixo lá para cima, que o edifício vê-se, para quem sabe que ele lá está. Depois foi tempo de me aproximar dele, da fenda aberta no seu seio, qual entrada difícil para uma qualquer caverna, daquelas que já visitei em França, muitas, repletas de pinturas e gravuras e outras emoções, que elas estão lá à mão de semear, embora difíceis de se deixar ver, apreciar, absorver.
O museu é excelente, e estou por enquanto a falar do edifício, em termos conceptuais. Gostei francamente da arquitectura limpa, reduzida ao essencial que eu amo a arquitectura assim, farta que estou de tanta poluição visual que nos enxameia a vida.
O museu é igualmente excelente do ponto de vista da interactividade entre mensagens e receptáculos dessas mesmas mensagens. Há dinâmica e vida para além da escuridão e as novas tecnologias são, de facto, apelativas, como o raio que as parta. (...)
Foram gastos 18 milhões de euros no Museu do Parque Arqueológico do Vale do Côa. Mas este investimento só fará sentido se tudo fizer sentido. Seria bom que não o estragassem agora por uns trocados.
Por isso não sei ainda onde colocar este post - se num "Exemplo Exemplar" ou se num "Portugal Indecente"...
E por isso fico à espera do futuro. Que terá de ser, obrigatoriamente, próximo. Sob pena de tudo isto ser mais uma enormesca indecência.
E aconselho a visita ao Museu do Vale do Côa a todos os meus leitores. Para que a pressão seja qualquer coisa de insuportável.

Este post acima transcrito e apenas um pouco amputado relativamente ao conteúdo original, escrito em 22 de Agosto de 2010, continua basicamente actual. Acresce que o museu está agora ainda melhor organizado, sendo mais atractivo para o visitante que deverá solicitar previamente uma visita guiada para total usufruto e entendimento dos seus conteúdos, sob pena de perder informação preciosa sobre a peça arquitectónica da autoria de Camilo Rebelo e Pedro Tiago Pimentel e sobre o seu precioso espólio.
O Museu do Côa guarda um tesouro precioso deixado pelos nossos antepassados, feito de arte mas também de objectos do quotidiano que asseguraram, em tempos remotos onde os grupos humanos seriam constituídos por vinte ou trinta indivíduos, a sobrevivência de uma espécie que acabaria por se tornar omnipresente no planeta Terra.
Resta-me reforçar a última ideia do post por mim escrito em 2010. Visitem o Museu. Visitem os núcleos de gravuras, pelo menos um dos três visitáveis. Se o fizerem acompanhados de crianças ou adolescentes não deixem de agendar uma Oficina de Arqueologia Experimental do Paleolítico. Assistam à Oficina, acompanhando os vossos filhos, sobrinhos...eu sei lá... e verão que não darão o tempo por perdido. E que gostarão.

E termino voltando à carga. Visitem o Parque Arqueológico de Foz Côa e o seu Museu também para que a pressão sobre o poder político seja qualquer coisa de insuportável. Este Património, Património Mundial da Humanidade, tem de ser publicitado, divulgado, acarinhado.

As gravuras sabem nadar?

Estratégia política, da boa, precisa-se.

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